22 de junho, 2019

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“Os Papas ao virem a Fátima deixam transfigurar o seu olhar”, considera Marco Daniel Duarte

Simpósio “Fátima, hoje: que caminhos?” estende a sua reflexão hoje sobre a peregrinação a Fátima

 

O segundo dia do Simpósio Teológico-pastoral “Fátima, hoje: que caminhos?”, reflete hoje sobre a peregrinação a Fátima.

No painel da manhã, o Diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima,  falou sobre "Os Papas Peregrinos de Fátima". Marco Daniel Duarte explicou que os Papas, mesmo antes de iniciarem o ciclo das viagens pontifícias a Fátima, fizeram-se representar pelos seus delegados.

O Papa Paulo VI foi o primeiro a visitar a Cova da Iria, numa peregrinação de profundo “culto à Mãe de Deus”. Ao chegar a Fátima, o Santo Padre lembrou a sua condição de “peregrino entre peregrinos”, e através dessa presença “sentiu a força histórica da Ir. Lúcia de Jesus”, justamente pelas ovações dos peregrinos ali presentes.

 

Paulo VI ofertou o seu Báculo, e segundo o historiador este gesto merece “atenção”, porque não é “comum” um Papa proceder desta forma.

João Paulo II foi o segundo Papa a visitar a Cova da Iria e “nada previa que se fizesse peregrino em tão pouco tempo de pontificado”. O investigador lembrou a “gratidão” presente nos gestos e nas palavras do Santo Padre, que assumiu uma imagem de “peregrino”, com gestos idênticos aos dos peregrinos.

 

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Em Fátima, João Paulo II teve um gesto simbólico, ao estar na Capelinha das Aparições, um ano depois do atentado e na hora em que aconteceu, num “profundo momento de silêncio”, onde o Papa se ajoelhou aos pés de Nossa Senhora e orou.

O Presidente da Comissão Científica e Organizadora do Simpósio falou da “relação física” de João Paulo II com a Imagem de Nossa Senhora, presente na Capelinha, onde “ele frente a frente mete no coração a humanidade e trata Maria como uma Mãe, gesto vivível nos seus discursos e orações”.

 

Em 2010, Bento XVI é o primeiro a falar do Centenário das Aparições de Fátima e “o Santuário seguiu esta linha orientadora”.

“Ratzinger consagrou os ministros do catolicismo numa época difícil”, lembrou. 

Francisco esteve em Fátima, em maio de 2017, precisamente 100 anos depois das aparições, e “um dos primeiros gestos foi precisamente o silêncio, seguindo-se a entrega de três ramos de rosas, que ainda hoje não sabemos a sua origem, e posteriormente a Rosa de Ouro”.

Bergoglio foi o “primeiro Papa a caminhar no Recinto de Oração sem ser num percurso celebrativo”.

“Na bênção aos doentes, o Papa Francisco deu um novo sentido à expressão Jesus escondido”, lembrou.

 

“Os Papas ao virem a Fátima deixam transfigurar o seu olhar”, considera Marco Daniel Duarte, num lugar onde “a ritualidade transcende a mensagem”.

Para o historiador, quem quiser compreender melhor Fátima na sua plenitude “deve analisar os discursos dos Papas em Fátima e a propósito de Fátima".

Marco Daniel Duarte é diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima, onde dirige o Arquivo e a Biblioteca, e do Museu do Santuário de Fátima. É ainda diretor do Departamento do Património Cultural da Diocese de Leiria-Fátima.

É doutorado em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Pertence à Academia Portuguesa de História. É Presidente da Comissão Científica e Organizadora do Simpósio “Fátima, hoje: que caminhos?”.

 

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O Pe. António Martins, da diocese do Algarve, foi o outro conferencista, no período da manhã.

O sacerdote explicou aos participantes que “as peregrinações são corpo em movimento, que atravessam tempo e espaço”, e de certo modo “todas as religiões têm esta dimensão corpórea da peregrinação”.

“As peregrinações são traço comum de todas as religiões e em Fátima há uma especial relação com Maria, o que representa um itinerário de fé vivido de corpo e alma”, salientou.

O peregrino no itinerário que percorre “põe-se à prova, experimenta um confronto com a realidade, e pelo caminho o peregrino refaz a sua identidade”.

Este gesto representa um modo “existencial de religação, de refazer laços com Deus, com os outros, com o mundo e consigo mesmo”.

“A existência cristã é um peregrinar do corpo, e peregrinar é um modo de ser Igreja”, acrescentou.

 

Segundo o sacerdote, as peregrinações “podem fazer-se solitariamente, mas nunca se está só, há uma partilha de experiencias, em que cada peregrino tem uma importante história de vida”.

“Uma peregrinação a Fátima é uma forma belíssima de voltar a pôr os pés na terra, voltar a ser pó, no sentido bíblico, abrir-se a novos horizontes”, disse ainda, considerando que “é um caminho que se faz de coração aberto, é uma forma de compromisso total”.

“Cada peregrino que vem a Fátima é levado por um apelo do coração, e cada peregrinação a Fátima é uma forma de comunhão na dor e na compaixão, um modo de solidariedade, de consagração existencial das vulnerabilidades da nossa condição humana, o peregrino encontra paz, comunhão e sentido”, afirmou.

Para o Pe. António Martins “Fátima continua a ser um prodigioso encontro de todas as antropologias”, sobretudo porque “a riqueza do Santuário, é uma capacidade de ser uma praça aberta à pluralidade e á singularidade de cada pessoa”

“Em Fátima a nossa humanidade passa a valer mais”, concluiu, citando Vitorinio Nemésio.

 

António Martins é presbítero na diocese do Algarve. Licenciado em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa. É doutorado em Teologia Dogmática pela Faculdade de Teologia da Pontificia Universidade Gregoriana, em Roma. É professor auxiliar na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.

Os trabalhos continuam durante a tarde e podem ser acompanhados em direto AQUI.

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