05 de março, 2023

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“Fátima começa na liberdade dos Pastorinhos e contemplando-os podemos ir descobrindo o que será viver teologalmente”

Padre José Nuno Silva fala da adoração como uma “clave” determinante para um vida vivida como dom de Deus e entregue aos irmãos, a partir dos exemplos de Maria e dos santos Pastorinhos

 

Fátima, a partir do seu acontecimento, do testemunho de vida dos seus protagonistas e da sua Mensagem, ajuda a explicar o mistério da vida teologal que é uma vida vivida como um dom de Deus, afirmou esta tarde o padre José Nuno Silva, capelão do Santuário, na conferência que proferiu no II Encontro da Basílica, intitulado: «Creio, adoro, espero e amo-vos»: viver teologalmente a partir da mensagem de Fátima.

“Para além da figura central de Maria, também os protagonistas-criança do acontecimento original de Fátima são um modelo claro e luminoso da luz e da claridade que fundam e manifestam este mistério da vida teologal” disse o sacerdote ao invocar os exemplos de Jacinta, cujo 113º aniversário de nascimento é celebrado este domingo, o de Francisco ou o de Lúcia, que aprendendo de Nossa Senhora, a principal protagonista de Fátima, aceitaram livremente viver em Deus e Nele através dos irmãos.

Para o sacerdote viver teologalmente começa por ser um ato de liberdade.

“É verdade: tudo começa na liberdade. Este dinamismo crístico da liberdade, que em Maria se realiza exemplarmente, é o mesmo dinamismo existencial que vivem os pastorinhos” afirmou.

“Fátima começa na liberdade dos pastorinhos. E é um dinamismo existencial teologal. Contemplando-os, podemos ir descobrindo o que será viver teologalmente” sublinha relatando o paradoxo entre a liberdade com que se entregam a Deus e as dificuldades do caminho que lhes é apresentado logo na primeira e segunda aparições, e que está colado a Fátima como uma narrativa de sacrifício, em vez do primado da liberdade que encerra.

“Em Fátima, é-nos dada uma narrativa em que se narra a si mesmo o mistério da liberdade humana na existência de três crianças que livremente responderam – sim, queremos – a uma interrogação que o céu lhes dirigiu e aderiram a um projeto de salvação que os transcendia” disse o padre José Nuno Silva.

"Sem escavarmos as palavras antigas que fundamentam o olhar preconceituoso – ou, se calhar, não tanto – do nosso tempo, para permitirmos a aparição da liberdade na raiz de tudo o que aqui aconteceu, não teremos possibilidade de encontrar um modo de viver teologalmente a partir da mensagem de Fátima e de a propor como narrativa significativa aos homens e mulheres deste tempo de ilusão e desencanto", afirmou.

O sacerdote apresentou dois momentos para este percurso iniciático de liberdade dos três videntes, que começou nas aparições do Anjo e que se estendeu despois nas aparições de Nossa Senhora.

“É na experiência de uma relação orante com Deus que os pastorinhos são iniciados. Uma experiência de relação que assume as virtudes teologais da fé, da esperança e do amor como dinamismos orantes” ressalvou o sacerdote.

“Fátima vem oferecer, inserindo-a entre as três virtudes, a adoração, não como uma quarta linha, mas como clave que identifica cada uma das linhas qualificando-a como exercício adorante. O crente-esperante-amante que Fátima propõe é-o em modo adorante, composição no tempo e entoação pela eternidade além do canto novo de uma vida em Deus”, explicitou ainda.

“Na afirmação do querer dos pastorinhos encontramo-nos com o mesmo sentido do verbo querer de Jesus em diálogo com o Pai, na hora tremenda do Getsémani, manifestação de vontade livre, capacidade interior, que exige combate íntimo, historicamente circunstanciada, para responder ao que naquelas circunstâncias históricas era chamado a ser, a viver” ou com o Sim de Nossa Senhora.

“Maria- depois da visitação e da anunciação do Anjo- não abdica da sua condição de pessoa livre com vontade própria, antes assumindo livremente como vontade própria a vontade de salvação de Deus”, disse ainda o sacerdote, presbítero da diocese do Porto, desde 1989, que foi capelão do Hospital de S. João desde 1998 e assistente da pastoral da saúde na sua diocese desde 2004, desenvolvendo atualmente a função da docência na faculdade de Medicina da Universidade do Porto, ao mesmo que é capelão do Santuário de Fátima.

A partir destes dois exemplos de santidade, a que todos somos chamados pela nossa vocação batismal, o padre José Nuno Silva desafiou os cristãos a questionarem-se sobre a opção de viverem teologalmente.

“No batismo somos chamados à santidade – a viver teologalmente –, dele emerge para cada um uma vocação, que virá a compreender como a sua vocação: chamamento de Deus a assumir a própria vida como obediente resposta pessoal livre, em Cristo e como membro do seu corpo na história, a Igreja, às interpelações que Deus lhe dirige pelos sinais dos tempos que cada tempo da história dirige à comunidade dos discípulos de Jesus e, nela e até por seu intermédio, a cada um especificamente”, afirmou.

“Viver teologalmente é uma viagem do tamanho da vida toda e a largueza de tudo aquilo de que a vida se faz. Esta viagem tem o seu cais de embarque na liberdade” insistiu, sublinhando que se trata de um “cais de embarque em que se embarca todos os dias, cada dia, porque o risco de perder a liberdade interior, de se perder da liberdade interior é um risco quotidiano: risco de voltar a constituir-se a si mesmo como fonte, caminho, horizonte e destino da própria existência descentrando-se de Deus como sua fonte, seu caminho, seu horizonte e seu destino”.

“Viver teologalmente é, antes de mais, a decisão de uma liberdade humana que se faz resposta existencial a um dom precedente de Deus, em que radica uma vocação”.

“Fátima recupera a primeira e natural atitude do homem diante de Deus, o homem naturalmente religioso que diante do mistério da transcendência de Deus se prostra, humilde criatura, em adoração”.

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Na segunda parte deste II Encontro realizou-se um recital pelo Ensemble de Música  Sacra do Santuário de Fátima.

O Ensemble do Serviço de Música Sacra é o agrupamento vocal pertencente ao Departamento de Liturgia e ao Serviço de Música Sacra do Santuário de Fátima. Destinado à animação musical da Liturgia no quotidiano, reúne-se em celebrações com maior solenidade religiosa tais como peregrinações aniversárias, festas e solenidades. Em simultâneo a esta atividade, é também responsável pela produção e interpretação de novas criações musicais sacras e participa regularmente na agenda cultural do Santuário.

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