10 de março, 2019

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O acolhimento é “carisma e missão” da Igreja  afirma Vice-reitor do Santuário de Fátima

Pe. Vítor Coutinho foi o conferencista no II Encontro na Basílica

 

O vice-reitor do Santuário de Fátima, Pe. Vítor Coutinho, afirmou esta tarde na conferência que proferiu na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, na segunda edição dos `Encontros na Basílica´, que o acolhimento é um “carisma e tarefa da Igreja” e no seu núcleo está a misericórdia.

“Na medida em que somos um povo que nasce de um encontro com Deus, o acolhimento é uma atitude identitária da nossa forma de ser e de agir. O acolhimento é carisma, porque nos distingue e dá identidade, e é também tarefa, missão”, afirmou o sacerdote sublinhando que a experiência de ser peregrino no Santuário da Cova da Iria “pode ajudar-nos a perceber o que é este acolhimento” nas suas variadas dimensões, seja ao nível espacial seja a nível espiritual.

O sacerdote, que proferiu uma conferência intitulada “O acolhimento: carisma e tarefa da Igreja”, começou por sublinhar a importância do `encontro´ ao longo da vida de cada um destacando que “somos feitos de encontros” e a fé, em particular, tem que nascer de um verdadeiro encontro com Deus.

“Na origem da fé está sempre um encontro. O Cristianismo é essencialmente a experiência de um encontro com Deus, que se vive e experimenta nos encontros do nosso quotidiano” afirmou o Pe. Vítor Coutinho. E, Fátima neste contexto, pode ser apresentada como uma “concretização do desejo de Deus se encontrar com a Humanidade, com cada um de nós”.

“A história de Fátima tem sido ao longo de 100 anos uma história de inúmeros encontros: entre homens e mulheres que aqui se cruzam e se fortalecem mutuamente no conforto de uma fé partilhada; milhões de seres humanos que aqui viveram momentos de encontro com Deus” acrescentou explicitando que o Santuário é lugar de encontro “porque é espaço de vida; e a vida acontece no acolhimento recíproco dos nossos encontros”.

O Vice-reitor do Santuário de Fátima elencou as várias expressões do acolhimento que os santuários proporcionam, detendo-se na experiência que o Santuário de Fátima, em particular oferece a todos os que ali peregrinam.

“Ao entrarmos no Santuário damo-nos conta de que há um espaço que a todos acolhe”, independentemente da sua condição pessoal, afirmou o responsável, lembrando, por outro lado, que no Santuário se encontra “espaço, abertura e silêncio” para cada um ser o que é.

“Quem aqui chega, sem que lhe seja exigido alguma coisa, tem oportunidade de se recolher, de chorar as tristezas e os medos ou de agradecer as alegrias e os dons. É-nos permitido aqui, de forma explícita ou através de gestos rituais, exprimir o que sentimos. A todos e a cada um é dada a possibilidade de exprimir o que sente, seja acendendo uma vela ou rezando silenciosamente, seja ficando imóvel num canto deste espaço ou fazendo um trajeto de joelhos. Podemos estar a sós, inseridos na multidão, participar numa assembleia, ser recebidos pessoalmente”, afirmou.

Por isso, “o que no Santuário vivemos é um verdadeiro acolhimento. Antes de mais porque o que somos tem aqui lugar. E esta é primeira dimensão do acolhimento. Ser acolhido é ter lugar no tempo e no espaço de alguém”.

Tendo sempre a Mensagem de Fátima como pano de fundo, o sacerdote lembrou algumas dimensões essenciais do acolhimento como sejam a necessidade e a disponibilidade para sermos acolhidos, a disponibilidade para acolher o outro, independentemente da sua condição ou origem, cuidando-o e projetando nele a misericórdia de Deus.

“Ao ser acolhidos somos levados mais longe. É assim a história de Deus com a humanidade” afirmou.

“Quando nos deixamos acolher por Deus para fazer caminho com Ele, a nossa história humana, torna-se história de salvação. A mensagem fundamental de Fátima é a afirmação de que Deus nos acolhe no Seu coração, para que as histórias de perdição que a humanidade vive se convertam em histórias de salvação”, salientou o Vice-reitor do Santuário de Fátima.

"Amando a Deus, acolhe-se as misérias dos outros, que são também as nossas; acolhe-se as misérias dos outros a partir da nossa própria miséria, precisamente porque estamos seguros do amor de Deus" disse.

E, na medida em que acolher é dar lugar no nosso coração, aos outros e a Deus, sem "imposição ou manipulação", o núcleo do acolhimento "é a misericórdia". Neste horizonte de fé, damo-nos conta de que acolher "não é apenas carregar as dores dos outros, mas é também confiá-las ao próprio Deus, o único onde tem lugar tudo o que é humano".

"Também aqui podemos aprender com os Santos Francisco e Jacinta Marto, cuja santidade consistiu, precisamente, em viver uma paixão por Deus e pela salvação de todos os homens e mulheres, e ao mesmo tempo uma profunda compaixão que os fazia levar no seu coração as dores da humanidade”, lembrou destacando as dimensões do cuidado e da misericórdia como sendo essenciais neste espaço que anualmente acolhe milhões de peregrinos em busca do colo materno de Nossa Senhora.

O Pe. Vítor Coutinho é vice-reitor do Santuário de Fátima desde 13 de novembro de 2014 e presbítero da diocese de Leiria-Fátima desde 1991. Depois de completar os estudos filosófico-teológicos no Seminário de Leiria frequentou a Universidade de Münster (Alemanha) onde se doutorou em Ética Teológica, com especialização em Bioética. Tem lecionado cursos nas áreas da Bioética, da Ética Teológica e da Ética Médica, em diversas instituições de ensino superior.

Trabalhou na formação de seminaristas, foi pároco em comunidades de portugueses no estrangeiro e tem colaborado na assistência pastoral em diversas paróquias. É professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, em Lisboa.

Colabora com o Santuário de Fátima desde 2008, como presidente e membro de comissões científicas de congressos e como coordenador da Comissão Organizadora do Centenário das Aparições de Fátima.

O momento musical que se seguiu à palestra, como é habitual nestes `Encontros na Basílica´, foi interpretado por Ricardo Leitão Pedro (voz e alaúde), David Hackston (voz) e Sérgio Ramos (voz).

O programa do recital contemplou uma seleção de peças sacras ilustrativas da linguagem fluída e transparente de Binchois, numa tentativa de espelhar o trabalho quotidiano dos cantores da capela de Borgonha ao serviço da celebração religiosa.

Os Encontros na Basílica são uma proposta de reflexão sobre Fátima, em formato de palestra com um recital de música, que o Santuário dinamiza durante o triénio 2017-2020, que tem como tema genérico “Tempo de graça e misericórdia”.

Todas as sessões dos Encontros na Basílica acontecem ao domingo, às 15h30, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e são de entrada livre.

No presente ano pastoral, estão ainda previstas mais três palestras: a 2 de junho, o tema “O Santuário como lugar de celebração e vivência da fé” será abordado pelo reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas; “Francisco Marto, peregrinação interior” será a reflexão trazida pelo teólogo Pedro Valinho Gomes, a 8 de setembro; e, na última palestra, a 10 de novembro, o padre José Nuno Silva, responsável pela pastoral da mensagem de Fátima, vai apresentar o tema “Fátima lugar da fragilidade - doença e pecado”.

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