29 de dezembro, 2020

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Fátima afirmou-se como lugar e esperança, na janela que manteve aberta para o mundo

As redes digitais, com transmissões diárias da Cova da Iria, tornaram o santuário do tamanho do mundo. Em casa estivemos mais próximos.

 

Neste ano de 2020, em que se celebrou no Santuário de Fátima o centenário da morte de Santa Jacinta Marto, vítima da gripe espanhola, que assolou a humanidade no início do século passado, imediatamente após as aparições na Cova da Iria, o mundo voltou a conhecer as consequências abruptas do surgimento de uma pandemia.

Quando, a 11 de março, a Organização Mundial da Saúde declarou a situação de doença provocada pelo coronavírus SARS-COV 2 como uma pandemia, o mundo não voltou a ser o mesmo, e Fátima viveu o seu ano mais atípico desde 1917: pela primeira vez na sua história a emblemática peregrinação de maio foi celebrada de portas fechadas sem a presença física de Peregrinos.

O primeiro caso de infeção por SARS-COV 2 no nosso país foi declarado nos primeiros dias de março, e, com ele, teve início todo um processo de confinamento público sem precedentes. Numa decisão inédita, em conformidade com as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), o santuário de Fátima suspendeu as celebrações com peregrinos. As duas missas e os dois terços, transmitidos diariamente através dos meios de comunicação social e digitais passaram a ser celebrados à porta fechada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. aproximando o Santuário do mundo inteiro e levando a mensagem a uma audiência ainda mais alargada.

 

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Um início de ano auspicioso

Quando o ano começou, logo no dia 12 de janeiro, teve lugar a primeira edição dos Encontros da Basílica de 2020, e a Irmã Sandra Bartolomeu, religiosa da Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima que foi oradora, falou da espiritualidade e da luz de que Fátima é sinónimo, apresentando o acontecimento da Cova da Iria como “uma mão estendida de Deus na história”.

Na conferência, que teve como título “Viver nessa luz que é Deus”, a oradora, abordou a importância da oração como “o espaço e o passo sem igual e sem o qual não se pode nascer de novo, isto é, entrar na dança de Deus com Deus. Nascida no silêncio, é na oração que o `eu´ pode escutar a voz de Deus, (…) e quanto mais a voz de Deus brilha aos nossos ouvidos, mais ela nos silencia”, referiu, ao lembrar o apelo insistente à oração deixado durante as Aparições de Fátima”.

Nesse mesmo mês, partia uma imagem da Virgem Peregrina de Fátima para a Nicarágua, numa viagem inédita desejada desde a década de 80 do século passado que nunca se concretizou devido a hostilidades políticas.

“Estamos a enfrentar uma situação social e política muito difícil. É um momento de desesperança. Esta viagem é o que a Nicarágua precisa: a Virgem há de nos servir de consolo, levando a paz aos corações dos homens”, referiu à Sala de Imprensa do Santuário o responsável pela Misión Fátima Nicarágua, Norlan Herrera Blandón. Mal sabia este leigo que o jubileu mariano que o Papa tinha declarado para esta viagem iria ser novamente um momento de alguns constrangimentos devido ao novo tumulto provocado por esta pandemia.

A 11 de fevereiro, o Santuário de Fátima celebrou o Dia Mundial do Doente, com um programa especial, e o Reitor, na homilia que fez na Missa com a Unção dos doentes, lembrou que apesar da doença e do sofrimento serem realidades presentes na vida há sempre a certeza do consolo de Deus para as aliviar.

“Aqui em Fátima, Nossa Senhora foi, desde início, a intercessora a quem os doentes recorreram. Já nas aparições, a Lúcia pede por alguns doentes e a partir daí foi sempre crescendo o número de pedidos de intercessão e o número de doentes que se deslocavam a Fátima, para pedir a ajuda materna de Nossa Senhora na situação de sofrimento em que se encontravam; para pedir a força necessária para enfrentar as situações de fragilidade em que se viam mergulhados” assinalou o padre Carlos Cabecinhas.

Até ao início de março, o cumprimento do calendário previsto para o novo ano pastoral 2019/2020, em que o Santuário de Fátima se propusera a “Dar Graças por viver em Deus”, a partir dos exemplos dos santos Francisco e Jacinta Marto, fazia prever um ano abundante e frutuoso em dinamismos pastorais.

No 42º Encontro de Hoteleiros e responsáveis de Casas Religiosas que Acolhem Peregrinos, a 6 de fevereiro, as estatísticas referentes ao ano de 2019 apresentavam uma estabilização consolidada das peregrinações à Cova da Iria seja de forma organizada, com 6,3 milhões de peregrinos em 2019.

Nos primeiros 70 dias de 2020 realizou-se em Fátima: o “Workshop do Movimento brota a Música”, que uniu a Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima e o Coro Infantil da Universidade de Lisboa; a 39.ª edição do Encontro de Guias-intérpretes, que juntou cerca de 80 participantes à volta da "Iconografia da Virgem Maria"; a II Jornada de Arquivo do Santuário de Fátima, onde 150 participantes puderam apreciar documentação inédita do Núcleo Audiovisual do Arquivo do Santuário; e o centenário da morte de santa Jacinta Marto, que era assinalado em iniciativas transversais, como foi o VI Concerto evocativo dos Três Pastorinhos de Fátima ou a inauguração de um memorial a ela dedicado, no Hospital D. Estefânia, em Lisboa.

A Basílica da Santíssima Trindade acolheu no dia 20 de fevereiro a eucaristia da Festa Litúrgica dos Santos Francisco e Jacinta Marto, presidida pelo Cardeal D. António Marto, bispo da diocese de Leiria-Fátima, que confessou ter o “Coração em Festa” por esta tão “bonita” efeméride.

“O testemunho de vida destes dois santos Pastorinhos é o melhor comentário vivo do evangelho hoje proclamado”, disse o prelado, uma vez que Francisco e Jacinta personificam a ideia do que é entrar no Reino dos Céus.

O Cardeal D. António Marto, fez a bênção das imagens dos Santos Francisco e Jacinta Marto que, estiveram expostas à veneração dos fiéis na Capelinha das Aparições.

 

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Um sinal de esperança nos tempos difíceis

O anúncio da decisão de suspensão de todas as celebrações litúrgicas, no início de março, coincidiu com a peregrinação mensal de 13 de março na Cova da Iria. Na homilia da Missa da Peregrinação, a última com peregrinos até ao final do confinamento a 30 de maio, o vice-reitor do Santuário lembrava na homilia uma das frases que Nossa Senhora dissera aos Pastorinhos, e que iria ecoar nos dias difíceis que se seguiam.

“Não desanimes, eu nunca te deixarei’”, recordou, na ocasião, o padre Vítor Coutinho, ao constatar a “inquietação, o medo e insegurança, naturais às dificuldades de saúde que então se enfrentavam”.

Nos dias que se seguiram, o país e grande parte do mundo católico fecharam portas num confinamento sem igual na era da globalização, e as quatro celebrações que o Santuário de Fátima assegurou, a partir de então, através de transmissão em direto, nos meios de comunicação social e nos seus canais digitais, eram fonte de esperança num início de “tempos inéditos, de provação, que alteram completamente o ritmo habitual das vidas”.

Ao reconhecer o isolamento social como uma das principais formas de prevenir o contágio, e constatando a suspensão em todo o país das celebrações litúrgicas comunitárias, o Santuário de Fátima pretendeu, deste modo, mitigar esse isolamento, levando até às pessoas que se encontravam em casa o “conforto deste colo materno que encontram na Cova da Iria”.

“As contingências do momento presente impedem-nos do encontro com Cristo na Eucaristia. São circunstâncias que nos exigem criatividade e, por isso, constituem um desafio a procurarmos mais intensamente esse encontro na escuta da Palavra de Deus, na Oração e na atenção aos outros”, afirmou o padre Carlos Cabecinhas na homilia da primeira missa dominical celebrada no Santuário de Fátima, desde a sua criação, sem assembleia.

Esperança foi também o que os elementos da Schola Cantorum Pastorinhos Fátima pretenderam trazer neste novo tempo, através de uma música interpretada em vídeo gravado a partir de casa, numa iniciativa que também data em que se realizava o XII Encontro de Coros Infantis, entretanto cancelada.

A 25 de março, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, cumpria-se um dos momentos mais marcantes do ano que agora termina, com a consagração de Portugal e de Espanha ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria, pedindo o Seu auxílio e proteção no momento de tribulação que se vivia. O momento foi presido pelo cardeal D. António Marto, que pediu a intercessão à Mãe de Deus pelas “vítimas diretas e indiretas” da pandemia; pelos “profissionais de saúde; pelas “autoridades, e por todas as famílias”. Ao pedido dos bispos portugueses e espanhóis juntaram-se ainda mais 20 países na oração de consagração: Albânia, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Eslováquia, Guatemala, Hungria, Índia, México, Moldávia, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Polónia, Quénia, República Dominicana, Roménia e Timor Leste, muitos deles intimamente ligados a Fátima e à sua Mensagem.

Convidando os peregrinos a viver Fátima na luz da Páscoa, em casa, o Santuário garantiu, de igual modo, a transmissão em direto das celebrações do Tríduo Pascal, a partir da Cova da Iria.

“Esta celebração vem recordar-nos a necessidade de não nos fecharmos em nós próprios; a necessidade de irmos em auxílio dos doentes, de ajudarmos os que estão sós, de apoiarmos as pessoas e famílias que vivem situações económicas angustiantes. Não podemos ignorar isto!”, afirmava o padre Carlos Cabecinhas, na Missa da Ceia do Senhor.

 

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Um Santuário do tamanho do mundo, num dos momentos mais difíceis da sua história

Dez dias depois da Semana Santa, no contexto de emergência que o país e o mundo atravessavam devido à pandemia, o bispo de Leiria-Fátima anuncia, comovido, a decisão inédita de realizar a peregrinação de maio sem peregrinos.

“Suspender esta peregrinação de maio nos moldes habituais é um ato de responsabilidade pastoral e também um profundo ato de fé, que comunico com o coração em lágrimas, porque sei da importância deste momento, em particular para tantos milhares de peregrinos que aqui vêm em busca de um alimento, de conforto e de paz para o ano inteiro. Esta decisão assenta no respeito pelos próprios peregrinos, por todos nós, pelo bem comum da saúde pública e reflete a nossa fé de cidadãos responsáveis e solidários. Este tempo ordena-nos que fiquemos em casa”, afirmou, na ocasião, o cardeal D. António Marto.

“Hoje, estamos a iniciar a peregrinação mais difícil e interpeladora deste Santuário”, disse o bispo de Leiria-Fátima, no encontro com os jornalistas que marcou o arranque da Peregrinação Internacional Aniversária de Maio de 2020.

A ausência de peregrinos mostrou um Recinto de Oração despido daqueles que lhe dão vida logo na noite de 12 de maio, apesar do milhar de velas que delimitavam os contornos daquele espaço celebrativo em jeito de evocação: “O Santuário de Fátima, hoje e amanhã, é do tamanho do mundo” disse D. António Marto.

O vazio foi o mesmo no dia seguinte e a neblina que caia sobre o Recinto de Oração não chegou para esconder o vazio que se sentia pela ausência física da habitual multidão.

“Pela primeira vez na história, desde 1917, neste grande dia 13 de maio, o teu povo amado, Senhora nossa, vindo dos mais diversos ângulos do mundo não pode estar aqui, em multidão, impedido pelos riscos da saúde pública. De repente, algo que nem sequer podíamos imaginar confina-nos nas nossas casas e priva-nos dos momentos mais desejados e afetuosos da vida, como este que vivemos cada ano junto ti, ó terna mãe”, afirmava o bispo de Leiria-Fátima, na homilia.

“Mãe querida, queremos agradecer-te esta peregrinação interior, a luz, a esperança, a consolação e a paz de Cristo que levas às nossas casas. Hoje fazes tu o caminho da ida; o caminho da volta fá-lo-emos nós quando superarmos esta ameaça que no-lo impede. Voltaremos: é a nossa confiança e nosso compromisso. Voltaremos…Sim, voltaremos! É a nossa confiança e o nosso compromisso, hoje. Voltaremos, juntos aqui, em ação de graças, para te cantar: ‘aqui vimos, mãe querida, consagrar-te o nosso amor’!”, disse ainda.

No final da celebração, após a habitual saudação aos peregrinos, nas diversas línguas, o cardeal D. António Marto leu uma carta que o Santo Padre enviou aos peregrinos de Fátima, neste 13 de maio.

Durante este período de confinamento global, foram canceladas inúmeras iniciativas agendadas para 2020, entre elas a Peregrinação das Crianças, que reúne, a cada 10 de junho, milhares de pequenos peregrinos na Cova da Iria. Na impossibilidade de a cumprirem neste ano, o Santuário desafiou-as a fazer a “Peregrinação do coração: a alegria de ser santo”, onde sublinhou, através de vídeos realizados para esta faixa etária, que a “primeira e mais importante das peregrinações é possível de realizar mesmo a partir de casa, pois acontece na abertura e transformação do coração em Deus”.

 

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Um tempo novo

Findo o período de confinamento nacional, e em harmonia com o calendário estabelecido pelas autoridades, o Santuário de Fátima iniciou um processo de abertura progressiva aos peregrinos, com novos horários e regras de higiene e segurança bem definidas.

A 19 de maio, o Museu do Santuário, a exposição temporária “Vestida de Branco”, dedicada à Imagem centenária de Nossa Senhora de Fátima, as casas de São Francisco e Santa Jacinta Marto, da Irmã Lúcia e a Casa-Museu de Aljustrel abriram portas.

As celebrações comunitárias seriam retomadas a 30 de maio, com a decisão de concentrar na Basílica da Santíssima Trindade a maioria das Missas do programa oficial.

“Vivemos um tempo novo… Hoje, queria convidar-vos a vir ao Santuário de Fátima, estaremos à vossa espera para vos acolher com segurança... Todos vós sereis bem-vindos!”, disse o reitor do Santuário, numa mensagem onde eram anunciadas algumas das medidas adotadas pelo Santuário de Fátima para lidar com a “nova normalidade”, tais como o uso obrigatório de máscara nos espaços fechados e durante as celebrações e a sinalização dos percursos.

Neste dia, Fátima foi um dos santuários marianos espalhados pelos cinco continentes que se juntou ao Papa Francisco na oração do Rosário como forma de assinalar o mês de Maria e pedir a consolação de Nossa Senhora para enfrentar a pandemia provocada pela Covid-19. A iniciativa deste Rosário especial partiu do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização (Santa Sé), cujo presidente, D. Rino Fisichella, enviou uma carta aos reitores dos santuários, pedindo que participassem na recitação do Rosário, de acordo com as medidas locais de saúde. Durante este Rosário, o Papa esteve na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, nos Jardins do Vaticano, e juntaram-se na emissão televisiva para todo o mundo, além do Santuário de Fátima, os Santuários de Lourdes (França), Aparecida (Brasil) e Guadalupe (México), entre outros.

A primeira Peregrinação Internacional Aniversária do ano a ser celebrada com a presença de peregrinos seria a de 13 de junho, data em que também se assinalou o centenário da primeira escultura de Nossa Senhora de Fátima, que pôde ser contemplada de perto, nesse mesmo dia, pelos peregrinos que visitaram a exposição temporária “Vestida de Branco”.

A necessidade de novas regras sanitárias no convívio social começou, nos meses de verão, a ser uma realidade presente para a maioria das pessoas, que, progressivamente, começaram também a estar nos espaços públicos e religiosos. Com esta abertura, o dia-a-dia do Santuário, que bate ao ritmo da presença dos peregrinos, começou a ganhar nova vida.

Entre 8 a 10 de julho, a 5.ª edição do Curso de Verão abordou o tema “Fátima e a Arte: o Santuário, a Iconografia, a Cidade e a Museologia”, com a proposta a ter lugar no auditório do Centro Pastoral de Paulo VI, por forma a garantir a participação do maior número de pessoas, garantindo a medidas de segurança previstas.

Na Peregrinação Internacional Aniversário de 13 de julho, “ainda debaixo da nuvem da pandemia, que trouxe incerteza e preocupação”, o bispo auxiliar do Porto, D. Vitorino Soares lembrava que “a mensagem de Fátima nos recorda o desafio que a história e a humanidade tanto esquecem: precisamos uns dos outros. Precisamos uns dos outros”.

No dia 26 de julho, a vice-postuladora da Causa de Canonização da irmã Lúcia, Irmã Ângela Coelho, proferiu uma conferência intitulada “Lúcia de Jesus, uma vida plena de Luz”, na qual abordou o “aparente paradoxo” que ao longo da sua vida a mais velha dos videntes de Fátima desenvolveu:  saber-se profeta da mensagem que o Céu lhe entregava e sentir crescer dentro de si a vocação para a vida contemplativa no Carmelo.

Também a Escola do Santuário viu, neste tempo, uma janela de oportunidade para a realização de dois retiros que tinha previsto realizar, entre julho e agosto.

Foi em pleno verão que Santuário voltou a proporcionar a experiência de voluntariado na Cova da Iria a jovens, através de um Projeto SETE, cumprido apenas num turno único, durante a Peregrinação Internacional Aniversária de Agosto.

A terceira Peregrinação Aniversária trouxe à Cova da Iria um vislumbre das habituais multidões. D. José Traquina, Bispo de Santarém, que presidiu às celebrações da peregrinação que também assinala a 48ª Peregrinação nacional dos Migrantes e Refugiados, lançou um apelo ao acolhimento e respeito dos estrangeiros.

Um mês depois, durante a Peregrinação Aniversária de 12 e 13 de setembro, também a comunidade surda se fez presente na sua peregrinação anual, com os peregrinos surdos a serem pela primeira vez integrados no programa oficial. As celebrações foram presididas pelo Bispo Emérito de Santarém, D. Manuel Pelino, que deixou um apelo insistente à reconciliação, com vista à fraternidade.

A afluência de milhares de peregrinos à Cova da Iria obrigou, pela primeira vez, a que o Santuário de Fátima encerrasse as entradas, a meio da celebração, ativando o plano criado no âmbito da pandemia da COVID19, que previa (e prevê) uma ocupação segura para o Recinto de Oração. A situação levou o Santuário a criar um conjunto de medidas adicionais para a última Peregrinação do ano, a 12 e 13 de outubro, reforçando o Plano de Contingência já existente desde maio, o que resultou numa limitação do Recinto de Oração a cerca de 6 mil peregrinos.

A 7 de outubro, o Papa Francisco lembrou, na audiência pública semanal, que decorreu no Auditório Paulo VI, no Vaticano, as aparições de Fátima, para pedir aos católicos que rezassem o Rosário, nestes tempos de pandemia, e que a sua vida fosse um “serviço de amor” ao próximo, especialmente aos mais desprotegidos.

O Santo Padre lembrou que, nas suas aparições, "Nossa Senhora exortou muitas vezes à recitação do Rosário, especialmente perante as ameaças que pairavam sobre o mundo. Também hoje, neste momento de pandemia, é necessário ter o Rosário nas mãos, rezando por nós, pelos nossos entes queridos e por todas as pessoas”,

As saudações do Sumo Pontífice recordaram a festa de Nossa Senhora do Rosário.

 

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O fim do verão e um novo equilíbrio

A exemplo do que havia sido feito em maio, quando a Peregrinação se cumpriu sem a presença física de peregrinos, e em agosto, com a ausência da maioria dos emigrantes, o Santuário disponibilizou também para a Peregrinação de outubro uma dezena de passos diários, em formato de podcast, com vista a uma Peregrinação pelo Coração, para aqueles que não puderam vir à Cova da Iria.

Os seis mil peregrinos que se fizeram presentes a 12 e 13 de outubro na Cova da Iria, corresponderam com responsabilidade às delimitações dos espaços e às regras sanitárias definidas para evitar o perigo de contágio.

A presidir às celebrações esteve D. José Ornelas, o novo bispo responsável pela Conferência Episcopal Portuguesa, que criticou as atitudes “manipuladoras e populistas” de alguns líderes políticos, perante a pandemia.

“Durante esta pandemia, a par da mais heroica abnegação e generosidade de tanta gente, têm-se manifestado também muitas e poderosas atitudes manipuladoras, populistas, interesseiras e egoístas, sem remorso de usar o sofrimento, o desconcerto, a desorientação, para daí tirar dividendos políticos e económicos, criando mesmo conflitos”, referiu D. José Ornelas, bispo de Setúbal, na celebração da vigília do primeiro dia da Peregrinação Internacional Aniversária de outubro que é celebrada debaixo de fortes restrições devido à Covid-19.

D. José Ornelas, que presidiu à Peregrinação Internacional Aniversária de outubro, em Fátima, disse que, para além da pandemia de covid-19 e de outras que aconteceram ou podem acontecer, existem “muitos monstros pandémicos que põem em perigo a vida e o futuro de todos”.

Na habitual mensagem aos peregrinos, no final da peregrinação, o bispo de Leiria-Fátima agradeceu o “espetáculo de beleza e exemplo cívico, de fé cristã e de amor ao próximo” protagonizado pelos peregrinos, os que estiveram fisicamente em Fátima, mas sobretudo aos que optaram por ficar em casa unindo-se espiritualmente à Cova da Iria.

“Parabéns pelo vosso testemunho forte da vossa fé. A devoção filial a Nossa Senhora e o fervor da vossa oração enchem todo este Recinto, com o calor do vosso amor a Deus e aos irmãos.”

O fim do verão trouxe um agravamento da situação da pandemia no país e, com ela, a necessidade de implementação de medidas mais apertadas, também no Santuário de Fátima por fazer parte de um concelho de risco elevado. Foi por isso que, embora tivesse garantidas todas as condições de segurança para a realização da 15.ª edição do Curso sobre a Mensagem de Fátima, para a qual já havia 250 pessoas inscritas, o Santuário tomou a decisão responsável de adiar a edição agendada para meados de novembro.

Neste novo período, marcado pelo aumento dos contágios na Europa e no país, e perante o Estado de emergência declarado pelo Governo, o Santuário de Fátima Santuário de Fátima ajustou o horário e cancelou algumas celebrações e eventos que tinha previsto para os últimos meses de 2020.

No dia 14 de novembro o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse em Fátima que a atual pandemia veio reforçar o valor da vida e deve mobilizar a sua defesa de forma “incondicional, com responsabilidade, competência e generosidade”.

“A pandemia que está a condicionar todo o planeta coloca-nos diante da evidência do dom precioso que é a vida humana e de todas as capacidades de que somos capazes para a defender, mas igualmente da fragilidade do nosso ser individual”, disse D. José Ornelas na homilia da missa a que presidiu hoje em Fátima, em sufrágio pelas vítimas da pandemia.

A celebração contou com a presença de 21 bispos, entre eles o Núncio Apostólico em Portugal; do reitor do Santuário de Fátima e a participação do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; do primeiro-ministro, António Costa e de várias entidades públicas que se quiseram associar a esta homenagem de oração pelas vítimas, diretas ou indiretas, da pandemia que não são “números de uma estatística”.

No final da celebração, em declarações aos jornalistas já fora da Basílica da Santíssima Trindade, o Presidente da república elogiou o “comportamento exemplar” da Igreja Católica durante a atual pandemia.

As regras particularmente impostas ao concelho de Ourém obrigaram a um novo ajuste, nomeadamente na sessão de abertura do novo ano pastoral de 2020-21, que teve de ser realizada sem a presença de convidados e apenas transmitida através dos meios de comunicação digital do Santuário. Também a inauguração da nova exposição temporária do Santuário de Fátima: “Rostos de Fátima: fisionomias de uma paisagem espiritual” apenas pôde contar com a presença de um grupo reduzido de convidados e colaboradores do Santuário.

“O vírus não pode extinguir o amor, a esperança e a alegria natalícias”, afirmava o cardeal D. António Marto ainda em tempo de Advento. Com esse objetivo sempre presente, o Santuário de Fátima criou condições para que, nos seus espaços celebrativos, o Tempo de Natal fosse vivido de forma especial e no estrito cumprimento das normas sanitárias em vigor.

 

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Um ano desafiante, vivido em casa

Durante este ano desafiante de 2020, foram muitas as dinâmicas que não chegaram a realizar-se devido aos constrangimentos impostos pela nova realidade, nomeadamente: as Jornadas Internacionais “As Crianças, a morte e o luto”, previstas para o início de maio; e a iniciativa “Vem para o Meio”, através da qual o Santuário oferece férias a pais de pessoas portadoras de deficiência.

Apesar da situação de contingência e devido à sua calendarização, os cinco encontros previstos para edição deste ano dos Encontros na Basílica realizaram-se na íntegra, numa proposta que desafiou os peregrinos a refletir sobre a vida de santa Jacinta Marto.

No ano que agora finda, a memória dos santos Pastorinhos ganhou renovada visibilidade, com a lançamento de réplicas das esculturas de Santa Jacinta Marto e São Francisco Marto.

A exposição temporária “Vestida de Branco”, que assinalou o centenário da primeira escultura de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que se venera na Capelinha das Aparições, apesar de ter estado encerrada durante 3 dos 11 meses previstos para a sua exibição, foi vista por mais de 100 mil pessoas. A mostra, que reuniu as mais belas imagens da Virgem Maria, numa reflexão sobre a relação entre a arte e a devoção, “foi, entre as exposições que o Museu do Santuário de Fátima levou a cabo, a que mais interesse gerou por parte dos peregrinos de Fátima e também por parte da comunidade científica”, constatava, no final, Marco Daniel Duarte, comissário da Exposição e Diretor do Museu do Santuário.

No dia 11 de dezembro o Museu do Santuário de Fátima recebeu o prémio APOM 2020 pela intervenção e restauro do Manto da Rainha D. Amélia, que esteve exposto durante o ano de 2019 na exposição temporária “Vestida de Branco”.

O galardão atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia distinguiu a intervenção de conservação e restauro levada a cabo por uma equipa de especialistas, liderada por Cristina Oliveira e Inês Cayres, intervenção que visou restabelecer a estabilidade física e melhorar, dentro do protocolo das ciências do património, o aspeto visual da peça que se encontrava em avançado estado de deterioração.

Num ano em que o mundo se viu obrigado a mudar drasticamente, Fátima afirmou-se como lugar e esperança, na janela que manteve aberta para o mundo, através dos seus canais digitais.

Apesar do encerramento de quase todos os espaços celebrativos do Santuário, Fátima esteve sempre disponível em direto e online, numa experiência que cimentou a presença do Santuário nas redes sociais e fomentou a proximidade dos peregrinos mais distantes.

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