Fátima na luz da Páscoa / podcast17 a 19 de abril de 2025, Tríduo Pascal Fátima é sobre a Páscoa. A luz que brilhou em Fátima em 1917, trazida na visita da «Senhora mais brilhante que o sol», não foi outra senão a luz da Páscoa de Cristo, morto e ressuscitado. O que em Fátima aconteceu, envolvendo as três crianças pastoras, só se entende à luz dos acontecimentos pascais, nos quais Deus, levando o seu amor por nós até ao extremo, se abaixou para lá do extremo, vergando a sua misericórdia sobre a nossa humana e mortal fragilidade para torná-la participante da sua própria vida em plenitude. Para atravessar esta Páscoa de 2025, somos convidados a percorrer os dias do Tríduo Pascal com alguns apontamentos orantes, procurando beber interiormente dessa luz que brilhou em Fátima, a luz da Páscoa, e dispondo-nos a fazer da vida uma oferta por amor por inteiro, ajudados pelo testemunho de Lúcia, Francisco e Jacinta. Cada um dos três encontros de que se comporá este itinerário a caminho da Páscoa da Ressurreição será disponibilizado progressivamente nesta página ao longo dos dias do Tríduo Pascal. |
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Oferecer-se eucaristicamenteHoje é Quinta-feira Santa, o primeiro dia do Tríduo Pascal. O que em Fátima aconteceu entre 1916 e 1917, e depois culminado em 1929, tem a sua raiz nos acontecimentos da Páscoa, começando por aquela noite de Jesus em Jerusalém à mesa da Ceia e no Monte das Oliveiras; a noite em que Jesus antecipa o depor da sua vida nas mãos do Pai, depondo-a nas mãos dos homens que o Pai ama e deseja salvar. No silêncio do abismo daquela noite, escutaremos a fórmula do consentimento de Cristo: «Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua» (Lc 22,42). Este diálogo entre o querer do Filho e o querer do Pai, eco do diálogo entre a misericórdia de Deus e a liberdade do ser humano, encontra-se no íntimo da pergunta primordial que a Senhora dirige aos pastorinhos em 13 de maio: «Quereis oferecer-vos a Deus?» Uma interrogação que se reveste de profundo sentido eucarístico e que enformará inteiramente as suas vidas, configurando-os ao Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Ao iniciarmos este Tríduo, rendamos o nosso silêncio à luz que em Fátima refletiu das mãos da Mãe de Jesus e acolhamos o convite a abrirmos a nossa liberdade a Deus para que em nós aconteça a sua Páscoa. |
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Unir-se à sede do CrucificadoSexta-feira Santa. Hoje contemplamos o mistério da paixão e morte de Jesus, o Filho de Deus que, por nosso amor, se sujeita livremente à morte, e morte de cruz. Na cruz redentora do Calvário brilha paradoxalmente a glória de Deus, a maior expressão do amor que nos salva. No alto da cruz Jesus tem sede. Os dolorosos trabalhos da sua paixão, a sua sede, o desejo ardente de realizar a obra do Pai, abrindo a todos o caminho da redenção, culmina no seu lado aberto pela lança do soldado, de onde jorra sangue e água. Em Fátima, a Senhora de olhar bondoso e sofrido convida a olharmos «para Aquele que trespassaram» e, unidos a Ele, colaborarmos na redenção que a partir da sua cruz nos estende. Jacinta Marto ensina-nos como. A sua sede, configurada com a de Jesus, diz-nos da intensidade com que olhou para o Crucificado e se deixou por Ele, a ponto de ser uma com Ele, na alegria, na dor e no desejo de ganhar a todos para o Pai. |
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Esperar o dia eternoSábado Santo. Sábado Santo. Hoje, tudo é silêncio. «Um grande silêncio reina hoje sobre a terra; um grande silêncio e uma grande solidão», diz uma antiga homilia de Sábado Santo, porque Aquele que é a vida, a luz e o Verbo criador, jaz silenciado. No coração da mãe de Jesus e dos seus discípulos ainda lateja a dor diante da morte do filho e do mestre. O silêncio da morte é precisamente o lugar onde a esperança se acende de forma mais profunda. Deus está presente mesmo quando tudo parece perdido. A ressurreição do Filho de Deus que este dia prepara é o centro da fé — semente que germina no escuro do túmulo virgem, quando ainda nada e ninguém vê, senão o Pai e Maria, que guarda a fé em seu coração virginal. Deixemo-nos conduzir pelo coração imaculado de Maria na espera confiante do que Deus opera no silêncio deste dia e aprendamos com a Irmã Lúcia a viver, nas circunstâncias reais do tempo que nos é dado, o desejo da eternidade já começada. |