31 de dezembro, 2022

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Reitor do Santuário de Fátima enaltece “um grande amor à Igreja” por parte de Bento XVI

O primeiro Papa Emérito dos últimos 600 anos da história da Igreja esteve em Fátima em 1996 e 2010

 

O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, recordou a “relação muito especial” de Bento XVI com Fátima e enaltece o seu “grande amor à Igreja” revelado particularmente no momento da renúncia, na reação à morte do Papa Emérito, esta manhã.

“Podemos por um lado recordar o Comentário Teológico à Terceira Parte do Segredo, que é da sua autoria, mas recordamos sobretudo a visita a este Santuário no ano de 2010”, lembra o sacerdote que fala de uma “peregrinação particularmente significativa e festiva”.

Na visita de Bento XVI a Portugal, em maio de 2010, o padre Carlos Cabecinhas foi o responsável nacional da liturgia em todas as celebrações presididas pelo pontífice alemão.

No momento em que reage à sua morte revela “uma profunda gratidão para com o Papa Bento XVI que o Santuário quer manifestar”.

“A gratidão de quem viu nele um pastor, a gratidão de quem pode beneficiar do aprofundamento teológico que ele deu à mensagem de Fátima, a gratidão de quem vê nele um grande amor à Igreja que foi aquilo que conduziu sempre no seu ministério, mas também no ato de renunciar ao seu pontificado”, reiterou.  

Por isso, “esta gratidão é de Fátima em relação ao Papa, que se exprime também na oração por ele e pelo seu sucessor, Francisco”.

Joseph Aloisius Ratzinger, esteve em Fátima em outubro de 1996 e em maio de 2010.

 

 

 

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O bispo da Diocese de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, em declarações à Agência Ecclesia, refere a ligação de Bento XVI à Cova da Iria, que visitou em maio de 2010, e, em particular, à interpretação do chamado Segredo de Fátima, cuja terceira parte foi divulgada em 2000, com um comentário teológico do então cardeal Joseph Ratzinger.

D. José Ornelas realça que o falecido Papa promoveu uma “reinterpretação atualizada” da Mensagem de Fátima, na linha do que o Santuário nacional fez “ao longo de decénios”, favorecendo o diálogo entre a tradição e o mundo contemporâneo.

 

 

Bento XVI esteve ligado à mensagem antes, durante e após o seu pontificado

Joseph Aloisius Ratzinger, foi nomeado Cardeal em 1977 e Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé em 1981, Decano do Colégio Cardinalício desde 2002 nasceu a 16 de abril de 1927, na Alemanha.

A 12 e 13 de outubro de 1996, o Cardeal Joseph Ratzinger, esteve na Cova da Iria para presidir à Peregrinação Internacional Aniversária, que assinala anualmente a última aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos.

À margem falou aos jornalistas, afirmando que a terceira parte não encerrava nada de catastrófico e que “o verdadeiro conteúdo quer da Revelação, quer do segredo, é sempre o mesmo, isto é, o convite à conversão dos corações, à fé, à comunhão com Cristo”.

Na homilia da missa de 13 de outubro, o então cardeal falou da exortação de Maria “aqui em Fátima”, que são “expressão do amor, da solicitude maternal”.

Evocando as aparições ocorridas na Cova da Iria, mas também em Lourdes, França, o responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé lembrava que “Maria falou aos pequeninos, aos menores, aos sem voz, aos que não contam, neste mundo iluminado, cheio de orgulho de saber e de fé no progresso, o qual é, ao mesmo tempo, um mundo cheio de destruições, cheio de medo e cheio de desespero”.

A terceira parte do Segredo viria a ser revelada  quatro anos depois, em 2000, na terceira visita a Fátima de João Paulo II. A comunicação foi lida pelo Cardeal Sodano, Secretário de Estado de João Paulo II.

O comentário teológico da terceira parte do segredo, publicado nas Memórias da Irmã Lúcia, Apêndice III, foi feito pelo Cardeal Joseph Ratzinger, na qualidade de Prefeito da Congregação para a Doutrina da fé.

O então cardeal escreveu que quem lê a terceira parte do segredo “ficará presumivelmente desiludido ou maravilhado depois de todas as especulações que foram feitas”, uma vez que “não é revelado nenhum grande mistério; o véu do futuro não é rasgado”.

“As imagens por eles delineadas não são de modo algum mera expressão da sua fantasia, mas fruto duma percepção real de origem superior e íntima; nem se hão de imaginar como se por um instante se tivesse erguido a ponta do véu do Além, aparecendo o Céu na sua essencialidade pura, como esperamos vê-lo na união definitiva com Deus”, disse no Comentário Teológico.

Neste escrito, recordou ainda um “colóquio” que a Irmã Lúcia teve consigo, no qual reafirmou a sua firme convicção de que “o objectivo de todas as aparições era fazer crescer sempre mais na fé, na esperança e na caridade; tudo o mais pretendia apenas levar a isso”.

Ratzinger esclareceu que “o caminho da Igreja é descrito como uma Via Sacra, como um caminho num tempo de violência, destruições e perseguições” e nesta imagem “pode ver-se representada a história dum século inteiro”.

Deste modo, “os diversos acontecimentos, na medida em que lá são representados, pertencem já ao passado”, e “quem estava à espera de impressionantes revelações apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o futuro desenrolar da história, deve ficar desiludido”.

“Fátima não oferece tais satisfações à nossa curiosidade, como, aliás, a fé cristã em geral que não pretende nem pode ser alimento para a nossa curiosidade”, por isso o que permanece “é a exortação à oração como caminho para a «salvação das almas», e no mesmo sentido o apelo à penitência e à conversão”.

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Mesmo longe, Bento XVI nunca esqueceu os peregrinos da Cova da Iria

Logo no início do pontificado de Bento XVI, eleito Papa em abril de 2005, foi lembrado de forma particular na Cova da Iria. As celebrações da Peregrinação Aniversária de 12 e 13 de maio desse ano foram presididas pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa.

No momento da homilia da missa do dia 13, D. José da Cruz Policarpo cumpriu o pedido feito por Bento XVI e entregou o pontificado de Joseph Ratzinger nas mãos de Maria.

“Hoje estou aqui a cumprir uma promessa que fiz a Sua Santidade Bento XVI. Quando, no final do Conclave, chegou a minha vez de o cumprimentar e jurar-lhe comunhão e obediência, o Santo Padre agarrou-me as mãos e falou-me de Fátima. E eu prometi-lhe, e ele agradeceu-me, que no próximo dia 13 de maio viria pôr aos pés de Nossa Senhora o seu Pontificado. Aqui estou a cumprir a promessa, não apenas por devoção, mas com grande realismo pastoral, da visão da missão da Igreja no mundo contemporâneo, e peço-vos a todos vós que me acompanheis com fé e amor, neste consagrar a Maria o Pontificado que agora começa. Claro que o nosso coração exultará de alegria, se um dia pudermos renovar esta consagração com a presença física do Santo Padre neste Santuário. Mas não faremos depender disso a nossa oração contínua e a nossa comunhão com ele”, afirmou D. José da Cruz Policarpo.

A 22 de Abril de 2006, Bento XVI nomeou D. António Augusto dos Santos Marto, que tinha sido seu aluno, como bispo da diocese de Leiria-Fátima. Ainda nesse ano, no âmbito da Peregrinação Internacional Aniversária de maio, o Santo Padre através de mensagem, uniu-se aos fiéis que se reuniram na Praça de S. Pedro em redor da imagem de Nossa Senhora de Fátima, “para confiar à intercessão de Maria as grandes intenções da Igreja e do mundo”, recordando o atentado à vida de João Paulo II, no dia 13 de maio de 1981.

No final da Eucaristia Internacional da Peregrinação Aniversária de junho 2006, o presidente da Peregrinação, D. Josef Clemens, secretário do Conselho Pontifício para os Leigos, endereçou aos peregrinos uma mensagem de saudação do Papa Bento XVI.

“(…) O Santo Padre disse-me: «Quando for a Fátima saúde em meu nome todos os peregrinos de todos os países. Peça-lhe uma oração pelo Papa, para que (o Papa) possa realizar a sua missão de dirigir a Igreja. Peça-lhe que estejam com o Papa»”, afirmou D. Josef Clemens.

D. Clemens durante dezanove anos, foi o secretário pessoal do Cardeal Joseph Ratzinger e foi nesta condição que o acompanhou na sua peregrinação a Fátima a 13 de outubro de 1996.

A 13 de Abril de 2007, já Papa, Bento XVI nomeou o Cardeal Ângelo Sodano como Legado Pontifício para a Peregrinação Internacional de Maio, na Cova da Iria, que evocou os 90 anos da primeira aparição mariana. A 13 de maio desse ano, o Sumo Pontífice, na oração do Regina Caeli, em visita apostólica ao Brasil, recordou o 90.º aniversário das Aparições de Fátima. “Decorre hoje o nonagésimo aniversário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima”, disse, “com o seu veemente apelo à conversão e à penitência é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas”.

“Vamos pedir à Mãe da Igreja, Ela que conhece os sofrimentos e as esperanças da humanidade, que proteja nossos lares e nossas comunidades”, suplicou.

A 16 de Setembro de 2007, Bento XVI nomeou o cardeal Tarcísio Bertone como legado pontifício, para presidir à celebração dos 90 anos da última Aparição de Fátima e dedicar a igreja da Santíssima Trindade no Santuário de Fátima.

No dia 14 de outubro de 2007, depois da recitação do ‘Angelus’, Bento XVI dirigiu-se aos peregrinos do Santuário de Fátima reunidos na recém-dedicada Igreja da Santíssima Trindade, lembrando que no Santuário de Fátima, “desde há noventa anos, continuam a ecoar os apelos da Virgem Mãe que chama os seus filhos a viverem a própria consagração baptismal em todos os momentos da existência”. O Santo Padre terminou o seu discurso com a exclamação: “Nunca esqueçais o Papa!”.

No discurso aos bispos portugueses em visita Ad Limina Apostolorum, a 10 de novembro de 2007, Bento XVI terminou com uma referência a Fátima como “escola de fé”.

A 13 de Maio de 2009, em peregrinação à Terra Santa, na cidade de Belém, Bento XVI recordou as aparições de Fátima.

A 24 de Setembro de 2009, um Comunicado da Secretaria de Estado do Vaticano, informava que a 13 de maio de 2010 Bento XVI iria presidir à celebração da peregrinação aniversária da primeira aparição mariana em Fátima.

Bento XVI esteve em Fátima, enquanto Papa, a 12 e 13 de maio de 2010.

No encontro com jornalistas durante o voo para Portugal, o santo Padre manifestou a sua “alegria” por rezar diante de Nossa Senhora de Fátima, “que é um sinal da presença da fé”.

Na tarde de 12 de maio de 2010, Bento XVI entregou uma Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima, tornando-se o primeiro Papa a fazê-lo pessoalmente em Portugal. Ajoelhado junto à imagem da Virgem Maria, na Capelinha das Aparições, o Santo Padre disse que a atribuição da segunda Rosa de Ouro é “uma homenagem de gratidão” pelas “maravilhas que o Omnipotente tem realizado por Vós no coração de tantos que peregrinam”.

“Estou certo de que os Pastorinhos de Fátima, os Beatos Francisco e Jacinta e a Serva de Deus Lúcia de Jesus nos acompanham nesta hora de prece e de júbilo”, acrescentou.

Na Missa de 13 de maio, Bento XVI apresentou, “a Luz no íntimo dos Pastorinhos, que provém do futuro de Deus, é a mesma que se manifestou na plenitude dos tempos e veio para todos”.

“Exige-se uma vigilância interior do coração que, na maior parte do tempo, não possuímos por causa da forte pressão das realidades externas e das imagens e preocupações que enchem a alma”, alertou o Santo Padre, reiterando que “iludir-se-ia” quem pensasse que a “missão profética de Fátima estivesse concluída”.

No encontro com as organizações da Pastoral Social, Bento XVI impeliu os agentes a orientar a sua direção de modo a “assumirem uma identidade bem patente na inspiração dos seus objetivos, na escolha dos seus recursos humanos, nos métodos de atuação, na qualidade dos seus serviços, na gestão séria e eficaz dos meios”.

Já após a renúncia ao pontificado, a 21 de maio de 2016, Bento XVI rompeu o seu silêncio para reafirmar que a publicação do chamado 'Segredo de Fátima' ficou “completa” após a divulgação da sua terceira parte, no ano 2000.

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