08 de dezembro, 2025
D. José Ornelas destacou a força das mães mesmo nos contextos mais difíceis“Cada mamã que não tem condições para dar à luz é, de certo modo, uma derrota da nossa sociedade”, afirmou, esta manhã, o bispo de Leiria-Fátima, na celebração da Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria.
O bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, presidiu à missa celebrada, esta manhã, no Recinto de Oração do Santuário de Fátima, e destacou a vocação da Imaculada Conceição como resposta ao projeto divino. Na missa que celebrou a Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria, o bispo sublinhou que Maria é uma figura fundamental no caminho do Advento, porque foi quem acolheu o Senhor. “Maria foi quem, de modo especial, deu lugar a Deus na sua vida, no seu ventre, que foi o primeiro santuário do Filho de Deus no meio da humanidade”, afirmou. No contexto da reflexão sobre a figura de Maria, D. José Ornelas destacou o papel das mães diante das dificuldades e dos desafios contemporâneos. A partir da imagem de uma Maria corajosa e protetora, relacionou o nascimento de Jesus com realidades atuais, como a falta de condições dignas para partos, a situação dos refugiados e o impacto das guerras no mundo. O presidente da celebração salientou que Maria, tal como muitas mães de hoje, enfrentou condições duras para proteger o filho. Recordou que Jesus nasceu em circunstâncias precárias, um “uma imagem que nos deve fazer refletir” sobre as mães que continuam a dar à luz sem o suporte adequado. “Cada mamã que não tem condições para dar à luz é, de certo modo, uma derrota da nossa sociedade”, afirmou, elogiando também aqueles que, mesmo com poucos recursos, garantem o essencial às vidas que chegam ao mundo.
D. José Ornelas recordou ainda o episódio da fuga da Sagrada Família, associando-o às crises migratórias atuais. Lamentou que, atualmente, haja quem veja a chegada de migrantes como algo negativo: “Isso é negar a maternidade de Maria”, disse, lembrando que a própria mãe de Jesus se tornou refugiada. Ao evocar o fim da vida de Cristo, destacou a presença constante de Maria, que acolheu o filho morto à semelhança de muitas mães que, em zonas de guerra, recolhem os seus filhos feridos ou mortos. Partilhou ainda o testemunho de uma mãe ucraniana que, no início da guerra, chegou a Portugal com os seus filhos e os filhos de outras mulheres: “Choramos de noite, mas de dia sorrimos para os nossos filhos, porque é preciso dar-lhes coragem”. Nesse contexto, D. José Ornelas enalteceu a capacidade das mães de manter viva a esperança, mesmo nos contextos mais difíceis, apresentando Maria como símbolo dessa força. Foram também evocadas as aparições e sublinhado o papel de Francisco, Jacinta e Lúcia, “crianças simples” que, segundo o bispo de Leiria-Fátima, receberam de Maria a coragem para enfrentar sofrimento, doença e medo. A homilia terminou com um apelo à construção de um mundo mais humano, marcado pela paz, pelo carinho e pela proteção dos mais vulneráveis: “Que Maria, a cheia de graça, a Imaculada, nos ajude verdadeiramente a construir um mundo de humanidade, à sombra do amor paterno de Deus”. Na celebração da Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria estiveram presentes cerca de 60 mil peregrinos. Concelebraram um cardeal, um bispo, 25 sacerdotes e dois diáconos. Inscreveram-se ainda 15 grupos organizados de cinco países: Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Uganda.
Áudio da homilia de D. José Ornelas
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