03 de junho, 2018

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“(Fátima) é acontecimento que brota do amor misericordioso de Deus”

André Pereira, secretário executivo do Gabinete de Apoio à Reitoria do Santuário de Fátima, foi responsável pela conferência dos Encontros da Basílica desta tarde, que decorreu na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Na sua apresentação, o orador, formado em teologia, refletiu sobre o conteúdo e o sentido das aparições de Pontevedra e Tuy, perspetivando Fátima como acontecimento de "graça e de misericórdia", palavras que ilustram a visão de Tuy e que são eixo orientador da ação para o triénio que o Santuário está a viver.

“Graça e misericórdia surgem como palavras conclusivas mas simultaneamente programáticas, porquanto lançam luz sobre todo o evento”, disse André Pereira, ao introduzir o tema que apresentou em duas partes: uma primeira onde expôs o contexto e o conteúdo narrativo das aparições, e uma segunda em que se debruçou sobre a sua hermenêutica.

O conferencista começou por recordar o início da vida consagrada da vidente Lúcia, nas casas da Congregação das Irmãs Doroteias em Ponteverdra e Tuy, para evocar as aparições que aí aconteceram. Em Pontevedra, a aparição de Nossa Senhora e do Menino Jesus, através da qual Lúcia indica, anos mais tarde, a devoção ao Imaculado Coração de Maria; e a do Menino Jesus, onde se compromete com o anúncio daquela devoção. Em Tuy, a visão da Santíssima Trindade, à qual se segue o pedido da consagração da Rússia.

Na relação entre as aparições, o conferencista salientou como “elementos de unificadores”: a presença do Imaculado Coração de Maria em associação com a Trindade; assim como a unidade temática que tem o coração da Imaculada como ícone do desígnio salvífico de Deus para a humanidade.

A análise da hermenêutica do conteúdo das aparições foi desdobrada pelo orador entre a presença teológico-trinitária e a dinâmica teologal.

Para dar conta da presença teológico-trinitária no acontecimento de Fátima, André Pereira começou por estabelecer uma ligação “íntima” entre as aparições do Anjo e as de Tuy, enfatizando o horizonte fundamental que lhes serve de enquadramento: a manifestação de uma “Trindade Amorosa” que se “faz presente no mais inesperado dos contextos” e que convoca à oração e adoração.

“A experiência de Deus a que (os Videntes) são iniciados e em que não mais deixarão de entrar cada vez mais profundamente abre-se com a convocação à, que se revelará a atitude adequada a adotar diante do Deus que amorosa e graciosamente se manifesta”, referiu o orador, ao lembrar o ambiente de oração e adoração em que acontecem as aparições.

A partir desta leitura, André Pereira realçou o “testemunho profético” que irrompe em Fátima, que “brota do olhar compassivo de um Deus contristado”, mas que misericordiosamente oferece a graça da salvação.

“(Fátima) é, pois, acontecimento que brota do amor misericordioso de Deus. Diante dos dramas da história, Deus afirma-se presente, termo que podemos ler num duplo e complementar sentido: o da presença misericordiosa, do Emmanuel que está verdadeiramente connosco; e o da gratuidade, do dom, da graça”, sintetizou.

Para constatar a dinâmica teologal do acontecimento de Fátima, o conferencista chamou a atenção para o facto de o espírito de oração e adoração presentes nas aparições traduzirem uma “experiência vertical da intimidade com Deus” que “transborda para um compromisso horizontal, numa amorosa abertura aos outros”.

“Trata-se de aderirmos ao modo gracioso e misericordioso de Deus ser e agir, assumindo vitalmente a solidariedade com o bem dos outros e a corresponsabilidade na transformação do mundo. É, pois, a que não rejeitemos uma vida redimida que Deus aqui nos apela. E, acolhendo-a, chama-nos ainda a estimular como que uma onda de contágio que conduza os outros, sobretudo os mais afastados desse amor que salva, a reposicionarem a sua existência na senda da vida”, esclareceu.

Na conclusão, André Pereira focou a análise nas duas palavras fundamentais que ilustram a visão de Tuy: graça e misericórdia, referindo-se a elas como “pórtico de entrada no mistério trinitário”.

“A graça e a misericórdia constituem a chave-de-leitura à luz da qual todo o evento se ilumina, (…) que lhe confere unidade e consistência e permite lê-lo organicamente a partir de Deus uno-trino, ou seja, do Deus que nos foi revelado por Jesus Cristo como Pai, Filho e Espírito, como comunhão de amor”, finalizou.

Este terceiro encontro terminou com um recital do Grupo Coral Sol Nascente, sob a direção de Vianey da Cruz.

Os Encontros da Basílica voltam a 9 de setembro, numa apresentação sobre “A Mensagem dos Papas em Fátima”, por Eduardo Caseiro. O organista leiriense João Santos será o responsável pelo apontamento musical.

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