23 de junho, 2017

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A Irmã Lúcia “é a cidadã portuguesa mais influente do século XX” afirmou a jornalista Helena Matos

Autora do documentário “Fátima povo que reza” foi uma das convidadas da tertúlia “Conversar Fátima 100 anos depois”

 

A jornalista e investigadora Helena Matos, autora do documentário da RTP “Fátima Povo que reza” afirmou esta noite em Fátima que a Irmã Lúcia de Jesus “é a cidadã portuguesa mais influente do século XX” tendo em conta “aquilo em que Fátima se tornou”.

“A vida que assumiu, as renúncias que fez ao longo da sua vida e tendo em conta tudo aquilo em que Fátima se tornou é definitivamente a pessoa mais influente do século XX”, disse a jornalista durante e tertúlia cultural “Conversar Fátima 100 anos depois”, que decorreu no Centro Pastoral de Paulo VI no âmbito do Congresso Internacional Pensar Fátima, na qual participaram também o bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. António Marto; o eurodeputado Paulo Rangel e o investigador Henrique Leitão, moderados pela jornalista Maria João Avillez.

“Lúcia é, assim, alguém a quem Fátima deve muito mais do que aquilo que aconteceu em 1917” acrescentou a investigadora que vê na Procissão do Adeus, característica de Fátima, “um dos maiores símbolos identitários de Portugal: tudo aquilo somos nós enquanto povo; a saudade e o adeus”.

A jornalista, que se afirma como não crente criticou ainda a “arrogância das elites em relação a Fátima” apresentando o acontecimento de Fátima como “uma grande lição de sobrevivência dos portugueses” que só “não é entendida por quem tem muitas certezas”.

“Fátima nunca foi uma mensagem fácil nem `friendly´(amigável) porque pressupõe um processo de transformação do indivíduo que está disposto a abrir-se ao outro, a sair de si e esta transformação nem sempre é fácil, sobretudo para quem tem muitas certezas sobre tudo na vida”.

A dimensão da conversão pessoal e da abertura ao outro, assumindo a responsabilidade por aquilo que o outro é, foi também uma das notas da intervenção de Henrique Leitão.

“A mensagem de Fátima dirige-se ao mais íntimo de cada um de nós apelando à reorientação do que somos, de quem somos e do que queremos” disse o historiador de ciência sublinhando que a beleza da Mensagem reside no facto de que “apesar de todos os esquemas que montamos e que nos são oferecidos para regular a nossa vida a verdade é que diante de Deus todos caímos e nos salvamos”.

“Apesar da ideia do pecado Fátima não é moralista e conta-nos uma história de salvação pessoal e da humanidade”, acrescentou destacando esta dimensão universalista da Mensagem que se prende com uma dimensão de responsabilidade social.

“Toda a história do mundo atravessa a história e o coração daquelas três crianças”, frisou.

A universalidade da Mensagem foi, de resto, um dos pontos sublinhados pelo eurodeputado Paulo Rangel para quem Fátima “é um acontecimento cristológico”, seguindo aquilo que é o cerne do cristianismo.

“Tal como Jesus é um messias improvável também aquelas três crianças pobres e analfabetas foram os escolhidos para a revelação” disse o parlamentar sublinhando que a Mensagem “está carregada do ADN do Cristianismo”.

“Deus revela-se sempre em cada um da forma que cada um possa compreender, e neste caso, revelou-se através de Nossa Senhora com uma mensagem simples: a de nos propor com toda a radicalidade se somos capazes de corresponder aos seus desígnios”, disse Paulo Rangel assumindo que a Mensagem de Fátima é profundamente evangélica.

Uma oportunidade para o bispo de Leiria - Fátima afirmar, uma vez mais, que a Mensagem “não é um novo evangelho acrescentado aos quatro já existentes” mas sim uma forma de Deus se manifestar, através de Nossa Senhora, lembrando-nos da sua misericórdia.

“É preciso não perder de vista o contexto em que esta Mensagem é dirigida à humanidade e à igreja num momento dramático da sua história  em que acontecem coisas inéditas,  a primeira guerra mundial, anunciando que se os homens não mudarem haveria outra (como houve), que foi cientificamente pensada e executada com o  genocídio de  milhões de vítimas  nos campos de extermínio, nos gulags soviéticos, na destruição da Igreja e no meio de tudo isto surge uma mensagem de misericórdia e de esperança que chegou do Céu” disse D. António Marto.

“Este grito do Céu, associado aos dons de Deus que têm de ser vividos e testemunhados para haver uma verdadeira conversão, fazem de Nossa Senhora uma mistagoga que nos inicia aquelas três crianças e a nós mesmos no mistério de Deus e é isso que Fátima nos propõe e que faz desta Mensagem uma mensagem atual”, disse ainda o prelado.

D. António Marto foi o primeiro interpelado por Maria João Avillez e lembrou que Fátima “é um fenómeno plural desde a sua génese”, lançando-nos três desafios: a oração através da atitude contemplativa de Francisco; misericórdia e compaixão através do sacrifício e da partilha de  Jacinta e a evangelização através de Lúcia que nos deu a conhecer este acontecimento.

“Todos somos convidados a sermos colaboradores de Nossa Senhora” e, por conseguinte, de Deus, acrescentou o bispo de Leiria-Fátima.

Aqui na Cova da Iria “Nossa Senhora vem-se oferecer e oferecer-nos os dons da misericórdia, da entrega e da paz para lidar com uma humanidade ferida”, conclui sublinhando ser esta a beleza da Mensagem de Fátima.

“Conversar Fátima 100 anos depois” foi o mote para uma conversa a cinco, que demorou cerca de hora e meia, na qual se procurou debater, de uma forma plural, o acontecimento de Fátima e as suas repercussões e atualidade no mundo de hoje.

O congresso Internacional do Centenário prossegue esta sexta feira. À noite haverá o concerto Cantar Fátima, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, pelo Coro Sinfónico Lisboa Cantat e a Orquestra Sinfónica Juvenil, sob direção de Christopher Bochmann.

O concerto, aberto ao público em geral, vai ter no programa obras de Joaquim dos Santos (1936-2008) inspiradas ou dedicadas a Fátima. O Concerto encerra com a interpretação do Ave de Fátima com orquestração de Yugo Matsumura. 

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