07 de novembro, 2021

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“O tesouro que nos é dado em Fátima é Cristo” afirma Diretor do Departamento de Pastoral e Acolhimento do Santuário

André Pereira falou de Fátima como acontecimento, lugar e mensagem de esperança

 

“«Eu nunca te deixarei»: Fátima como acontecimento, lugar e mensagem de esperança” foi o tema da última conferência dos Encontros da Basílica deste ano pastoral proferida por André Pereira, teólogo e diretor do Departamento de Pastoral e Acolhimento do Santuário de Fátima, este domingo na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Percorrendo o acontecimento de Fátima, desde as aparições do Anjo até ao final das Aparições de Nossa Senhora, interpretando o essencial da mensagem de esperança deixada pela Senhora “mais brilhante que o Sol” e olhando para o lugar que aqui foi criado, e erguido como lugar santo, onde se experimenta o encontro com Deus, André Pereira sublinhou que Fátima começa e termina como uma esperança e uma luz para a humanidade inteira. E é desta percepção que decorre a atualidade da mensagem, num tempo marcado pelo desânimo e por uma pandemia.

“Diante da adversidade não se pode perder a esperança” porque “Deus não nos deixa sós, desesperados e desamparados, na travessia do sofrimento e das dores que experimentamos; antes nos acompanha nessa travessia, permanecendo presente e comprometido com a nossa história e as nossas necessidades”, afirmou André Pereira sintetizando uma ideia crucial do tema deste ano pastoral no Santuário de Fátima, prestes a terminar, mas muito atual face ao contexto em que o mundo vive, ainda golpeado pela pandemia.

“O sofrimento e a fragilidade são, não obstante a dureza das suas consequências, lugares em que Deus se manifesta e fala e o faz sempre misericordiosamente, amorosamente, salvificamente — lugares teológicos, portanto —, assim como lugares a partir dos quais podem a fé, a esperança e a caridade ser vividas profunda e fecundamente — lugares onde acontece e pode adensar-se a relação com Deus, lugares teologais”.

“É, de facto, essa esperança que ilumina os passos e oferece sentido regenerador aos dias(...) A esperança é a ideia fundante que ecoa de Fátima”.

O teólogo recuperou o contexto histórico das aparições, marcado por “trincheiras, desamor e desencontro e carente de uma palavra de esperança” para lembrar a irrupção de luz que brota de Fátima desde o acontecimento fundante.

“O Deus que se mostra presente em Fátima pelas mãos de Maria e assim nos recorda estar presente no mundo e na história é, de facto, o Deus revelado por Jesus Cristo: o Deus-amor cuja busca pelos frágeis é incessante e apaixonada e cujo cuidado pela história dorida da humanidade é gracioso e perene” afirmou.

“A confiança, que surge na abertura do acontecimento, permanece como palavra de fundo no seu decurso e reaparece nos momentos de clausura, reforçada pela bênção, pela graça, pela misericórdia; em suma, pelo dom de Deus, pelo próprio Deus”, disse ainda.

Durante a conferência, André Pereira esmiuçou alguns dos eixos fundamentais da mensagem- a confiança a que foram convidados os videntes; a adesão ao projecto de Deus por eles assumido desde a primeira hora sem constrangimentos; a promessa da esperança; a luz que brota deste encontro com Deus e com os demais- que acabam por “transformar” o lugar onde se deu o acontecimento num lugar santo, que convida os peregrinos a experimentar a santidade como meta de vida.

“O acontecimento e a mensagem transformaram o lugar. Deus transformou o lugar. Ao nele se ter mostrado presente, tornou-o memorial da sua presença e sinal da renovação que, em Cristo, deseja realizar em todos e em tudo”, disse.

“O Santuário que nasceu deste acontecimento e cuida esta mensagem é, pois, lugar santificado por Deus, lugar santo” referiu.

“O acontecimento de Fátima fala-nos desse encontro de Deus com a humanidade, na mediação de Maria e dos pastorinhos; é esse encontro originário e a oferta de renovadas e continuadas possibilidades de encontro o que convoca o peregrino, o atrai e motiva”, disse ainda.

O teólogo lembrou, a este propósito, que existindo para o peregrino, o Santuário como que “se prolonga no peregrino” proporcionando que depois da experiência do encontro com Deus, cada um parta “levando aos outros no coração o selo dessa presença”, até ao fim dos tempos.

“O tesouro que nos é dado em Fátima é Cristo”, conclui o conferencista, sublinhando que é “Ele a Palavra incarnada que se faz boa nova que salva; é sobre esta salvação que redime as fragilidades e os sofrimentos humanos que Fátima é”.

André Pereira é diretor do Departamento de Acolhimento e Pastoral do Santuário de Fátima, instituição a que pertence desde junho de 2015, quando integrou a Comissão Organizadora do Centenário das Aparições de Fátima e o Serviço Executivo do Centenário. Fez a sua formação teológica na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, desenvolvendo particular interesse pelos âmbitos de reflexão da teologia fundamental. Colabora regularmente, como docente, com o Centro de Cultura e Formação Cristã da diocese de Leiria-Fátima.

O V Encontro na Basílica deste ano pastoral, que tem por tema “Louvai o Senhor, que levanta os fracos”, terminou com um recital cujo programa musical propõe um caminho pelo tempo e história da música, cuja a abertura se inicia com uma Toccata imponente em estilo concertato, caraterística proeminente do séc. XVIII. Em seguida o coral medita no salmo 50, também conhecido por Miserere. O Homem que suplica o perdão não é abandonado no pecado, mas antes acolhido pela misericórdia infinita de Deus. O Prélude em dó # menor é uma obra composta para piano e um ícone do séc. XX. É amplamente descrita como profunda e íntima. Foi também transcrita para Grand- Orgue por Louis Vierne (1870-1937) que, com diversas texturas e timbres provenientes deste instrumento, reveste a narrativa original com uma sonoridade ímpar. Por fim, o Final da Symphonie no 3 que, com três secções distintas (ABA’ + coda), explora tipicamente os recursos do Grand-Orgue em estilo Toccata.

Sílvio Vicente é organista do Santuário de Fátima desde 2009, compositor e diretor artístico do ensemble vocal profissional Auri Voces desde 2012. É Mestre em Música pelo Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, onde defendeu a dissertação “Louis Vierne – Do estudo da narrativa musical à performance do seu legado para Órgão”, sob a orientação científica de António Mota. Além da vertente técnica, interpretação e improvisação neste instrumento, estudou também Composição com Isabel Soveral e Direção coral e de orquestra com António Vassalo Lourenço. Paralelamente à sua atividade de organista, é também compositor e maestro. Em 2012, fundou o ensemble vocal Auri Voces, formação dedicada à interpretação de música contemporânea. Além do conjunto de obras instrumentais que assinou, para este ensemble compôs várias obras, algumas de temática sacra, a cappella.

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