29 de agosto, 2021

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“Estamos aqui em Fátima para nos deixar iluminar e purificar o coração”, afirma cardeal-vigário da diocese de Roma

D. Angelo de Donatis presidiu à missa dominical no recinto de oração, na qual participou um grupo expressivo de peregrinos da diocese de Roma, que assim retoma simbolicamente as peregrinações organizadas a Fátima

 

A diocese de Roma organiza pela primeira vez depois da pandemia a sua primeira grande peregrinação a Fátima, retomando as peregrinações à Cova da Iria, desta vez com a particularidade de ser presidida pelo cardeal-vigário de Roma, D. Angelo de Donatis.

Embora tenha um programa próprio, com missas, catequeses e momentos de oração em vários espaços do Santuário, o grupo participou esta manhã na missa internacional no recinto de oração. Na homilia, lida em português pelo reitor do Santuário de Fátima, o cardeal assinalou o propósito desta peregrinação: “Estamos aqui em Fátima para nos deixarmos iluminar” e Fátima é, por isso “um presente para nós”.

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“Do alto acolhemos os dons de Deus em nós, como esta terra, que, há pouco mais de um século, acolheu a Virgem Maria” afirmou ao salientar que, da Cova da iria brota uma luz que ajuda a purificar os corações e a devolver a esperança: “É a luz que, como um manto, envolveu Lúcia, Jacinta e Francisco. É a luz da beleza do Céu que a Virgem Maria revelou aos pastorinhos, aos quais tinha mostrado também o horror do inferno de quem segue uma vida sem Amor e que profana Deus nas suas criaturas”.

A partir da liturgia deste domingo, e muito centrado na mensagem de Fátima e nos seus protagonistas, o prelado lembrou as dificuldades do tempo presente e apelou à esperança, exortando à oração e à conversão.

“Passámos e estamos ainda a viver um tempo difícil para a humanidade. Sentimos tanto cansaço no corpo e na alma. Por isso, trazemos a Deus as preocupações e angústias do mundo, mas sobretudo as nossas alegrias e esperanças” referiu o cardeal-vigário, D. Angelo de Donatis.

O responsável pela diocese de Roma sublinhou, a este propósito, a necessidade de conversão, que não se alcança apenas pelo cumprimento de ritos e de regras mas de um encontro com Deus e com os irmãos. O cardeal alertou para o perigo do farisaísmo, de uma “religião estéril”, que apresenta um Deus “terrível, horrível e que não usa da misericórdia”.

“Os fariseus estão sempre presentes na história” advertiu o cardeal exortando os presentes a uma atitude distinta: “Devemos fugir do farisaísmo, segundo o qual podemos levantar-nos sozinhos, com um voluntarismo sem a obra da graça, que nos faz dizer ou pensar: ‘é preciso fazer isso, eu vou fazer isto’. O Senhor chega por outros caminhos”.

“É preciso purificar a nossa alma das falsas imagens de Deus para poder começar um verdadeiro caminho de vida autêntica”, afirmou o cardeal-vigário de Roma, destacando que é ténue a fronteira entre o bem e o mal.

“As mãos do homem, daquele que trabalha a terra, daquele que toca, daquele que cuida do corpo dos doentes, do pedreiro, do motorista, do sacerdote… todas se sujam, todas devem ser lavadas; as mãos abertas ao dom, às caricias do amor, as mãos juntas na oração, bem como as mãos fechadas em punho que matam, as mãos que torturam, as mãos que contam o dinheiro sujo… Todas, lavadas, têm exteriormente uma idêntica aparente pureza. Mas a diferencia está no coração”, afirmou.

“A fronteira entre a vida moral e imoral não passa por mãos lavadas, mas pelo coração, o mundo interior do homem, a sua mente, a sua consciência, o lugar da relação com Deus e das decisões pela vida. Se o coração é impuro saem todos os vícios humanos; mas se o coração é purificado, do coração sai sobretudo toda a espécie de virtude”, disse ainda.

Por isso, conclui, “estamos aqui em Fátima: para purificar o coração”.

“Somos convidados a olhar a pureza do Francisco e da Jacinta não só porque eram crianças, não só porque viram a Virgem Maria, mas porque fizeram um caminho sério e profundo de comunhão com Deus” afirmou D. Angelo de Donatis ao recordar brevemente a biografia dos dois irmãos, que perderam a vida vítimas da gripe espanhola.

“Neste tempo de pandemia do mundo, podemos sanificar as nossas mãos uma infinidade de vezes, evitando o contágio da doença, mas se não purificarmos o coração deixamos a passagem livre ao Mal”, disse.

E concluiu: “Fátima é um dom para nós: aqui deixamo-nos tocar pelo Criador da luz, colocando-nos sob à proteção da Virgem Mãe, pedindo-Lhes que nos mostram Jesus. E assim voltaremos para as nossas casas e para a nossa vida quotidiana, iluminados, curados e salvos pelo Único que, neste recomeço de ano e para todo o tempo que nos é dado viver, pode nos dar um coração novo”.

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Além do grupo da diocese de Roma fizeram-se anunciar no recinto de oração dois grupos de Espanha, apresentados no inicio da celebração pelo próprio Reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas.

Esta missa foi concelebrada pelo cardeal D. António Marto, bispo da diocese de Leiria-Fátima e por dois bispos, além de inúmeros sacerdotes espanhóis e italianos. O prelado de Leiria-Fátima fez uma breve saudação aos peregrinos, nas línguas espanhola e italiana, na qual agradeceu a presença do cardeal-vigário de Roma, “uma pessoa próxima do Papa Francisco”.

“Se para vós é um presente estar em Fátima, para nós é uma grande alegria receber-vos e ter-vos como presidente desta celebração, na qual escutámos a bela mensagem que transmitiu durante a homilia”.

No final da celebração o cardeal Angelo de Donatis, que se encontrou com o Papa na quinta-feira, antes da partida para Fátima deixou a bênção apostólica do Santo Padre e renovou o pedido de oração por Francisco, aqui em Fátima. 

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