02 de setembro, 2006

 
34.ª Peregrinação do Migrante e do Refugiado a Fátima
Ao final da manhã do dia 13 de Agosto, terminou em Fátima, a Peregrinação Internacional do Migrante e do Refugiado. Participaram na Eucaristia principal deste encontro de fé, celebrada no recinto de Oração do Santuário, 120 mil peregrinos.
Presidiu à peregrinação D. Dionisio Lachovicz, responsável da Igreja Greco-Católica pelas Comunidades Ucranianas no Exterior, que esteve em Fátima na qualidade de delegado do Cardeal Lubomyr Husar, patriarca da Igreja Greco-Católica da Ucrânia, impedido de presidir à peregrinação por motivo de doença.
 A Eucaristia internacional foi celebrada em rito latino e em rito oriental, o que aconteceu pela primeira vez no Santuário de Fátima. A parte referente ao rito oriental/bizantino – realizada nesta Eucaristia desde o momento da consagração até ao da comunhão – caracteriza-se pela oração em forma de cântico, que nesta Missa esteve a cargo de um grupo de cem jovens da Diocese de Kiev/Ucrânia.
Participaram na Eucaristia quase 80 grupos de peregrinos, vindos de vários países do mundo, três dos quais com carácter internacional. Inscreveram-se no Serviço de Peregrinos do Santuário 4 grupos de peregrinos da Alemanha, 1 do Botswana, 2 da Costa do Marfim, 1 da Eslováquia, 11 de Espanha, 1 dos Estados Unidos da América, 1 das Filipinas, 4 de França, 1 da Holanda, 4 da Irlanda, 20 de Itália, 1 de Ilha Maurícia, 1 do Peru, 4 de Polónia, 8 de Portugal, 2 do Reino Unido, 6 da Ucrânia e 3 do Vietname.
Durante a homilia, D. Dionisio Lachovicz abordou as causas da migração e também alguns problemas que enfrentam as comunidades de imigrantes, em especial as originárias dos países do Leste Europeu, ainda a recuperar das sequelas deixadas pelo sistema soviético.
 “Ao caírem os muros e rasgarem-se as cortinas de ferro, o mundo inteiro percebeu o mal que o sistema soviético ateu conseguiu fazer nas pessoas e na sociedade, além da falência total do seu sistema económico. Nessas regiões apareceram então outras cabeças da serpente do mal... A falência do sistema soviético gerou novas estruturas da morte. (…) Como resolver os grandes problemas duma imigração que é sequela de um sistema injusto e criminoso? Como recuperar o sentido da vida, da família, da castidade, da pureza num contexto saturado de dor, separação e fortíssimas tentações de infidelidade? É possível ser honesto num mundo de mentiras e exploração? É possível ainda viver a cultura da vida dentro do contexto da cultura da morte? Do ponto de vista humano parece impossível, apesar de tanto esforço dispensado pelos Governos e pela Sociedade, pela Igreja e suas organizações de caridade. Todavia, sim, é possível! È preciso olhar para o alto! Para o alto, na direcção do sol e acharemos a solução. Acredito que o milagre da "dança do Sol" poderá repetir-se, apesar das tempestades morais do contexto actual. Nossa Senhora pede-nos conversão! É preciso converter-se da dimensão horizontal, das mazelas humanas, erguer os olhos rumo ao alto, recuperar diálogo singelo com Deus, a simplicidade da oração do rosário, e lá se descobrirá a fonte da justiça, fidelidade e vida” disse.
“Em Fátima, hoje acontece o milagre! Chegámos peregrinos de várias latitudes - portugueses emigrantes dispersos pelos Mundo, trabalhadores imigrantes em Portugal procedentes de várias nações, refugiados á procura de paz e liberdade – aqui todos  irmanados na fé em Cristo, com o coração ao Alto, em direcção do Sol, donde veio Nossa Senhora, cheia de luz. Aqui podeis reencontrar a vossa fé, a luz para a vossa vida de migrantes, a solução dos vossos problemas pessoais e familiares e o conforto da Igreja que vos ama com uma mãe”, disse ainda D. Dionísio.
13 de Agosto 2006
Homilia de D. Dionisio Lachovicz,
Seja Louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!
Excelências Reverendíssimas - D. António Marto, D. António Vitalino, D. Joseph Voss... (em ucraniano ao bispo Michael Koltun), estimados padres concelebrantes, irmãs e irmãos em Cristo, queridos migrantes de todas as nações, línguas e culturas unidos num único Povo de Deus, neste Santuário.
Confesso que senti apreensão e medo ao ser designado para proferir a homilia neste grande evento em Fátima como representante da Igreja Greco-Católica da Ucrânia, e ter que falar em nome do nosso Arcebispo-Mór, Cardeal D. Lubomyr Husar. A mesma apreensão me assaltou por ter que abordar temas dificeis e complexos como as migrações e o mandamento da castidade, tema escolhido pelo Santuário para a catequese aos peregrinos ao longo deste ano.
Durante uma minha recente viagem de comboio, no passado dia 27 de Julho, de Bucareste para Bucovina, senti dentro do meu coração o drama do imigrante. O que significa deixar a pátria, a família; enfrentar novos mundos, outros desafios, perigos e dificuldades; a nostalgia de um viver longe dos entes queridos. No sacolejar do comboio procurei rezar e pensar na homilia de Fátima. De repente, quase adormecendo, regressei aos meus tempos de criança – lá na minha aldeia no Brasil – e lembrei-me das primeiras leituras religiosas, precisamente os livrinhos sobre as aparições de Fátima. Recordei-me imediatamente do pedido da conversão ao Evangelho, da “dança do Sol”, da promessa da conversão da Rússia. Naquele tempo vivenciava na minha alma juvenil a experiência dos três pastorinhos – beatos Francisco e Jacinta e Lúcia - e acreditava na promessa de Nossa Senhora: de que Rússia, um dia, se converteria! Para mim essa promessa era muito importante por ser descendente daqueles imigrantes que partiram forçados da Rus de Kiev para o distante Brasil, em finais do séc. XIX. Durante essa oração meditada no comboio romeno, a minha mente viajou subitamente até Moscovo, por volta do início do mês de Julho de 1988. Como havia perdido os documentos durante uma viagem pela União Soviética, deambulei preocupado ao redor dos muros do Kremlin. Tive uma sensação de extrema fragilidade diante do poder da força militar da União Soviética. E perguntei-me ao caminhar pelas redondezas dos altos e intransponíveis muros: será que não poderão cair como caíram outrora os muros de Jericó? Poderá a promessa da N. Sra. de Fátima ser atendida? A realidade é que, diante dessa promessa, os muros não conseguiram resistir!
A partir de 1988, ano em que se celebrava o Milénio do Cristianismo na Rus de Kiev, apareceram as primeiras fendas nos muros de Berlim. Desmorona-se o sistema comunista soviético, rasgam-se as cortinas de ferro e abrem-se os muros do Kremlin. A prisão dos povos chega ao fim! Nações inteiras puderam respirar o primeiro ar da liberdade e os cristãos saíram da escuridão das catacumbas para a luz do Sol.
 Ao caírem os muros e rasgarem-se as cortinas de ferro, o mundo inteiro percebeu o mal que o sistema soviético ateu conseguiu fazer nas pessoas e na sociedade, além da falência total do seu sistema económico. Nessas regiões apareceram então outras cabeças da serpente do mal... A falência do sistema soviético gerou novas estruturas da morte. O índice de mortalidade passou a superar o dos nascimentos. A Rússia e a Ucrânia têm hoje o maior índice de abortos no mundo. Surge a indústria do sexo, a exploração e o tráfico de mulheres.
Milhões de pessoas do Leste Europeu foram forçadas a emigrar em busca de pão, a abandonar as terras que são consideradas os celeiros da Europa. As imensas riquezas desses países foram parar às mãos de poucos oligarcas. Como consequência desse fenómeno pós-soviético, no decorrer dos últimos 10 anos, a população da Ucrânia diminuiu em cerca de 7 milhões de pessoas.
Os países industrializados da Europa deparam-se actualmente com o novo fenómeno, o da imigração de povos do Leste Europeu, na sua maioria de procedência eslava, de escrita com alfabeto cirílico, cultura e ritos religiosos diferentes. Nós somos testemunhas desse processo e hoje foi-nos dada a oportunidade de mostrar uma faceta dessa emigração, da cultura e rito oriental próprio desses povos: o "segundo pulmão da Igreja", expressão muito familiar ao saudoso Papa João Paulo II.
No entanto, a busca pelo pão em terras estrangeiras, provoca a quebra dos laços familiares na terra natal. O pai imigra para Portugal, a mãe vai para a Itália. Os filhos ficam por conta das avós. Está a surgir a realidade do órfão virtual: os meninos de rua abastecidos com o dinheiro enviado pelos pais. Meninos de rua diferentes, com dinheiro no bolso, mas sem o calor e a ternura da família. A rua traz a droga e o sexo fácil. O sexo como dom de Deus e fonte de vida transforma-se assim em indústria da morte.
Como resolver os grandes problemas duma imigração que é sequela de um sistema injusto e criminoso? Como recuperar o sentido da vida, da família, da castidade, da pureza num contexto saturado de dor, separação e fortíssimas tentações de infidelidade? É possível ser honesto num mundo de mentiras e exploração? É possível ainda viver a cultura da vida dentro do contexto da cultura da morte?
Do ponto de vista humano parece impossível, apesar de tanto esforço dispensado pelos Governos e pela Sociedade, pela Igreja e suas organizações de caridade. Todavia, sim, é possível! È preciso olhar para o alto! Para o alto, na direcção do sol e acharemos a solução. Acredito que o milagre da "dança do Sol" poderá repetir-se, apesar das tempestades morais do contexto actual. Nossa Senhora pede-nos conversão! É preciso converter-se da dimensão horizontal, das mazelas humanas, erguer os olhos rumo ao alto, recuperar diálogo singelo com Deus, a simplicidade da oração do rosário, e lá se descobrirá a fonte da justiça, fidelidade e vida. Redescobriremos a fonte do eterno Amor! È preciso receber esse alimento que desce do Céu, e não ficar apenas à mercê do maná desta vida, como nos lembra o Evangelho de hoje. Os nossos pais comeram o maná e morreram. Só o pão que desce do Céu é que dá a vida! A recuperação da dimensão vertical, da fidelidade a Deus, nos fará renovar a fidelidade em relação à família, o respeito pela vida que brota do ventre de uma mãe, a responsabilidade pelos filhos. A pureza na nossa relação com Deus, faz nascer a pureza nas nossas relações humanas e sociais, sem hipocrisia e sem mentira. O reencontro com Deus, faz acontecer o milagre do reencontro com as nossas famílias, apesar das dificuldades e separações temporárias. A fidelidade a Deus, faz recuperar a fidelidade à esposa/esposo, à vida transparente, casta e pura.
Esse grande milagre poderá acontecer hoje se o pedido de conversão de Nossa Senhora for acolhido por cada um de nós. Acontecerá o milagre da “dança do Sol", pois o Sol verdadeiro - Deus, faz inverter os valores e mudar as coordenadas da humanidade actual. Poderá acontecer também o novo milagre da conversão da Rússia numa sociedade mais justa e humana, acontecerá também a nossa conversão e a “reversão” do fenómeno migratório, isto é, o regresso dos imigrantes à sua Pátria, enriquecidos com a cultura do país que os acolheu e robustecidos pela fé recebida dentro do espaço deste santuário.
Em Fátima, hoje acontece o milagre! Chegámos peregrinos de várias latitudes - portugueses emigrantes dispersos pelos Mundo, trabalhadores imigrantes em Portugal procedentes de várias nações, refugiados á procura de paz e liberdade – aqui todos  irmanados na fé em Cristo, com o coração ao Alto, em direcção do Sol, donde veio Nossa Senhora, cheia de luz. Aqui podeis reencontrar a vossa fé, a luz para a vossa vida de migrantes, a solução dos vossos problemas pessoais e familiares e o conforto da Igreja que vos ama com uma mãe.
O que é Fátima? O que significa Fátima para cada um de nós? Vamos descobrir a partir daquele que, como ninguém, tem grande experiência da mensagem de Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, bispo emérito desta diocese, através da sua "Canção de Fátima":
« Fátima, altar do mundo, sacramento…
Fátima, amor fecundo, fonte de paz e de graça…
Fátima é ser total, um todo em unidade…
Fátima é um abrigo, um cenáculo, sinal bem alto e profundo
Fátima é mensagem, sanatório, lugar de encontro…
Fátima é farol de luz, é bandeira de paz, é mistério sem segredos…»
E conclui, o senhor D. Serafim: « a Senhora, que se mostrou "mais brilhante que o Sol", pede a vida interior e espiritual, e promete que a Civilização do Amor "triunfará" (p. 91) ».
Sigamos o convite de S. Paulo na sua carta aos Efésios, para que desapareça do meio de nós toda a espécie de malícia. Em contrapartida, sejamos benévolos uns com os outros, misericordiosos, perdoando-nos como Deus nos perdoou.
E a exemplo do profeta Elias, alimentados pelo pão que desce dos Céus, continuemos a caminhar em direcção ao Sol, ao monte Horeb, à Jerusalém celeste, em companhia de Maria, a Senhora da luz.
Ámen.
+ D. Dionísio Lachovicz, bispo-auxiliar do Arcebispo Maior de Kiev e Halytch e responsável pela Pastoral das Comunidades Ucranianas no Exterior.


34.ª Semana Nacional de Migrações dedicada à imigração do Leste Europeu
Recorde-se que, a Peregrinação do Migrante e do Refugiado se integrou na 34ª Semana Nacional de Migrações, que tem como lema: “Sinal de Tempos Novos”.
D. Dionísio Lachovicz realiza, desde o passado dia 9 e até 17 de Agosto, uma visita pastoral às comunidades ucranianas em Portugal, para conhecer melhor o seu caminho de integração social e religiosa. Neste contexto propôs-se a tecer uma série de encontros com entidades públicas e da sociedade civil: ACIME, SEF, Embaixada da Ucrânia, entre outras.
Por decisão da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana da Conferência Episcopal, Portuguesa, esta semana de sensibilização e encontro em todo o país é dedicada à Imigração proveniente da Europa de Leste. “Uma particular atenção é dada à recente imigração de trabalhadores e famílias ucranianas, às comunidades cristãs ucranianas em formação e ao diálogo ecuménico com a Igreja Ortodoxa, confissão cristã que dá os seus primeiros passos de presença organizada no nosso país e à qual pertence a maioria dos imigrantes eslavos. Os ucranianos são actualmente a segunda maior comunidade imigrante no país”, refere em comunicado a Obra Católica Portuguesa de Migrações.
Oferta de Trigo ao Santuário de Fátima

A oferta de trigo pelos peregrinos ao Santuário de Fátima, para confecção de hóstias, é uma tradição antiga da Peregrinação de Agosto. No dia 13 de Agosto, no momento da apresentação dos dons, repetiu-se o gesto da dádiva do trigo, levado pelos peregrinos, à cabeça ou nos braços, até ao cimo da escadaria.
A oferta do cereal para confecção de hóstias é uma prática que tem passado de geração em geração e que se realiza no Santuário fez este ano 67 anos.
A 13 de Agosto de 1940, um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica, de 17 paróquias da Diocese de Leiria, ofereceu ao então bispo diocesano, D. José Alves Correia da Silva, no Santuário, 30 alqueires de trigo, destinados ao fabrico de hóstias para consumo no Santuário de Fátima. Desde então, os peregrinos, já não só de Leiria, mas também de outras dioceses do país, e até do estrangeiro, têm vindo a dar continuidade a este ofertório.
No dia 13 de Agosto de 2005, foram oferecidos ao Santuário 5.000 quilos de trigo. Dessa data até ao dia 1 de Agosto de 2006 foram oferecidos mais 1.697 quilos deste cereal.
Relativamente à produção de hóstias, em 2005 foram fabricadas no Santuário de Fátima 178.795 hóstias e 8.149.737 partículas.
Deste total: 1.499.660 partículas e 21.307 hóstias foram consumidas no Santuário; 6.334.150 partículas e 139.797 hóstias foram vendidas; 315.927 partículas e 17.691 hóstias foram oferecidas às comunidades religiosas em Fátima.
12 de Agosto
Na noite do dia 12, a Eucaristia foi presidida por D. António Vitalino Dantas, bispo de Beja e presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, que denunciou alguns dos problemas com que se deparam muitas famílias migrantes.
“Aqui em Fátima, nesta peregrinação internacional dos migrantes e refugiados, embora provenientes de diversos países ou vivendo em diversas partes do mundo, sentimo-nos e somos de verdade uma grande família dos filhos de Deus, que junto de cruz de Cristo, acolheu Maria como Mãe no íntimo do coração. Aqui prometemos-lhe fazer o que seu Filho, Jesus Cristo, nos disse ou disser, a ela recorremos em todas as nossas aflições. E, por certo, cada um de nós, sente as dificuldades de muitos companheiros de caminho pelas terras onde vivemos. Há muita gente a morrer de fome ou a viver em condições sub-humanas e por isso anda pelo mundo à procura de trabalho justamente remunerado. Alguns ficam pelos caminhos, no deserto, no mar ou nas fronteiras e são tratados como criminosos, só porque não resignaram a vegetar em países sem condições de vida humana. Outros caem nas mãos de exploradores em escrúpulos, que roubam a sua dignidade e os usam para satisfazer os seus vícios. Muitos vivem e trabalham fora dos seus países, mas são vistos e tratados com inveja, como se fossem ladrões dos nossos empregos e do nosso pão. Outros ainda são obrigados a fugir das suas terras, para evitar a prisão, os maus-tratos e a própria morte, vivendo como refugiados noutros países. E em todas estas categorias de migrantes podemos encontrar casos de maior ou menor violência, que nos deveria envergonhar de mais parecermos lobos e inimigos do que seres humanos e filhos de Deus”, afirmou D. Vitalino durante a homilia.
Em conferência de Imprensa, realizada no Santuário de Fátima, no dia 12 de Agosto, o presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana pronunciou-se a respeito da nova lei da imigração considerando-a “um passo em frente” em relação à legislação existente, mas que “não resolve cabalmente o problema dos imigrantes clandestinos”.

Homilia de D. António Vitalino:

1. O deserto e a terra árida vão alegrar-se, a estepe exultará e dará flores belas como narcisos. Vai cobrir-se de flores e transbordar de júbilo e de alegria...Verão a glória do Senhor, e o esplendor do nosso Deus. Fortalecei as mãos débeis, robustecei os joelhos vacilantes. Dizei aos que têm o coração pusilânime: «Tomai ânimo, não temais!» Eis o vosso Deus, ... que vem salvar-vos (Is 35, 1-4).
Amados peregrinos, estamos aqui neste lugar sagrado da Cova da Iria, vindos de muitos pontos da terra, precisamente para escutar a voz de Deus, transmitida à humanidade por Jesus Cristo, filho de Maria, que há 89 anos aqui dela se fez eco junto dos três pastorinhos de Fátima, os bem-aventurados Francisco e Jacinta e a sua prima Lúcia. Se nos convertermos e rezarmos, acabará a guerra e haverá paz, condições essenciais para o desenvolvimento dos povos e para a convivência pacífica entre todos. Aqui ressoa de nova torna-se quase realidade a mensagem do profeta Isaías, dirigida a um povo exilado e quase a perder a sua identidade:  Tomai ânimo, não temais. O vosso Deus vem em pessoa salvar-vos. Aqui vimos fortalecer as nossas mãos débeis, robustecer os nossos joelhos vacilantes, animar o nosso coração pusilânime. Esta peregrinação de Agosto, dedicada aos migrantes e refugiados, é, mais que qualquer outra, um sinal concreto da mensagem do profeta Isaías.  Aqui estamos para receber a força de Deus.
Hoje, mais que nunca, vivemos num mundo em constante mobilidade e, mesmo aqueles que aguentam permanecer nas suas aldeias, partilham das alegrias e tristezas, esperanças e desânimos dos seus vizinhos ou familiares que se puseram a caminho à procura de melhores condições de vida ou da liberdade, que, por diferentes razões, lhes era negada na sua terra. Na sua mensagem para o dia mundial do migrante e refugiado o Papa Bento XVI chama a este fenómeno um sinal dos tempos, que tem os seus aspectos positivos, mas também muitos negativos, sobretudo quando motivado pela fome, pela guerra, pela falta de liberdade política ou religiosa, pela perseguição de quem não é da mesma raça, cor ou credo religioso ou pelos instintos descontrolados de muitas pessoas, que, para os satisfazer, exploram os mais débeis, sobretudo mulheres e crianças. Os meios de comunicação social falam-nos, frequentemente, de imigração clandestina relacionada com casas de alterne, mas não mencionam aqueles que exploram esses imigrantes e estão por trás do seu tráfico.
2. Aqui, junto da Mãe de Jesus, viemos fortalecer a nossa esperança, a nossa fé e caridade, para sabermos viver em paz e hospitaleiramente com todos os nossos irmãos, sejam eles da nossa família ou de outros países, que aqui procuram o que não encontraram noutra parte. Connosco eles querem contribuir para a transformação das terras desertas e secas em terras povoadas e irrigadas com a linfa da vida. Apesar do desemprego, a Europa já não consegue subsistir sem o contributo dos imigrantes. A redução da natalidade entre nós deixou muitas aldeias desertas e muitos sectores da vida social e laboral sem as forças activas necessárias. Há terras a transformar-se em matagais, com idosos ameaçados pelas chamas dos incêndios; há doentes à espera de uma companhia amiga, que lhe dê consolação e ajuda na sua debilidade; há herdades por cultivar e culturas a apodrecer nos campos por falta de mão de obra para trabalhos que os nossos jovens já não procuram. E a listagem de sectores carecidos de trabalhadores poderia continuar, para nos consciencializarmos da necessidade que temos de imigrantes, mas sobretudo para assumirmos a atitude que S. Pedro nos recomendava na segunda leitura desta Missa: Praticai entre vós a hospitalidade.
3. No Evangelho de hoje escutámos que também Jesus teve de deixar a sua terra por motivos de ordem política e religiosa. Herodes não queria concorrentes ao seu poder, nem mesmo de ordem religiosa. Os poderes absolutos e os fanatismos do poder, seja político ou religioso, não toleram a diferença, o pluralismo. Têm de Deus uma ideia uniformista e intolerante. Não querem admitir que a diversidade é querida por Deus e existe até no próprio Deus, como Ele se nos revelou em Jesus Cristo. O nosso Deus é Trindade de pessoas, unidas por um amor infinito, que é a essência do próprio Deus. Deus é amor, diz o Novo Testamento e repetiu-o de modo actual e belo o nosso Santo Padre, na sua primeira encíclica.  Vivemos um tempo de apregoada democracia e tolerância, mas na realidade perseguimos aqueles que são diferentes. Vivemos um relativismo redutor das diferenças sexuais, religiosas, culturais e outras, esquecemos que a diferença é o alimento da unidade, o desafio da complementaridade, a base do amor, a condição da criatividade, o sinal e sacramento da Trindade.
Aqui em Fátima, nesta peregrinação internacional dos migrantes e refugiados, embora provenientes de diversos países ou vivendo em diversas partes do mundo, sentimo-nos e somos de verdade uma grande família dos filhos de Deus, que junto de cruz de Cristo, acolheu Maria como Mãe no íntimo do coração. Aqui prometemos-lhe fazer o que seu Filho, Jesus Cristo, nos disse ou disser, a ela recorremos em todas as nossas aflições. E, por certo, cada um de nós,  sente as dificuldades de muitos companheiros de caminho pelas terras onde vivemos. Há muita gente a morrer de fome ou a viver em condições sub-humanas e por isso anda pelo mundo à procura de trabalho justamente remunerado. Alguns ficam pelos caminhos, no deserto, no mar ou nas fronteiras e são tratados como criminosos, só porque não resignaram a vegetar em países sem condições de vida humana. Outros caem nas mãos de exploradores em escrúpulos, que roubam a sua dignidade e os usam para satisfazer os seus vícios. Muitos vivem e trabalham fora dos seus países, mas são vistos e tratados com inveja, como se fossem ladrões dos nossos empregos e do nosso pão. Outros ainda são obrigados a fugir das suas terras, para evitar a prisão, os maus tratos e a própria morte, vivendo como refugiados noutros países. E em todas estas categorias de migrantes podemos encontrar casos de maior ou menor violência, que nos deveria envergonhar de mais parecermos lobos e inimigos do que seres humanos e filhos de Deus.
4. Amados peregrinos, a história da humanidade mostra-nos muito sofrimento causado pelo próprio homem, pelo pecado do homem, mas também nos aponta muitas tentativas de ajuda para mudança de rumo, para que não aceitemos o mal como uma fatalidade. Olhando para Jesus Cristo e Maria, vemos neles a aurora da vitória do bem  pela escuta e seguimento das suas palavras, que são mensagem de Deus, pelo exemplo das suas vidas, pela oração, pelo perdão, pelo amor, pelo dom da vida. Aqui em Fátima estamos mais sensíveis a estas mensagens, que Nossa Senhora repetiu de novo neste lugar há 89 anos e nos transmitiu através da linguagem simples dos três pastorinhos: convertei-vos, fazei penitência, rezai pela conversão dos pecadores, deixem de ofender a Nosso Senhor, rezai o rosário… então haverá paz, acabará a guerra, a Rússia converter-se-á…Continua a ser urgente a escuta deste apelo. Muitos continuam a chafurdar no pecado e até exigem a protecção da lei para as suas atitudes criminosas, egoístas, para a sua cultura do pecado e da morte. As guerras e as ameaças de novas guerras não são do passado e do presente, mas serão uma realidade no futuro, se não nos convencermos todos que o testemunho da vida de Jesus é o único que pode salvar a humanidade e o mundo. Ele proferiu e viveu as bem-aventuranças, que nos desafiam a pautar por elas a nossa vida. Felizes os mansos, porque possuirão a terra. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu (Mt 5, 5-10).
5. Irmãos, Jesus Cristo chama-nos, interpela-nos, mas também nos acompanha e está connosco aqui, agora e sempre. Nesta celebração peçamos-Lhe que fortaleça a nossa esperança e o nosso empenho por um mundo melhor. Com Cristo, radicados n’Ele e em união uns com os outros, bispos, padres, consagrados, pais, filhos, jovens e adultos, seremos uma força, que nenhuma dificuldade fará recuar no compromisso de seguir Jesus.
Aqui estamos, Senhor. Fazei de nós vossos mensageiros. Com Maria, que escolheu este lugar e os três pastorinhos para relembrar ao mundo o Evangelho, boa nova de salvação para todos, queremos também nós comprometer-nos a tomar como lema da nossa vida a resposta de Maria à vontade de Deus: faça-se em mim segundo a vossa vontade.

+ D. António Vitalino,
bispo de Beja e presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana de Portugal


De acordo com informação da secretaria dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima, até às 13h00 do dia 13 de Agosto foram atendidos no Posto de Socorros do Santuário 442 peregrinos, 914 foram atendidos no Lava Pés, 300 receberam a Bênção dos Doentes e 3531 fiéis praticaram o sacramento da reconciliação.
Estiveram ao serviço no Santuário 157 Servitas, 26 Escuteiros, 1 Médico, 5 Enfermeiros.
INFORMAÇÃO DE ARQUIVO:
Peregrinação pela paz no Médio Oriente

Ao final da tarde de 12 de Agosto, na Capelinha das Aparições, na abertura oficial da Peregrinação Internacional de 12 e 13 de Agosto, dedicada ao migrante e ao refugiado, o Bispo de Leiria-Fátima pediu aos cristãos uma oração pela paz no Médio Oriente.
“O mundo vive ensombrado por uma guerra mortífera, uma guerra que, como foi dito aqui por Nossa Senhora de Fátima, se assemelha a um inferno. Quantos infernos serão os homens capazes de incendiar? (…) À onda de guerra precisamos de opor uma onda de misericórdia e, por isso, queremos fazer esta peregrinação com essa intenção (da paz)”, referiu D. António Marto, que pediu a todos os cristãos que rezem “pelo cessar fogo na terra onde se desencadeou a história da Salvação”.
“As nossas armas são diferentes das armas dos poderosos, as nossas chamam-se oração”, força universal que se faz “grito pela paz”.
A referência ao cenário actual de guerra já tinha sido feita por D. António na conferência de imprensa realizada na Casa de Nossa Senhora do Carmo, no Santuário, durante a tarde.
Na ocasião, o Bispo mostrou-se solidário com todos os que sofrem com o conflito no Médio Oriente, num cenário internacional que, afirmou, “não nos pode deixar indiferentes”.
“Em união com o Santo Padre e com todo o mundo”, D. António Marto pediu “um imediato cessar-fogo”.
Durante a mesma conferência de imprensa, D. António falou sobre a tragédia nacional dos incêndios, associou-se ao luto da família da bombeira falecida, solidarizou-se com todas as vítimas e agradeceu aos bombeiros que lutam heroicamente no terreno.

 
"Sinal de Tempos Novos"
A Peregrinação do Migrante e do Refugiado, a 12 e 13 de Agosto, é presidida por D. Dionisio Lachovicz, responsável da Igreja Greco-Católica pelas Comunidades Ucranianas no Exterior, coadjuvado por D. António Vitalino, bispo de Beja e presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana.

Programa da Peregrinação do Migrante e do Refugiado:
Dia 11 - Peregrinos a Pé
15h00 - Encontro, no salão da Casa de Retiros de N.S.das Dores (junto ao Posto de Socorros).
18h30 - Missa, na Basílica.
Dia 12
MISSAS, em português: 07h30, 09h00 e 12h30,  na Basílica
 - 11h00 - internacional, no Recinto
08h30 - VIA-SACRA, aos Valinhos, partindo da Capelinha e terminando na Capela do Calvário Húngaro, com a Eucaristia. (Pedimos aos grupos que se abstenham de fazer via-sacra própria, entre as 08h30 e as 10h00, para não perturbar a oficial).
MISSAS em línguas:
07h30 - Deutsch (Alemão), na Capelinha.
08h30 - English (Inglês), na Capelinha.
09h30 - Français (Francês), na Capelinha.
10h30 - Español (Espanhol), na Basílica.
11h30 - Nederlands (Neerlandês), na Basílica.
12h30 - Italiano (Italiano), na Capelinha.
13h30 - Po Polsku (Polaco), na Capelinha.
16h30 - MISSA com a participação dos doentes, no Recinto, e PROCISSÃO EUCARÍSTICA.
18h30 - INÍCIO OFICIAL DA PEREGRINAÇÃO, na Capelinha.
21h30 - Bênção solene de velas e ROSÁRIO, na Capelinha, e PROCISSÃO DE VELAS.
22h30 - EUCARISTIA, no Altar do Recinto.
Dia 13
Noite de Vigília
00h00 às 02h00 -  Adoração ao SS.mo Sacramento.
02h00 às 03h30 - Via-sacra.
03h30 às 04h30 - Celebração Mariana.
04h30 às 05h30 - Missa.
05h30 às 07h00 - Adoração com Laudes do SS.mo Sacramento.
07h00 - PROCISSÃO EUCARÍSTICA.
09h15 - ROSÁRIO, na Capelinha.
10h00 - PROCISSÃO, EUCARISTIA, BÊNÇÃO DOS DOENTES, CONSAGRAÇÃO E ADEUS.
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Informação do Gabinete de Imprensa e Comunicação da Obra Católica Portuguesa das Migrações:
34ª Semana Nacional de Migrações
6 a 13 de Agosto de 2006
Promovida pela Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, com o apoio da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) e Capelania Nacional dos Ucranianos de rito oriental
Tema inspirado na Mensagem de Bento XVI para a 92 Jornada Mundial do Migrante e Refugiado e Carta Pastoral dos bispos da Ucrânia aos seus imigrantes em Portugal: "Migrações: Sinal de Tempos Novos"
Entidades presentes:
Delegado da Igreja em Portugal:
- responsável pelos Portugueses no Mundo e Imigrantes em Portugal
D. António Vitalino Dantas, presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana de Portugal
Delegado da Igreja na Ucrânia
- de onde provêm a segunda maior comunidade imigrante no país:
D. Dionisio Lachovicz, bispo auxiliar de Kiev e Halytch e responsável pela Pastoral dos Ucranianos no Exterior e D. Zenoviy Koltun
Delegado da Igreja na Alemanha
- que acolhe uma das maiores Comunidades Portuguesas emigradas:
D. Joseph Voss, presidente da Comissão Episcopal das Migrações da Alemanha
Embaixador da Ucrânia em Portugal
Dr. Roteslau Tronenko e Esposa
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Eventos integrados na Semana Nacional:
Dia 05 : Peregrinação Anual dos Africanos a Fátima.
Dias 06 a 13 : Semana Nacional de Migrações nas paróquias.
Dia 11 – Audiências do Bispo da Ucrânia ao ACIME e SEF.
Dia 12 – Encontro bilateral entre as Comissões Episcopais de Portugal e Ucrânia.
Dias 12 a 13 : Peregrinação Internacional do Migrante e Refugiado em Fátima – Co-presidida por D. Dionizio Lachovicz e D. António Vitalino.
Dia 13 : Vigília Nocturna de Oração animada pelas Comunidades Católicas de Emigrante e Imigrantes, em Fátima.
Dia 13 : Tarde de Evangelização/Grande Encontro de Ucranianos em Fátima (Centro Paulo VI).
Dia 13 – Jornada de Solidariedade com os Serviços Pastorais para a Mobilidade Humana.
Dia 14 – Audiências do Bispo da Ucrânia à Embaixada e Patriarcado de Lisboa.
Dia 15 : Encontro dos Ucranianos da Área Metropolitana de Lisboa.
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Grupos presentes que se anunciaram à OCPM:
Grupo de 130 jovens peregrinos das dioceses de Kiev e Sokal (Ucrânia)
Capelanias dos Ucranianos de rito oriental de Portugal (Lisboa, Beja, Leiria, Viseu, Faro, Évora...)
Coordenação dos Missionários de Língua Portuguesa da Alemanha
Comunidade Católica de Língua Portuguesa de Ulm, Alemanha
Comunidade Africana da Diocese de Setúbal
Comunidade Africana da Diocese de Lisboa
Capelania dos Brasileiros de Lisboa
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Comunicado à Imprensa, pela Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM):
A Peregrinação Internacional do Migrante e Refugiado a Fátima de 12 e 13 de Agosto próximo será presidida pelo delegado do Cardeal Lubomyr Husar, da Igreja Greco-Católica Ucraniana, o senhor bispo D. Dionisio Lachovicz, bispo-auxiliar do Arcebispo Maior de Kiev e Halytch e responsável pelas Comunidades Ucranianas no Exterior.
D. Dionísio Lachovicz realizará de 09 a 17 de Agosto uma visita pastoral às comunidades ucranianas em Portugal para conhecer melhor o seu caminho de integração social e religiosa. Também irá tecer uma série de encontros com entidades públicas e da sociedade civil: ACIME, SEF, Embaixada da Ucrânia, entre outras.
Por decisão da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, serviço pastoral que promove o evento em colaboração com a Diocese de Leiria-Fátima e Santuário, esta semana de sensibilização e encontro a realizar em todo o país será dedicada à Imigração proveniente da Europa de Leste.
Uma particular atenção será dada à recente imigração de trabalhadores e famílias ucranianas, às comunidades cristãs ucranianas em formação e ao diálogo ecuménico com a Igreja Ortodoxa, confissão cristã que dá os seus primeiros passos de presença organizada no nosso país e à qual pertence a maioria dos imigrantes eslavos. Os ucranianos são actualmente a segunda maior comunidade imigrante no país.
Da Ucrânia está prevista a participação de perto de uma centena de jovens católicos das dioceses de Kiev e Sokal que, por esta ocasião, peregrinam ao Santuário de Fátima, acompanhados pelo bispo D. Zenoviy Koltun.
A peregrinação deste ano, que será assim um sinal de comunhão efectiva com as Igrejas do Oriente de rito bizantino, integra-se na 34ª Semana Nacional de Migrações, que tem como lema: “Sinal de Tempos Novos”.
Para mais informações:
Pe. Mário Zavirski, capelão nacional : 96 48 87 911
Eugénia Quaresma, ocpm : 21 88 55 470
Manuel da Silva, Gabinete de Comunicação da OCPM


 
 
 
 

 
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HORÁRIOS

03 mai 2024

Missa, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

  • 18h30
Missa

Rosário, na Capelinha das Aparições

  • 18h30
Terço
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