13 de março, 2024

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“Na vivência do Jubileu, a oração é um estímulo para o caminho”

O diretor do Departamento de Liturgia do Santuário de Fátima, padre Joaquim Ganhão, é o convidado do podcast #fatimanoseculoXXI, disponível na íntegra em www.fatima.pt/podcast , no Spotify e no iTunes.

 

O Santuário de Fátima é comummente aceite como uma “escola de oração”, e quem aqui vem sabe exatamente como Nossa Senhora lhe abre o seu coração e conduz as suas preces até Deus. Por isso, as orações de Fátima — as ensinadas pelo Anjo, as partilhadas por Nossa Senhora aos três Pastorinhos ou aquelas que resultam da intimidade que eles próprios estabeleceram com Deus — “dizem-nos a profundidade do coração onde Deus tem lugar, isto é, no coração de cada peregrino há uma abertura para o grito até ao coração de Deus, e isso é o mais  belo deste lugar e é feito através da mediação de Nossa Senhora, num caminho ao encontro de Deus, do sentido e da ânsia do desejo de encontro com Ele”, afirma o padre Joaquim Ganhão, liturgista e capelão do Santuário de Fátima com responsabilidades na direção do Departamento de Liturgia: “Aqui, em Fátima, nós tocamos a oração nos seus vários rostos, modos de expressar e de acontecer neste silêncio onde o coração tem espaço”, prossegue no podcast #fatimanoseculoXXI.

“Nossa Senhora oferece-nos o seu coração como o lugar onde cabem todas as súplicas, mas o Santuário, sendo lugar de oração, é lugar do segredo de todos e lugar de muita história do sofrimento e da alegria de muita gente”, acrescenta.

“A multidão, que impressiona e é icónica em Fátima, é muito interessante, mas fixar no rosto de cada um aquilo que é a ação de Deus, diria como o evangelista, não haveria páginas que pudessem conter todas as histórias de vida e de fé que aqui acontecem”, esclarece.

“O Santuário é o lugar de todos, e, de facto, neste lugar onde todos entram, cada um com a sua história, rosto e vida tem aqui um espaço onde tudo isto é acolhido num grande coração materno que nos leva sempre ao coração de Deus”, afirma ainda ao sublinhar o papel do Santuário como lugar de oração permanente.

“O Santuário como lugar de oração e acolhimento de todos os que aqui vêm é lugar de todos, em ambiente de silêncio, onde no bulício do mundo as pessoas têm um oásis de silêncio e de paz: nas celebrações que são centrais; na celebração do rosário e do espírito da Mensagem de Fátima, nas procissões de luz”, exemplifica.

“Perceber como um crente de vela acesa consegue expressar a força da sua oração e da sua fé é extraordinário”, diz ainda lembrando uma outra dimensão do papel da oração: iluminar o caminho.
“Na vivência do Jubileu, somos convidados a rezar, e a oração é um estímulo para o caminho; nós somos um povo em caminho e o Santuário de Fátima, sendo este lugar de peregrinação, também nos pode ensinar a importância desta luz que é a oração”.

O sacerdote, que pertence à diocese de Santarém e que está no Santuário desde o Centenário das Aparições, altura em que coordenou a equipa de Liturgia que acolheu as celebrações principais da visita do Papa Francisco, a 12 e 13 de maio de 2017, lembra, a propósito da oração, o ensinamento de Santa Teresa de Jesus, em que a religiosa dizia que rezar é falar com alguém que muito nos ama e nos ouve sobre as coisas que muito nos interessam. “A oração é este diálogo:  primeiro a consciência de que Deus muito nos ama e depois o olhar muito responsável sobre a vida; há muitas coisas que muito nos interessam, que integram a nossa vida e que não conseguimos resolver sozinhos. Aqui entra o terceiro elemento da oração que é a confiança: saber em quem confio e saber para onde vou; o caminho da conversão, a metanoia do Evangelho, leva-nos à descoberta do verdadeiro e autêntico caminho de Deus”.

“Se não formos capazes de falar do nosso Cristo — que é o Senhor das nossas vidas, que nos vai moldando e aturando no nosso realismo, naquelas horas fantasticamente felizes, mas também terrivelmente angustiantes —, se não formos capazes de falar deste nosso Cristo, dificilmente seremos capazes de Lhe pertencer, não somos dele; conhecemo-Lo mas não somos dele, não Lhe pertencemos”, conclui.

“A oração leva-nos a esta intimidade, a esta relação íntima que transfigura a nossa vida e nos configura com Ele. Não é a busca da nossa autossatisfação, o desenrolar de uma série de jaculatórias muito simpáticas que não nos ferem o coração e não nos tocam a alma. Não podemos rezar para preencher horário; rezamos para estabelecer relação e para entrar em relação e deixar que a nossa vida se transfigure e transforme”, afirma sublinhando que é por isso que a Eucaristia “é fonte e cume de toda a oração e de toda a vida cristã”. “É aí que podemos fazer a experiência mais forte e profunda desta entrega de si mesmo, que não é uma entrega solitária, mas uma entrega nossa e daquele que morreu na cruz por nós”, sintetiza o padre Joaquim Ganhão, que, neste podcast do mês de março, nos deixa, ainda, pistas sobre a relação entre a oração e os mais novos: como os podemos ensinar a rezar. “Lembro-me de ter aprendido a rezar entre o meu pai e a minha mãe, que me segredavam ao ouvido palavras que não sabia dizer, e quando me cruzo com essas palavras hoje comovo-me! Esta preocupação de quem educa de insistir quando nem tudo é claro, quando não percebemos tudo é muito importante”.

“O tempo pode levar à descoberta da oração, de Jesus, de Deus, de Nossa Senhora. Hoje, as crianças se tiverem uma aplicação com os bonequinhos que gostam, a mensagem entrará. No contexto da família há que investir, e vejo nalguns casos que têm os seus frutos, não em longas vigílias, mas em pequenos momentos que toquem. É preciso que as famílias encontrem esses momentos”, afirma o sacerdote, que reconhece que o ruído do mundo e o frenesim em que vivemos pode afastar-nos da oração: “Num mundo ruidoso, viver em Deus é a melhor maneira de nos aproximarmos do mundo, mas facilmente corremos o risco de nos deixarmos tomar por esse frenesim, como por exemplo a atenção exagerada que damos às redes sociais”.

“Há muito a fazer em termos de conversão, capacidade de vencer o ruído e de entrar neste essencial , mas para isso é preciso um ato de coragem: calarmo-nos para que se possa ouvir a Deus e até nos possamos ouvir a nós próprios. A oração não é um diálogo consigo próprio; é perscrutar o que Deus nos diz e, nesse silêncio, ouvirmos o que nos diz”.

 

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