23 de março, 2017

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Bispo de Leiria-Fátima afirma que «O Centenário não estaria completo sem a canonização»

Assinatura do decreto foi anunciada esta manhã pelo Vaticano

 

A assinatura do decreto que confirma o milagre atribuído à intercessão dos beatos francisco e Jacinta Marto, falecidos em 1919 e 1920, respetivamente, foi anunciado esta manhã no boletim diário da Sala de Imprensa do Vaticano, após uma reunião do Papa com o cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação da Causa dos Santos.

D. António Marto, bispo da diocese de Leiria-Fátima, acolheu com «enorme satisfação a notícia da aprovação do milagre», apesar de «não ser uma surpresa, porque eu já tinha dito que tinha uma esperança confiável», no entanto «devo confessar que fui apanhado de surpresa no que toca a data, não esperava que fosse tão cedo».

«É uma alegria muito grande para mim como bispo, porque Fátima é mundial, mas os Pastorinhos são da diocese», reiterou o prelado.

O bispo de Leiria-Fátima salvaguardou ainda que «falta uma etapa, decisiva, que compete ao Santo Padre: escolher a data e o local da canonização», e quando questionado se a canonização poderá acontecer já no próximo dia 13 de maio responde: «nada é impossível, mas é competência exclusiva do Papa».

«É um momento de alegria para o povo católico de Portugal e para Portugal inteiro, e o Centenário não estaria completo sem a canonização».

Em conferência de Imprensa, D. António Marto, deixou «um louvor publico à postuladora pelo trabalho desenvolvido».

A Ir. Angela Coelho, partilha da «alegria do povo ao saber da aprovação do milagre», e sublinhou o facto de Francisco e Jacinta Marto serem os mais santos jovens não mártires na história da Igreja, e nasceram aqui nesta diocese».

«Feliz coincidência esta canonização ser em ano do Centenário», disse a postuladora.

Quanto ao milagre, a religiosa explicou que «envolve uma criança, brasileira, através de uma cura».

O Pe. Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, manifestou «grande regozijo que abre portas para a canonização, destas duas crianças que são parte integrante da mensagem e da história de Fátima».

«É a melhor das notícias no Centenário das aparições, vem sublinhar por esta via da santidade uma mensagem que mantem toda a atualidade».

A canonização é a confirmação, por parte da Igreja, que alguém é digno de culto público universal (no caso dos beatos, o culto é diocesano) e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

Nascidos em Aljustrel, com menos de dois anos de intervalo, morreram pouco tempo depois das Aparições, tal como Nossa Senhora lhes tinha anunciado: «a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu [Lúcia] ficas cá mais algum tempo» (13 de junho de 1917).

Francisco Marto, cuja iconografia o apresenta de carapuço na cabeça e jaleca curta, com o cajado e o saco do farnel ao pescoço, nasceu em 11 de junho de 1908 e foi batizado em 20 de junho na Igreja Paroquial de Fátima.

Com apenas 8 anos de idade, começou, com a sua irmã Jacinta, a pastorear o rebanho dos seus pais pela zona da Cova da Iria, local onde, juntamente com a prima Lúcia, viriam a testemunhar as Aparições, durante as quais podia apenas ver, sem ouvir ou falar.

Levado pelo desejo íntimo de consolar a «Jesus escondido», pois queria dar alegria a Deus, contristado com o pecado, Francisco viveu intensamente a oração contemplativa. Para isso, passava horas seguidas em oração em frente ao sacrário, na Igreja Paroquial.

Em 18 de outubro de 1918, pouco mais de um ano depois da última Aparição, Francisco adoece, vítima da epidemia da gripe pneumónica que assolou o país.

Em 2 de abril do ano seguinte, confessa-se e recebe a comunhão pela última vez «com uma grande lucidez e piedade», como escreve o pároco de Fátima no Livro de Óbitos, ao registar a sua morte, em 4 de abril, acrescentando: «E confirmou que tinha visto uma Senhora na Cova da Iria e Valinho».

Foi sepultado no cemitério de Fátima, de onde os seus restos mortais foram exumados, em 17 de fevereiro de 1952, e trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em 13 de março de 1952, repousando no braço direito do transepto.

Nascida em 5 de março de 1910, também em Aljustrel, não chega a atingir os 10 anos de idade, ao falecer em Lisboa, igualmente vítima da pneumónica, em 20 de fevereiro de 1920, longe da família. Os sofrimentos que padeceu foram, contudo, sempre perpassados pela alegria da promessa de ir para o Céu.

Essa profunda devoção levou-a à oração intensa e a suportar sacrifícios pelos pecadores, relembrou ainda Lúcia nos seus escritos, onde recorda que a prima sofria com o afastamento da família, com saudades da mãe, chorando com fome nos períodos em que fazia jejum por compaixão pelos pecadores.

Tal como o irmão, adoece com a pneumónica em outubro de 1918, tendo sido internada pela primeira vez no hospital de Vila Nova de Ourém, de 1 de julho a 31 de agosto de 1919, já depois da morte de Francisco.

No ano seguinte, ano da sua morte, volta a ser internada, desta vez no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, em 2 de fevereiro. Foi operada, mas acabou por falecer em 20 de fevereiro, «com a maior tranquilidade, sem ter comungado», apesar de ter pedido insistentemente que lhe dessem a comunhão, pois, dizia, iria morrer em breve, segundo o relato do médico que a acompanhou, Eurico Lisboa.

O seu corpo foi levado para Vila Nova de Ourém, em cujo cemitério foi sepultado em 24 de fevereiro, no jazigo dos condes de Alvaiázere.

Em 30 de abril de 1951, os seus restos mortais são identificados e são trasladados para o braço esquerdo do transepto da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima no dia seguinte, 1 de maio de 1951.

Um ano depois, em 30 de abril de 1952, o bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, abre os dois processos diocesanos sobre a fama de santidade e as virtudes dos dois irmãos.

Seguindo caminhos paralelos, a fase diocesana do processo de Jacinta é encerrada em 2 de julho de 1979, contendo 77 sessões e 27 testemunhos, e a de Francisco, um mês depois, em 1 de agosto, com 63 sessões e 25 testemunhos.

Dez anos depois, em 13 de maio de 1989, João Paulo II decreta a heroicidade das virtudes de Francisco e de Jacinta e os dois pastorinhos passam a ser considerados veneráveis, o que acontece pela primeira vez na História da Igreja Católica com crianças não-mártires. A partir daqui os dois processos são unidos num só.

O passo seguinte no processo de beatificação de Francisco e de Jacinta ocorre dez anos depois, em 28 de junho de 1999, quando o Papa João Paulo II promulga o decreto sobre o milagre da cura de Emília Santos, obtido por intercessão dos dois pastorinhos, abrindo o caminho à beatificação, cuja celebração veio a acontecer, em Fátima, no ano seguinte, em 13 de maio.

A beatificação estava a ser preparada para ter lugar em Roma, mas por vontade do Papa polaco, a celebração foi transferida para Fátima, onde João Paulo II beatifica Francisco e Jacinta Marto, apresentando-os à Igreja e ao mundo como «duas candeias que Deus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas».

A festa litúrgica dos Beatos Francisco e Jacinta Marto celebra-se a 20 de fevereiro.

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