18 de novembro, 2020

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“Fátima é uma história de amor, mas também uma questão identitária” refere Agripina Vieira

A convidada do Podcast #fatimanoseculoXXI, Agripina Vieira, é doutorada em Estudos Literários e Culturais, ramo de Estudos Comparatistas, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

 

“Fátima é antes de mais uma leitura de Fé e se fosse só isso já não seria pouco”, mas “é muito mais do que isso: faz parte da nossa identidade” refere a convidada do Podcast #fatimanoseculoXXI, uma conversa adentro pela literatura e pela forma como Fátima é levada para a narrativa literária, ensaística e poética.

“Bastaria lembrar os milhares de fiéis que encontram na Senhora do Rosário de Fátima a fonte de amor, de força e de compaixão e um caminho em direção a Deus” para aferirmos da sua importância, mas “há muito mais”.

Fátima tem sido tema de livros, de peças de teatro, de filmes, de peças líricas percorrendo autores desde João Corrêa de Oliveira a Natália Correia, a Afonso Lopes Vieira, Sebastião dos Reis, José Rodrigues Miguéis ou a António Lobo Antunes, José Luís Peixoto ou Nuno Lopes Tavares.

“Fátima é fonte de desassossego e de interpelação, para não crentes. É isto que lhe dá uma dimensão tão global. Fátima é uma história de amor, mas também uma questão identitária” sublinha.

“Fátima é um elemento da nossa identidade coletiva e sendo a Literatura uma tradução da vida- a Literatura diz o homem-  é, sem surpresa, que encontramos Fátima no texto literário, como também encontramos Fátima em vários outros ângulos de análise” adianta.

“Fátima diz-se de muitas maneiras mesmo quando não se fala do acontecimento ou dos seus protagonistas numa perspetiva panfletária ou laudatória”, refere Agripina Vieira.

“O tema Fátima é convocado para a narrativa não para falar do acontecimento ou da sua história mas para iluminar a leitura que se quer fazer de uma história concreta, que nada tem a ver com o que aqui se passou” enfatiza.

“Dá-nos chaves de leitura e experiência de cada um, sobre a sua forma de relacionamento com o transcendente em geral e com Fátima em particular” acrescenta lembrando que “aquilo que temos na obra literária é sempre uma história individual”.

“Fátima é de tal forma intrínseca à nossa identidade que é utilizada para comparar e para explicar” precisa lembrando alguns autores como António Lobo Antunes em Os Cus de Judas, José Luís Peixoto em “Em Teu Ventre” ou ainda Agustina Bessa-Luís em a “Alma dos Ricos”, entre muitos outros.

“São olhares sobre Fátima, construídos através de personagens particulares” como é a própria história de Fátima, que se faz através de relações pessoais.

“Há muitas maneiras de Fátima se dizer”, prossegue Agripina Vieira e o sobrenatural, “que é intrínseco a Fátima”, ou a questão feminina, com o seu lado materno, são outras formas de dizer este lugar e este fenómeno que se revela também a partir de determinadas personagens.

Agripina Vieira dá dois exemplos: a personagem Alfreda, da “Alma dos Ricos”,  de Agustina Bessa-Luís, que quer ser vidente à força porque acha que tem  dinheiro e condições para receber Nossa Senhora como os pastorinhos não tinham e por isso acha que merece ser visitada por Nossa Senhora. Ou a Maria da Capelinha, contada por José Luís Peixoto em “Em teu ventre”, que aparece com uma dimensão maternal, muito para além da figura de guardiã que é mais conhecida, e que através da sua voz, da de Maria Mãe de Jesus, ou de Maria Rosa, mãe de Lúcia, dizem muito acerca desta mensagem de colo e de aconchego.

“Estas duas personagens, totalmente distintas dizem Fátima de formas diferentes: a primeira a Fátima da racionalidade, de alguém que por via do conhecimento e do poder acha-se com condições para ser protagonista e, outra humilde, mas que sente Fátima pelo coração, pela fé e pelo amor”, refere Agripina Vieira.

“Duas Marias que dizem Fátima de forma absolutamente antagónica, mas ambas reais”, sublinha.

Nesta conversa sobre Fátima e a Literatura, Agripina Vieira fala ainda dos novos talentos literários e da forma como eles poderão retomar a temática de Fátima.

“É difícil imaginar o ângulo, mas todos regressarão a este tema certamente. Fátima vai continuar a desassossegar e esse desassossego vai ser traduzido para a literatura” contribuindo ativamente para construir a biblioteca de Fátima.

“Há quatro dezenas de obras da literatura romanesca em que Fátima está presente; numa biblioteca de Fátima há múltiplas leituras. A biblioteca de Fátima só poderá ser construída num grupo de trabalho em que cada um traga a sua leitura e isso significa vozes dissonantes escutadas em Fátima”.

O podcast #fatimanoseculoXXI, com Agripina Vieira pode ser ouvido em www.fatima.pt/podcast, no Soundcloud; no Itunes e no Spotify.

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