Ano Santo termina com apelo a uma esperança ativa e transformadora

Ano Santo termina com apelo a uma esperança ativa e transformadora

D. José Ornelas encerrou o Ano jubilar na missa deste domingo, destacando a participação da juventude, o caminho sinodal e a integração dos migrantes como objetivos concretos de futuro.

Este domingo, na missa da Festa da Sagrada Família, o bispo de Leiria-Fátima encerrou o ano jubilar com um apelo a fazer perdurar no tempo a esperança que orientou este Ano Santo da Igreja. Na homilia, D. José Ornelas referiu diversos âmbitos da vida da Igreja e da sociedade onde a esperança deve estar presente.

O presidente da celebração começou por recordar o contexto mundial de conflitos, tensões e guerras em que este jubileu decorreu, para, neste tempo de Natal, apresentar a esperança como um imperativo para "acender luzes onde há escuridão e procurar caminhos de reconciliação onde há guerra e divisão”.

No âmbito eclesial a esperança foi perspetivada na continuidade do ministério petrino. O Papa Francisco, que abriu a Porta Santa deste Ano Jubilar, foi recordado por D. José Ornelas, assim como a "alegria e renovação" que marcou o seu pontificado, sucedido a 8 de maio pelo Papa Leão XIV, também referido na homilia pelo seu compromisso com a paz e a continuidade do caminho eclesial. O bispo de Leiria-Fátima falou ainda da implementação do caminho sinodal até 2028, afirmando a importância de um processo vivido em comunhão.

A juventude foi apresentada pelo presidente da celebração como um dos sinais mais fortes de esperança, pela vitalidade e renovação que deve representar para a Igreja. D. José Ornelas recordou o Jubileu da Juventude em Roma, o espírito vivido na Jornada Mundial da Juventude de 2023, para exortar os jovens à coragem e ação, com vista a uma participação ativa na missão eclesial e social, e pediu à Igreja uma escuta atenta do que os mais novos têm para propor.

Uma Igreja sem "nacionais e estrangeiros"

A migração foi um dos temas centrais da reflexão apresentada pelo bispo de Leiria-Fátima, que a partir da fuga da Sagrada Família para o Egipto, proclamada no Evangelho deste domingo, apontou a atenção para os “migrantes forçados a tornarem-se refugiados”.

“Ao entrar neste mundo, que Ele vinha transformar, Jesus sofreu as consequências de conceções e políticas de afirmação de identidade cultural fechada e manipulada, de nacionalismos xenófobos que geram exclusão, exploração escravização e morte”, lembrou D. José Ornelas, apelando à integração e à regulação justa da migração e a uma Igreja sem "irmãos de primeira e de segunda" ou "nacionais e estrangeiros".

“É preciso regular e defender, com justiça e competência os fluxos migratórios, até para defender os que os percorrem da exploração e dos perigos que todos os anos ceifam milhares de vidas. Mas é igualmente urgente acolher com solidariedade e abertura de mente e coração os que chegam e criar condições de integração, para que possam colaborar de modo novo para o bem de todos”, sintetizou.

No final da homilia, o bispo de Leiria-Fátima apresentou Nossa Senhora como modelo de resistência e acolhimento e o Santuário de Fátima como lugar onde se concretiza a universalidade da Igreja.

“Os peregrinos que aqui chegam, de todos os cantos do mundo, mostram o coração materno que Maria continua a infundir na Igreja. A todos nós, ela convida a sermos em cada uma das nossas famílias manifestação desse coração com que ela veio tomar cuidado de três crianças, daqueles que mais precisam. E hoje toca-nos o coração e quer que nós sejamos gente que acolhe e que procura caminhos novos e caminhos para todos”, concluiu.

Após a homilia, foi rezada a Oração pelas Famílias, na qual as famílias presentes foram convidadas a renovar o compromisso cristão de viver o amor, a fidelidade e a unidade, à luz do Evangelho.

Áudio da homilia de D. José Ornelas