13 de janeiro, 2024

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O cuidado sobre o outro: caminho de paz, catalisador de esperança

Irmã Sandra Bartolomeu*

É sob o sinal de bênção, com a invocação da Mãe de Deus e escutando uma antiquíssima fórmula, que a cada ano se inicia um Ano Novo: “O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz” (Num 6, 24.26). E neste ano não foi diferente, mesmo se, ou precisamente porque, o contexto que o mundo atravessa é difícil, marcado pela guerra e, com ela, por feridas profundas no coração e na história de milhares de pessoas; destruição, deslocados, pobreza, crise no acesso aos cuidados de saúde, crise no trabalho, crise na habitação, etc. Para mais de metade da população mundial, o ano de 2024 será um ano de eleições e o cenário político, também ele a refletir um tempo de crise, apresenta as visões moderadas e democráticas a perderem força para posições extremistas e totalitárias um pouco por todo o mundo. No mundo ocidental, a tecnologia de ponta propõe-se como alternativa para o humano. No âmbito climático e ambiental, a situação é dramática, aproximando-se de um ponto irreversível. 

Diante deste panorama, não terá sido casual a escolha do Papa Francisco pelo tema da Esperança para o Ano Santo de 2025. “O que nos pode dar a paz?” (cf. Lc 19,42), esse precioso bem que, estando muito além do simples fim das guerras, é ele mesmo o fruto mais excelso da bênção. “A paz precisa urgentemente de arquitetos e artesãos”, afirmava D. Tolentino Mendonça, aquando da receção do doutoramento Honoris Causa, referindo-se à construção das sociedades com a consciência de serem um bem para todos, ou, dito de outro modo, à construção de uma casa comum.

Talvez o cuidado sobre o outro, enquanto expressão de uma bondade e de um amor que nos antecede e transcende, seja o que pode possibilitar a paz e o emergir da esperança, ainda que esse cuidado esteja contido em gestos aparentemente pequenos e nem sempre perfeitos, mas concretos e com força profética, rompendo como um fino raio de luz no meio de grande hostilidade. Esses gestos de cuidado e desvelo sobre o outro, que brotam de corações simples que dão crédito ao bem, contrariam tanto a violência como a indiferença pragmática e egocêntrica: o cuidado de quem se contém sem aparente recompensa para não ceder ao impulso de agredir ou possuir, o cuidado de quem despende de forças e tempo e recursos para ir ao encontro da necessidade de outrem, o cuidado posto na paciência e na ousadia de enfrentar contrariedades pelo bem, etc. Estes são como a delicadeza de quem sobrepõe finas camadas de cor sobre uma folha de papel, esperando emergir, a seu tempo, a imagem de um fundo vazio. Mas, primeiro, é necessário mergulhar os olhos e a alma no amor maior, o de Deus feito homem, nascido da Virgem Maria.

 

* A irmã Sandra Bartolomeu é religiosa das Servas de Nossa Senhora de Fátima.

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