26 de setembro, 2024

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Católicos surdos da Europa reúnem-se em Fátima

Mais de 400 peregrinos surdos, de diversas nacionalidades, participam na II Peregrinação Europeia de Pessoas Surdas, que se realiza no Santuário de Fátima até ao próximo domingo.

 

Inicia, hoje, ao fim da tarde, a II Peregrinação Europeia de Pessoas Surdas, que este ano se realiza no Santuário de Fátima. Até ao próximo domingo, a Cova da Iria vai ser lugar de encontro de peregrinos de diversas geografias, numa peregrinação que pretende ser “um momento de encontro, de convívio e de partilha”, como referiu o reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas.

A organização do encontro está a cargo dos Católicos Surdos da Europa, que foram pela primeira vez  desafiados a esta paregrinação em 2015, tendo o primeiro encontro sido realizado em Lourdes, França, três anos depois. A primeira peregrinação juntou cerca de 400 pessoas surdas de diversas geografias da Europa e um grupo de 25 peregrinos da Coreia do Sul, conta ao Gabinete de Comunicação do Santuário o diácono Pierre Van Duyse.

A primeira peregrinação realizou-se em 2018, em Lourdes, numa iniciativa do coletivo Católicos Surdos da Europa (CSE),

“Foi uma experiência inédita. Estive entre cerca de 400 peregrinos surdos: alemães, espanhóis, húngaros, irlandeses, italianos, franceses, bem como um grupo de 25 surdos da Coreia do Sul”, recorda o diácono Pierre Van Duyse, que é membro dos CSE e que também está na Cova da Iria por estes dias.

Foi a experiência da primeira peregrinação que o fez regressar a este encontro, idealizado para se realizar a cada dois anos, mas que a pandemia e a realização das Jornadas Mundiais da Juventude obrigaram a adiar para 2024.

“É muito importante reunir os surdos católicos da Europa”, afirma o diácono francês, que perspetiva esta peregrinação como uma oportunidade para as pessoas surdas saciarem a “sede que têm da Palavra de Deus recebida através da comunicação gestual”.

 

Uma oportunidade para rezar e solidificar a comunidade

Para o presidente da CSE, o espanhol Miguel Garcia, estes encontros são oportunidades para fomentar a união entre os católicos surdos da Europa e para dinamizar a pastoral das pessoas surdas do país que acolhe a peregrinação.

“Rezar, partilhar experiências, aprender, conhecer a história da Virgem de Fátima ou conhecer surdos de outros países solidifica a comunidade e facilita a aproximação a Deus e a evangelização entre as pessoas surdas”, explica, ao justificar a escolha de Fátima pela importância e dimensão que tem e da visibilidade que pode oferecer a esta realidade concreta.

Entre os grupos de peregrinos estrangeiros está um proveniente da Suécia, composto por 23 pessoas: 17 pessoas surdas, 3 filhos de pais surdos e 3 intérpretes.  A acompanhar o grupo está o diácono Edison Shadabi, que traz a este encontro expetativas pessoais elevadas.

“Viemos partilhar a nossa fé, amor e esperança e espero que, após esta peregrinação, os católicos surdos possam espalhar a Palavra de Deus em língua gestual por toda a Europa, rezar mais, fortalecer a sua fé e participar com maior entusiasmo na Eucaristia e nas atividades da Igreja”, assume.

Da Hungria, a acompanhar um grupo de sete peregrinos de Budapeste, está o padre Sandor Nagy, que regularmente assiste os católicos surdos daquela arquidiocese. Em Fátima, conta também colaborar no que for necessário.

“Como sacerdote, posso ajudar nas celebrações, tornando-as mais acessíveis ou confessar em língua gestual”, refere o sacerdote húngaro, que espera encontrar em Fátima “mais irmãos e irmãs surdos, com quem possa rezar pela intercessão da Virgem Maria”.

De Fátima já conhecia a história, que conta com frequência aos seus alunos, na catequese, mas, nesta sua primeira vinda à Cova da Iria traz uma prece especial, ao recordar-se de uma data particularmente especial para a comunidade surda do seu país.

“A 8 de dezembro de 1973, na festa da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria, foi realizada a primeira missa interpretada por língua gestual, na qual os irmãos e irmãs católicos surdos puderam participar sem barreiras. Em Fátima, desejo pedir especialmente a intercessão da Virgem Maria, para que eu possa continuar a servir as pessoas surdas como pastor.”

 

“Há ainda muito a fazer dentro da Igreja”

Embora tenham observado avanços em seus países em relação à plena participação das pessoas surdas nas celebrações litúrgicas, estes peregrinos reconhecem que há ainda muito a ser feito, nomeadamente na aprendizagem da língua gestual.

“Graças à disponibilidade de muitas pessoas, sinto que, passo a passo, estamos a progredir no caminho e uma maior integração e acessibilidade, mas há ainda muito a fazer dentro da Igreja”, reconhece o padre Sandor Nagy.

“Além da falta de intérpretes, nota-se o desconhecimento da realidade das pessoas surdas por parte de sacerdotes e bispos”, refere Miguel Garcia, que aponta a aprendizagem da língua gestual e uma maior empatia pela realidade das pessoas surdas como a atitude ideal para uma maior e melhor inclusão na vida cristã.

“Precisamos que a Palavra de Deus chegue a todas as pessoas surdas e é necessário reforçar a acessibilidade da língua gestual para o Evangelho, a fé católica e a doutrina”, constata o diácono Edison Shadabi, ao reforçar a importância de as pessoas surdas poderem receber a Boa Nova na sua própria língua, diretamente na Igreja.

No Santuário de Fátima, o diácono sueco sabe que irá encontrar um espaço que assume a acessibilidade das pessoas surdas como prioridade e também por isso, espera regressar à Cova da Iria, depois da peregrinação, com um grupo maior.

“Há muitos surdos que gostariam de fazer uma peregrinação a Fátima, e espero que possamos organizar outra viagem de peregrinação para aqueles que perderam esta oportunidade no futuro”, conclui.

No âmbito do programa desta peregrinação, tem lugar, esta sexta-feira, às 21h15, no auditório do Centro Pastoral de Paulo VI, um bailado contemporâneo sobre o acontecimento e a mensagem de Fátima, um espetáculo de entrada gratuita e aberto ao público em geral.

A II Peregrinação Europeia de Pessoas Surdas é organizada pelos Católicos Surdos da Europa e conta com o apoio do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência da Conferência Episcopal Portuguesa e do Santuário de Fátima, que há cerca de uma década organiza a Peregrinação da Comunidade Surda portuguesa à Cova da Iria.

 

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