30 de março, 2019

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A Virgem Peregrina “levou a luz de Fátima ao mundo e agora acende-a em Portugal para todo o mundo”, afirma Arcebispo do Panamá

D. José Domingo Ulloa esteve ontem em Fátima de passagem para o Porto. Rezou na Capelinha; falou sobre a JMJ do Panamá e da importância da presença da Virgem Peregrina diante dos jovens

Como surgiu o convite para a presença da imagem da Virgem Peregrina de Fátima na Jornada Mundial da Juventude do Panamá?

Assim que se anunciou a escolha do Panamá como o lugar que acolheria a Jornada Mundial da Juventude 2019, e tendo em consideração que este povo é tão mariano, e desde logo que a Virgem de Fátima estava (e está!) tão enraizada no coração deste povo, imediatamente pensámos que era necessário colocar nas mãos de Maria esta jornada.

 

Como se desenrolou todo o processo?

No dia 31 de julho, de 2016, o Papa anunciou esta escolha e no dia 3 de agosto estive na audiência geral e pedi-lhe logo que o grande presente que nos poderia dar, ao povo do Panamá e a todo o povo latino americano, seria a invocação mariana para esta jornada. Para percebermos melhor lembremos que há vários motivos para estas escolhas: somos a primeira diocese em terra firme com invocação mariana, concretamente de Santa Maria de la Antiqua. Mas somos marianos com uma especial devoção a Nossa Senhora de Fátima. É preciso recordar, ainda, que estávamos em véspera do ano do Centenário, ano (2017) em que tivemos a visita da Virgem Peregrina ao Panamá.

 

E foi um momento de grande devoção e entusiasmo...

Esta visita foi uma das que mais tocou o coração do povo do Panamá e quando a terminámos sentimos que tínhamos que pedir a Fátima para que se fizesse novamente presente nesse momento tão especial para o Panamá, para a juventude do Panamá, que seria a Jornada Mundial da Juventude.

Em 11 de fevereiro de 2018, dia de Nossa Senhora de Lourdes, o papa inscreveu-se na Jornada e ao meio dia desse dia recebemos a comunicação do Santuário a confirmar a presença da Virgem Peregrina. Foi obra de Deus! Tinham que ser os peregrinos número 1 e número 2 destas jornadas.

 

Como decorreu toda a preparação?

As jornadas sempre tiveram em conta os jovens e o papel das mulheres. Estamos convencidos de que não se pode pensar a igreja- e esta é uma visão a partir da América Latina- sem a participação efetiva e a presença das mulheres na Igreja e seguindo Maria, essa eterna jovem que foi capaz de dizer sim, invocámo-la do ponto de vista vocacional.

 

Maria sempre esteve ligada à Jornada Mundial da Juventude, mas este ano de uma forma muito especial...

Toda a jornada foi preparada em função de Maria. E, até o Sínodo dos jovens nos ajudou nesta preparação de uma igreja voltada para a juventude a partir do exemplo de Maria, uma jovem que disse sim sem reservas. Também tivemos uma ajuda imensa do Apostolado Mundial de Fátima, um grupo dedicado que durante um ano e meio fez tudo para ajudar nesta grande jornada Mariana, promovendo desde logo a devoção dos primeiros sábados.

 

O que sentiu quando viu o santo Padre diante da Virgem Peregrina?

Foi um sentimento muito forte: Mãe, esta obra que é Tua está a comover o mundo. E ver o Santo Padre a rezar, num profundo silêncio diante a Imagem da Virgem Peregrina de Fátima, foi qualquer coisa de muito comovente. Foi a confirmação de que esta hora da Igreja, comprometida neste projeto com a juventude, está nas mãos de Maria, a grande Influencer da juventude.

No Panamá sentimos, com a emoção dos jovens, que Maria lhes conquistou o coração.

A procissão das velas, na noite da Vigilia, depois do Papa ter estado diante da Imagem, sem velas e com telemóveis, a acompanhar a imagem da Virgem Peregrina, foi um mar de luz. Fiquei muito comovido: ver o santo Padre a rezar diante da Virgem, mas sobretudo ver a alegria dos jovens diante de Nossa Senhora de Fátima e ver nos seus olhos e nas suas expressões como a Mãe lhes encheu o coração... foi extraordinário. A Virgem de Fátima é sempre um tema que tem de ser ressalvado quando falamos da Jornada Mundial da Juventude e sobretudo, desta em particular.

 

Esse momento terá sido porventura a confirmação de que as opções da presença da Virgem Peregrina de Fátima tinham sido as mais acertadas...

Não há casualidades. Tudo o que fizemos foi sem saber que Portugal iria receber a próxima Jornada Mundial da Juventude depois de nós. Portanto, quando se falou deste assunto foi mais uma questão que nos deu bastante alegria: a Mãe que nós levámos até junto da juventude mundial no Panamá é a mesma mãe que vai trazer a cruz da Jornada Mundial da Juventude à sua nova morada. Isto é, Maria fez-se presente no outro lado do mundo, para regressar com todos os seus filhos a Fátima e a Portugal.

 

Que papel está reservado à Virgem de Fátima na próxima Jornada?

Maria sempre ocupou um lugar central na Jornada Mundial da Juventude. Mas em 2022 será ainda muito mais forte esse papel. É impensável toda esta organização sem a presença de Nossa Senhora de Fátima. Ela é a Mãe que nos protege e abraça. Em Lisboa, só irá confirmar esse papel. Ela levou a luz de Fátima ao Mundo e agora acende-a em Portugal para todo o mundo.

 

A preparação da Jornada Mundial da Juventude é muito exigente. O que destaca da  experiência do Panamá?

A melhor estratégia para a organização de um evento como este é colocá-lo nas mãos de Deus e pedir a interseção de Maria. Temos de fazer tudo o que é possível do ponto de vista humano, mas é a providência que nos protege. Por isso, o que é preciso é pedirmos a Maria e através da sua intercessão, esperar pela ajuda de Deus. A Jornada Mundial da Juventude, como tudo na nossa vida, é obra Dele.

 

Começámos esta breve conversa sobre a importância de Fátima no Mundo. Quer aprofundar um pouco mais a questão?

Um dos grandes conteúdos da Mensagem de Fátima é a conversão. Fátima convida-nos a recriar a necessidade e o desejo de mudança em ordem a que a palavra que escutamos nos invada o coração e alimente os nossos gestos. Tem de haver esta sintonia entre a palavra que anunciamos e os gestos da nossa vida. E esta é a raíz da Mensagem de Fátima que nos remete para um convite permanente à conversão, a sermos íntimos de Deus. A começar por nós hierarquia da Igreja que temos de estar em constante discernimento diante dos sinais dos tempos.

 

É por isso que dizemos frequentemente que a Mensagem de Fátima permanece atual?

É uma mensagem muito atual que nos é dirigida a todos bispos, padres, leigos, jovens e menos jovens porque tem no centro o convite à conversão. Com outros ingredientes que nos remetem para a infância, para a humildade, para a sensibilidade dos pequenos, dos mais fracos, dos oprimidos, dos pobres de coração.

Depois, indica-nos o caminho: a oração. Temos de rezar muito para que o nosso coração se converta e assim consigamos ajudar outros a converterem-se.

 

A oração como caminho para uma maior intimidade com Deus...

A Mensagem de Fátima é isto: convida-nos à oração, a falar e a escutar Deus, na maior intimidade. Por isso, é um itinerário que nos ajuda a libertar o nosso coração de coisas que não interessam e estarmos mais livres para dar a Deus o lugar de Deus.

 

Além disso convoca-nos a rezar pela Paz...

A Mensagem de Fátima é sempre atual porque nos alerta para um mundo ferido, um mundo que está ferido porque nós estamos feridos. E cada um de nós tem de se converter porque cada um de nós tem esta missão. Por isso, diante do mundo concreto de hoje, a Mensagem de Fátima ajuda-nos a purificar o coração dos homens. E este é o terceiro elemento que gostava de destacar: a misericórdia. Em Fátima, através desta presença materna de Nossa Senhora sentimos que há sempre um coração grande que nos acolhe, por piores que sejam os males do mundo.

 

A Igreja prepara-se para viver o Sínodo da Amazónia. Como vê esta oportunidade?

A Amazónia é apenas um lugar, importante, mas apenas um lugar. É uma mensagem que Deus nos envia: a partir de povos martirizados, o Senhor fala para o mundo inteiro. Daqui sairá a luz para o mundo inteiro sobre a necessidade de tomarmos consciência de que todos temos a obrigação de cuidar desta casa comum.

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