08 de abril, 2021

creditos Joao Nogueira.jpg“Fátima é um farol de esperança para a humanidade” que também necessita de uma dimensão espiritual, afirma Isabel Jonet

Presidente da Federação dos bancos alimentares em Portugal, e da Entreajuda, economista de formação, Isabel Jonet é a convidada do podcast #fatimanoseculoXXI de abril

 

“Compaixão” será a palavra que mais definirá o rumo de Fátima no segundo século da sua história, fei­ta de palavras e de gestos, que nos ensinam a fazermo-nos próximos dos outros, afirma Isabel Jonet. 

“Jacinta mostra-nos que ter com­paixão significa colocar-se incon­dicionalmente ao lado do outro, levando-lhe o que ele precisa com alegria. Esta alegria é, de resto, di­ferenciadora. A compaixão exige de nós, por outro lado, atos e ges­tos concretos que nos façam sair do sentimento e nos levem à ação, como ela tinha com os mais pobres”, desde os que lhe pediam a oração àqueles com quem partilhava a me­renda, afirma a presidente da Fede­ração dos Bancos Alimentares Por­tugueses. “Ter compaixão significa olhar para o outro ao mesmo nível, tratá-lo como irmão”, esclarece ao sublinhar que Fátima, no segundo século das aparições, tem de ser ca­paz de “perpetuar esta mensagem e estes valores”. 

“Os três pastorinhos, a quem Nossa Senhora deixou uma mensa­gem clara, não se calaram, perce­beram a sua missão e foram perse­verantes na sua ação”, acrescentou frisando que, por isso, “todos os que querem viver plenamente a mensagem de Fátima têm de se inspirar neles”. 

“Hoje, no nosso tempo, a perseve­rança dos pastorinhos ensina-nos, como nunca, a sermos perseveran­tes e compassivos uns com os ou­tros e, sobretudo, com aqueles que mais precisam e, hoje, são muitos”. 

“Os pastorinhos de Fátima são um extraordinário exemplo de for­ça e de inspiração. Apesar de todas as dificuldades, não hesitaram em dar testemunho, transmitindo o que o Anjo e Maria lhes pediram. Con­tra tudo e contra todos, crianças apenas, perceberam que lhes fora confiada uma missão. Depois do encontro, a humildade e espírito de serviço nortearam os seus gestos e as suas ações, mesmo no sofrimen­to”, reconhece Isabel Jonet. 

“O pessimismo contemporâneo leva as pessoas a não acreditarem no sacrifíco nem na santidade e o exemplo destas crianças contra­ria esta ideia”, acrescenta ainda ao sublinhar: “Vivemos num tempo que exige coragem, sabedoria e simplici­dade; coragem para reclamar justi­ça, sabedoria para olhar e lidar com prudência as adversidades e sim­plicidade para viver com verdade”, diz ainda. 

Sobre o papel de Fátima na his­tória da Igreja e do mundo, neste século que vive uma das maiores calamidades da história da huma­nidade, com uma pandemia que já ceifou milhares de vidas, a econo­mista lembra que Fátima “tem uma dimensão e uma função essencial” no aconchego espiritual da huma­nidade e de cada homem em con­creto. 

“Nós não somos apenas corpo e matéria, somos também espírito. Para sermos plenos temos de ter lo­cais e sermos interpelados. Fátima, mais do que um local, é para mim uma interpelação”, afirma. “Não pre­ciso de estar em Fátima para poder viver plenamente Fátima na minha vida, a partir da sua mensagem. Fá­tima devolve-nos a esperança”, diz. 

“O Santuário preserva uma men­sagem que tem de levar ao mundo. A forma como o faz pode ser física e presencial, quando nos podemos deslocar, mas também pode ser te­lemática” lembra. O que não pode deixar de ser, “de maneira alguma, é um farol de esperança”. “Esta é a sua principal missão: manter viva a mensagem de esperança que Nos­sa Senhora deixou a três interme­diários, três crianças, para toda a humanidade: uma mensagem de simplicidade, de oração e de espe­rança”. 

Diante de uma situação de emer­gência, que requer um olhar trei­nado da Igreja e das instituições de solidariedade social, cada vez mais acutilante, Isabel Jonet lembra que “sem riqueza não pode haver desenvolvimento, “e o grande de­safio é “sermos unos e não excluir ninguém desta prosperidade eco­nómica por falta de formação e de capacidades físicas e mentais”, pois “todos fazemos parte uns dos outros. A cada um de nós são con­fiados talentos que temos de pôr a render ao serviço dos outros, se não o mundo transformar-se-á num lu­gar de ganância e desejo de poder, em que cada um está preocupado em amealhar para si ou para os que lhe são próximos”. 

E quem são hoje os nossos pró­ximos? “São todos os que habitam este planeta” refere. “A sociedade atual precisa de compaixão; não como sinónimo de pena, mas de empenhamento no bem comum, indo ao encontro dos que sofrem com as escolhas que fazemos e com as opções que tomamos. E ir ao en­contro é ter gestos concretos”. 

Segundo a economista, Portugal é um dos países mais pobres da Euro­pa. Cerca de 20% da população por­tuguesa é pobre, o que equivale a 2 milhões de pessoas. 200 mil pes­soas só têm uma refeição completa por dia. 35 mil não têm nenhuma refeição completa por dia. “Mas nós, ou muitos de nós, vivemos como que procurando ignorar esta reali­dade concreta, se calhar porque ela nos magoa também, ou porque não temos coragem para ir ao encontro com compaixão”, lamenta. 

“Quando olhamos para crianças que só comem o que lhes é dado nas escolas, e neste tempo de pan­demia tudo tem sido mais difícil, como é que podemos permanecer impávidos? Como podemos não nos incomodar ou ter o sentimento de compaixão?”, interpela. 

“A mensagem de Fátima diz-nos hoje que é na simplicidade que está a chave para esta questão. Isto é, o despojamento e esta capacidade de identificação com aquilo que Nossa Senhora nos quis transmitir e que nos pode dar alguma relação com os problemas de hoje”, constata. 

“Dado o nível de pobreza mun­dial temos de olhar para aqueles que carecem de ajuda, que não têm casa, que não têm comida, que não tem assistência médica, ou o que seja, e que também já perderam a esperança num futuro melhor. Hoje há muitas pessoas nesta situação. Esta pandemia veio roubar-lhes essa esperança para si e para os filhos e isto é muito frustrante e causa muita desesperança nas pes­soas”. 

Seguindo a linha de pensamento do Papa Bento XVI, na encíclica Cari­tas in veritate, Isabel Jonet sublinha que numa crise os custos humanos são sempre superiores aos custos económicos; e nesta pandemia não é diferente. 

O podcast #fatimanoseculoXXI pode ser ouvido em www.fatima.pt/ podcas, no iTunes e no Spotify.

 

 

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