08 de junho, 2025

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De Leonardo da Vinci aos Simpsons: Última Ceia inspirou autores de todos os tempos e estéticas

Visita temática de junho percorreu a obra de criadores de diferentes épocas e analisou detalhes das diversas representações de Cristo com os 12 apóstolos à mesa.

 

Quem participou na visita temática à exposição temporária, no passado dia 4 de junho, já não vai observar uma representação da Última Ceia da mesma forma.

“Entre a mesa e o lava-pés: as representações da Última Ceia” foi o tema da apresentação de Marco Daniel Duarte, diretor do Museu do Santuário de Fátima, que pôs a descoberto pormenores e simbolismos presentes em diversas obras, de diferentes épocas e correntes, que retratam aquela narrativa bíblica.

Do mobiliário da época aos comportamentos e gestos dos comensais, passando pelas alfaias utilizadas ou pela presença e ausência de mulheres foram várias as camadas de informação trazidas à análise e observação.

O ponto de partida da visita temática foi o cenáculo recriado na exposição “servir: a única pregação”, onde pode ser observada a “Última Ceia / Lava-pés”, figurada por Gaspar Vaz e emprestada pelo Mosteiro de Arouca.

A sessão, porém, percorreu um extenso período temporal e trouxe à colação obras mais e menos conhecidas. “É uma temática muito rica”, sublinhou Marco Daniel Duarte, referindo que “não há autor de primeira água, ao longo da História da Arte, que não tenha passado por esta temática da Última Ceia”.

Numa perspetiva diacrónica, a apresentação partiu dos inícios do Cristianismo, com uma representação do século V, e terminou nos dias de hoje.

O diretor do Museu do Santuário destacou o realismo de Leonardo da Vinci na representação que teve maior sucesso na cultura ocidental, mas também a figuração de Vicente Juan Masip em que, já depois do Concílio de Trento, a hóstia surge de forma clara nas mãos de Cristo. Marco Daniel Duarte conduziu ainda os participantes pelas estéticas do Barroco visíveis em Tintoretto, Lucas Valdês e Francisco Goya.

As vanguardas do século XX não ficaram de fora. Cristo e os 12 apóstolos também inspiraram Salvador Dalí, Andy Wharol e, entre os portugueses, Martinho de Brito, Rolando Sá Nogueira e Joaquim Correia.

A sessão não se limitou à pintura e à escultura. A relevância e o impacto das representações da Última Ceia na cultura ocidental justificaram incursões no cinema, de que é exemplo o filme “Mamma Roma”, de 1962, de Pier Paolo Pasolini, e na televisão, como sucedeu com um dos episódios da terceira temporada de Doctor House. Também nos universos da animação e do cartoon a Última Ceia se revelou inspiradora e a visita temática não deixou por assinalar o episódio "Thank God It's Doomsday”, da 16ª temporada de “Os Simpsons”, ou a representação do ilustrador romeno Constantin Ciosu.

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As figuras de Pedro, Judas e João, caracterizadas com mais pormenor do que os restantes apóstolos, foram igualmente dissecadas. Pedro, a figura a quem Cristo confiou as chaves do reino, surge por norma à direita. Judas, associado à ideia de traição é inúmeras vezes representado fora do contexto dos restantes apóstolos, sem auréola, com a mão ao prato ou a roubar um peixe. Já a figura de João é frequentemente plasmada em antítese com a de Judas, fazendo sobressair a diferença entre aquele que ama e aquele que trai. Segundo o relato evangélico, João aparece reclinado sobre o peito de Cristo e assim é habitualmente retratado, de olhos fechados e adormecido sobre Cristo.

Entre outros tópicos, a visita temática convidou ainda analisar a presença de animais monstruosos simbolizando o demónio e as figuras do cão e do gato numa alegoria ao bem e ao mal.

A representação do lava-pés, menos frequente e mais discreta do que a da Última Ceia preencheu a parte final da sessão. A obra de Gaspar Vaz, que serviu de ponto de partida à sessão, foge a essa lógica representativa, mas foram diversos os exemplos exibidos de peças onde a alusão ao lava-pés se faz apenas através das suas alfaias.

A próxima visita temática, marcada para 2 de julho, terá dois desses objetos como tema central. “Lavanda e gomil para o lava-pés do Santuário de Fátima” contará com a presença da artista plástica Ana Albuquerque, criadora desta peça que integra um dos núcleos expositivos de “servir: a única pregação”.

Em exibição até 15 de outubro, a exposição temporária pode ser visitada, diariamente, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30. A entrada é livre.

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