08 de março, 2021

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“A Igreja em Portugal tem recursos para cumprir no século XXI aquilo que em Fátima a Virgem pediu no século XX: trabalhai pela paz”, afirma Jorge Wemans

O provedor do telespetador da RTP reflete sobre o papel de Fátima no contexto religioso em Portugal e no mundo, no contexto social e na construção da paz:  “rezar pela paz é importante, mas é preciso tomar iniciativas de longo alcance porque a urgência da paz hoje é uma prioridade, e Fátima está bem colocada”.

 

A paz no mundo não é possível “sem o encontro e a aproximação” de religiões e Fátima tem um papel crucial, “relevantíssimo”, na abertura de novos caminhos para a paz, afirma Jorge Wemans, jornalista e atual provedor do telespetador da RTP, em declarações ao podcast #fatimanoseculoXXI. “Fátima, com a sua marca de santuário da paz, deve procurar isso, com a humildade de quem não tem a certeza de qual será a resposta para esse diálogo (de outras religiões), mas com a convicção de que essa deve ser uma intencionalidade da forma como vivemos hoje a mensagem de Fátima”, afirma o jornalista, sem poupar numa crítica construtiva: “Fátima devia ter hoje um papel de afirmação da procura da paz, muito maior do que aquele que tem. Rezar pela paz é importante, mas é preciso tomar iniciativas de longo alcance porque a urgência da paz hoje é uma prioridade, e Fátima está bem colocada para a promover”, refere ao contextualizar uma posição de alguma centralidade geopolítica do país: “Portugal é um país bem aceite internacionalmente, há muitos portugueses em lugares importantes no mundo, e a mensagem de Fátima hoje é atualíssima”, afirma Jorge Wemans.

“Como católico, e como português, esperava que Fátima tivesse neste campo um papel mais ativo e que me parece ter todo o cabimento”, esclarece. “A mensagem de Fátima projeta-nos para a frente; a Virgem não nos manda esperar por ela e é preciso sonhar alto”, considera.

“A Igreja tem muitos recursos; não terá uma influência infinita, mas, neste momento, a Igreja em Portugal tem recursos para cumprir no século XXI aquilo que em Fátima a Virgem pediu no século XX: trabalhai pela paz”, acrescenta.

“Eu olho para Fátima e vejo o seguinte: há cem anos não existia ali nada; hoje existe um Santuário. Fátima é uma realidade que foi capaz de se construir, de sonhar e de fazer obra, não a do cimento, mas a de uma obra que constitui um marco. Fátima conseguiu criar novidade; de transformar a realidade; de acreditar que é verdade que as pessoas precisam de ser acolhidas”, adianta ainda Jorge Wemans. Por isso, “é isso que eu espero: que Fátima seja capaz, agora, de criar gestos significativos de paz no mundo. A paz é importantíssima”, frisa. “Fátima não pode parar nem ser pequenina e tem uma enorme responsabilidade diante dos que a ela se acolheram”, daí que o desafio “que deixo é que a tornem um pólo importante da caminhada para a paz”. 

“Espero que Fátima nos dê mais e nos convoque cada vez mais”, adianta, lembrando que a paz é hoje o maior desígnio da humanidade, cientes de que é da pluralidade que se constrói a paz.

Mesmo reconhecendo que Fátima integra muitas formas de fé e de expressão dessa fé, Jorge Wemans, professor de Deontologia da Comunicação e cristão empenhado em vários grupos de reflexão, sublinha que existem marcas distintivas deste lugar na história do catolicismo português. A primeira prende-se com a expressão da necessidade de sermos acolhidos por alguém em quem temos confiança. “Parece pouco, mas é muito, primeiro porque exige de nós a capacidade para reconhecermos que precisamos de ser acolhidos”, isto é, “reconhecermos que não somos completos e que precisamos de um colo onde possamos ser acolhidos com tudo o que somos”. A segunda marca “é a peregrinação: sairmos de um lugar, onde estamos confortáveis, para irmos para outro, cuja meta é conhecida, mas sem sabermos exatamente o que vamos encontrar e que caminhos percorreremos”. “Fátima é uma romaria no sentido em que leva as pessoas a festejarem a vida, a reunirem-se e a perceberem que, juntas, cada uma é mais do que si própria e que juntas são mais do que o seu somatório”. Esta dimensão popular e comunitária “é importante em Fátima e é uma forma de a Igreja se dizer”, adianta ainda. E finalmente, Fátima é um apelo à paz.  “Desde o seu acontecimento fundador até hoje, o apelo da Virgem à paz é crucial na mensagem de Fátima”, conclui.  E, prossegue: “Fátima, altar do mundo, é uma adjetivação muito expressiva e bonita porque expressa o que se passa em Fátima e o que é Fátima”, refere. “Nós cristãos não precisamos de apresentar a Deus sacrifícios; nós apresentamos a nossa vida, é isso que Ele espera de nós, porque a nossa vida é ela sacramento, faz parte da divinização do mundo. Junto da Virgem que nos acolhe, nós colocamos as nossas dúvidas, os nossos problemas, as nossas frustrações, as nossas súplicas, as pessoais, mas, também, as que vivemos como povo, como nações. É ali que nos apresentamos”, sublinha ao dar como exemplo o Correio de Nossa Senhora. “Deus olha-nos como Pai, por isso, por mais asneiras que façamos, e fazemos muitas, Deus acolhe-nos e ama-nos. É isso que levamos ao altar do mundo, não como sacrifício, mas procurando uma intimidade com o Pai. O altar do mundo reflete a nossa vida pessoal, mas também a vida do mundo, da humanidade, de muitos povos e de muitas culturas, de muitas formas de relacionamento com Deus”, afirma Jorge Wemans.

No podcast, que pode ser ouvido em www.fatima.pt/podcast ou nas plataformas iTunes e Spotify, o jornalista fala da situação de pandemia e do papel da Igreja na luta contra a pobreza e as desigualdades. “As desigualdades estão a aumentar e nós somos muito condescendentes com a desigualdade. A Igreja portuguesa é muito tolerante no que respeita às desigualdades. Tem felizmente uma prática antiga de assistência social, mas não está habituada a refletir sobre o modo como erradicar a pobreza”, alerta deixando um desejo: “aquilo que eu gostaria era que as comunidades se agitassem como alguém próximo e amigo. Deste tempo tão terrível, gostaria que as pessoas pudessem contar com a Igreja como uma comunidade próxima e acolhedora para estes tempos de dificuldades. Teríamos de alguma forma concretizado a mensagem de Fátima para estes tempos difíceis”.

Sobre a nova Encíclica do Papa, Fratelli Tutti, que nos propõe a amizade social como meio de atingir a fraternidade universal, único caminho seguro para a paz, Jorge Wemans lembra que se trata de um texto “notável”, com uma “proposta radical” que assenta num gesto ao jeito do bom samaritano: “aquele que para, que se ajoelha para curar aquele que é o mais pobre e excluído ou aquele que não o sendo se sente de fora, pouco tido em conta. E são estes que nos devem fazer parar”.

O podcast #fatimanoseculoXXI está disponível em www.fatima.pt/podcast.

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