13 de fevereiro, 2024

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“Fátima é uma gigantesca verdade de Deus”

A irmã Ângela Coelho, superiora da Aliança de Santa Maria é a convidada do podcast #fatimanoseculoXXI de fevereiro.

“Fátima é uma gigantesca verdade de Deus”, e as verdades de Deus não se perdem na História, embora muitas vezes os homens se esqueçam delas ou as transformem de acordo com a sua própria medida. 

“A primeira grande verdade de Deus em Fátima é reconhecermos a centralidade de Deus na nossa vida e isso é-nos transmitido logo nas aparições do Anjo em 1916, e acompanha todas as aparições até à última em Tuy, em 1929, quando Lúcia vê a Santíssima Trindade. Portanto, a primeira verdade é que sem Deus a vida é um abismo e desespero. Deus está na nossa vida não para nos apoucar, ou tornar mais pequenos, tirar-nos alguma coisa, mas pelo contrário para recuperarmos a dignidade que tantas vezes perdemos quando nos afastamos dele”, afirma a irmã Ângela Coelho no podcast #fatimanoseculoXXI, disponível em www.fatima.pt/podcast ou nas plataformas iTunes e Spotify.

“A segunda verdade é que este Deus nos ama e é misericordioso, sobretudo quando estamos numa situação de fragilidade, e nos convida a fazer-Lhe companhia, e a terceira é que este Deus nos ama tanto e decide ficar connosco na Eucaristia”, ressalva a religiosa.

“A natureza trinitária, cristológica e eucarística de Fátima é a primeira a aparecer em termos cronológicos em Fátima, mas depois também em termos de verdade teológica”, destaca ao sublinhar que este é o “âmago da Mensagem”, e deste lugar, pela própria mão de Deus, percebemos que temos Mãe, como no-lo recordou o Papa Francisco em 2017, por ocasião da Canonização dos Santos Francisco e Jacinta Marto.

“A caminho da Cruz, Jesus deu-nos a Sua mãe. Esta ideia de que temos mãe — que é caminho e refúgio, como é o seu Coração Imaculado — é a outra verdade de Deus para o nosso tempo e da qual temos tanta necessidade”, sustenta.

“A maior parte de nós olha para Fátima a partir dos elementos secundários, que são importantes — as flores, as velas, o ir, o estar com Nossa Senhora —, mas se a nossa experiência de Fátima se limita a isto, não captamos o essencial nem vamos ao coração da mensagem de Fátima. Ficaremos pelos elementos secundários, quase folclóricos, mas não entramos no seu âmago”, alerta a irmã Ângela Coelho, que teme não termos sido “ainda capazes de acolher esta verdade”, que não dispensa, no entanto, a colaboração humana, da “cada um de nós”, nomeadamente no que respeita à Paz, tema central da Mensagem.

“A grande promessa que Nossa Senhora faz em Fátima é em julho de 1917, quando deixa três pedidos: pede a oração do rosário, pede a reparação dos primeiros sábados e pede a consagração, acrescentando mais um pedido, em outubro de 1917, para não ofenderem mais a Deus, isto é, a conversão”, recorda a irmã Ângela Coelho.

Teremos nós interpretado estas palavras como uma espécie de poção mágica emanada de Deus? “Julgo que interpretámos mal estes pedidos da Senhora. Deus dá-nos sempre a sua Paz, mas não dispensa a nossa colaboração, que se traduz numa abertura à construção da Paz”. Como? “Nós, muitas vezes, não temos paz no nosso coração, nas nossas famílias, nas nossas comunidades, no mundo, porque não é possível ter paz num nível sem a termos nos restantes, isto é, não posso querer que o mundo esteja em paz se eu não for capaz de a construir em meu redor. E o que Nossa Senhora promete é que para esta paz tem de haver oração e reparação, permitindo que o Espírito Santo possa ir fazendo o seu trabalho”, explica a irmã Ângela Coelho.

“Procuramos ainda cumprir mais do que viver: cumprimos os planos pastorais mais do que a vontade de Deus e, por vezes, estamos tão envolvidos na pastoral que nos esquecemos de parar, de olhar para o Senhor e de Lhe perguntar “o que queres de nós” e não projetarmos Nele o que queremos para nós”, prossegue.

“Quando queremos um Deus à nossa medida, quando eu com os meus planos, com os meus projetos determino o que é Deus e o que Ele quer para mim, é difícil; e Nossa Senhora, em Fátima de forma especial, ensina-nos a mudar o olhar e a desconstruir, a ouvir o que Deus quer para mim e depois a fazer a sua vontade”.

“A lógica do mundo de hoje, da prepotência, do poder, de valorizar tudo o que possa ser vantajoso para nós, dificulta o caminho da construção da Paz.”

Fátima lembra-nos que o desafio de tornar o mundo melhor “tem estas duas forças de atuação: a vontade de Deus, no agir da História, e a nossa colaboração, pois somos chamados com Ele a construir um mundo melhor, ou pelo menos a fazer com que o mundo seja um lugar melhor”, lembra ainda a propósito da vocação cristã, por vezes esquecida pelas “sucessivas interpelações que vêm da sociedade, das redes sociais, dos ambientes em que nos movemos, aquilo que os estudiosos chamam de fragmentação”, refere.

Hoje, há “uma sociedade marcada pela superficialidade na espiritualidade, nas relações, nos compromissos, e esta superficialidade vem muito da mundividência das redes sociais em que nos movemos e já não resistimos ao mal que vemos à nossa volta, já caímos no desânimo e até parece que perdemos a confiança na capacidade do ser humano”.

Neste podcast #fatimanoseculoXXI, a superiora da Aliança de Santa Maria, congregação religiosa feminina que começou a dar os primeiros passos a 25 de março de 1966 e teve aprovação canónica a 13 de junho de 2002, fala ainda do papel da conversão em Fátima — “Deus ama-nos como somos, mas sonha-nos sempre maiores;  é à luz desta frase que gosto de pensar na conversão, que é sempre a disponibilidade para caminhar em direção àquele maior que Deus sonha para nós”—,  do papel que Nossa Senhora tem no caminho para Deus e nos desafios que os cristãos, em geral, e cada um de nós, em particular, têm na construção do reino.

“Tudo o que nos é pedido através da mãe de Deus em Fátima não é apenas para o nosso próprio bem, mas com a certeza de que tudo o que faço, em ordem ao bem e à minha salvação, tem impacto na História da humanidade, e isto toca especialmente a vida dos Pastorinhos, na entrega, nas orações e sacrifícios”.

“É isto que nos permite olhar para a mensagem de Fátima com um olhar limpo e desempoeirado e sem preconceitos, precisamente, porque coloca na nossa vida aquela que é a história e a vida da humanidade”, diz ainda.

Neste podcast #fatimanoseculoXXI, a irmã Ângela Coelho fala, por outro lado, no momento que a Igreja vive, em vésperas de uma nova assembleia do Sínodo, da dimensão batismal como ponto de partida para refletir sobre o futuro, da necessidade de a Igreja falar claro e da urgência da formação teológico-pastoral de todos, e que a liderança, dentro da Igreja, “só pode ser serviço”.

 

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