28 de abril, 2022

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Prefeito do Dicastério da Comunicação da Santa Sé desafiou a uma comunicação que valorize a comunhão e a verdade

O Santuário de Fátima reflete hoje, na sua III Jornada de Comunicação, o futuro da imprensa cristã, os desafios da transição digital e a importância do jornalismo de proximidade. 

A III Jornada de Comunicação do Santuário de Fátima arrancou, esta manhã, com uma conferência do prefeito do Dicastério da Comunicação da Santa Sé. Paolo Ruffini lembrou os desafios derivados da revolução digital, perspetivando-os como oportunidades para afirmar uma comunicação da Igreja que, no anúncio do Evangelho, valorize a comunhão e a verdade.

“Não nos podemos deixar aprisionar pela visão estática da comunicação”, afirmou conferencista, ao sublinhar a importância de uma “conversão pessoal e coletiva” que permita encarar o futuro com otimismo.

“Não podemos encarar com receios a revolução digital. Tudo isto deve levar-nos à redescoberta das raízes da capacidade cristã que mostra um valor comunitário, unificador dos territórios. (…) Os testemunhos católicos podem ser uma chave de mudança. Isso mesmo se experimentou aqui em Fátima, com o testemunho de milhares de pessoas”, argumentou.

O prefeito do Dicastério da Comunicação da Santa Sé evidenciou a esperança e a liberdade como caminhos ideais para trabalhar a comunicação na Igreja e no mundo “numa nova imaginação cristã”, num exercício que deve ser feito “sem complexos de inferioridade”. Como meios privilegiados para chegar mais perto das pessoas, Paolo Ruffini destacou a internet e as redes sociais, que, a par dos media tradicionais, devem ser usados para recuperar a capacidade de escutar e oferecer uma “leitura de sapiência” e uma perspetiva da comunhão, comunicando numa lógica de “pureza”, tal como os santos Pastorinhos o fizeram.

“O que nos falta são as relações de um encontro: construir a comunidade, redescobrirmos a comunhão entre os diferentes meios”, realçou o conferencista.

Aludindo à guerra que assola a Europa, Paolo Ruffini apresentou os dias que vivemos como “tempos de oportunidade de conversão”.

“Chegou o momento de organizar a comunicação centrada no homem. É neste contexto que a Igreja pode ser um farol de esperança. (…) Através da literatura, da música, devemos demonstrar como a fé pode unir a comunidade, aproveitando as sinergias entre a Santa Sé e a Igreja local.”

Na resposta a uma das perguntas dos participantes na Jornada, sobre a forma ideal para integrar e motivar os jovens a participarem e reinventarem a comunicação na Igreja, o conferencista sugeriu que sejam colocados ao dispor dos jovens os meios e a liberdade que a Igreja lhes pode oferecer para produzirem novos conteúdos, através dos diversos meios.

“O mundo digital não é uma coisa acabada e bela, somos nós que os reinventamos. É possível que o jovem, numa paróquia, possa inventar alguma coisa que possa mudar o paradigma do mundo digital. Oferecer aos jovens um lugar de encontro, nos modos diversos que o digital, (…) desafia-os a serem protagonistas de uma comunicação mais comunitária , livre e verdadeira”, concluiu.

 

Estudo comparado traçou um perfil do leitor do jornal centenário Voz da Fátima

Na mesa que teve como tema central "A Imprensa cristã: jornalismo de proximidade ou outra forma de construção social", Felisbela Lopes, docente do Instituto de Ciências Sociais da universidade do Minho,  deduziu alguns desafios que se apresentam à dinâmica dos média de natureza cristã como elos de ligação social, nomeadamente: a necessidade de criar uma agenda alternativa; a importância de descobrir valor com outros valores; a promoção da responsabilidade ética; importância de dar voz e notoriedade pública a outras fontes, indo ao encontro de franjas sub-representadas, implicando-se na construção da verdade.

Carlos Camponez, professor de diisciplinas de jornalismo na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, abordou criticamente o conceito de Jornalismo de Proximidade, que tem vindo a investigar.  Traçando um percurso da história do próprio jornalismo, desde a revolução da imprensa, passando pela emergência do espaço público, industrialização dos media, e consequente alteração das relações de proximidade que os media passaram a ter com os seus públicos, que caracterizou como um  "espaço geográfico de implantação e que é também o lugar de produção e de apreensão dos acontecimentos, de difusão priviliigiada e estratégica de conteúdos partilhados", onde há uma "seleção do ou dos públicos". Na conlusão, o investigador sublinhou o carater de proximidade presente nas linhas do estatuto editorial do mensário Voz da Fátima.

No final da manhã, Cátia Filipe, do  Gabinete de Comunicação do Santuário de Fátima apresentou o resultado preliminar do estudo comparado da Voz da Fátima, feito com base em inquéritos, onde traçou um perfil do leitor deste mensário institucional, que este ano celebra cem anos de existência.

A síntese possível de apresentar neste momento, permite perceber que os leitores da Voz da Fátima são, na sua maioria, mulheres, numa faixa etária acima dos 60 anos e com um nível de escolaridade que equivale ao ensino médio (entre o 9.º ano e a licenciatura). Apesar da maioriia dos leitores residir em Portugal, sobretudo no do Porto, Braga e Bragança, a publicação chega a todos os distritos portugueses e também a díspares latitudes do globo como, por exemplo: as Antilhas Holandesas; a Africa do Sul; a Alemanha; a Angola; a Argentina; à Austrália e, desde o ano de 2000, à República centro Africana.

Os inquéritos permitiram perceber aidna que os temas que mais interessam aos leitores são as iniciativas do Santuário de Fátima, seguindo-se as notícias sobre Nossa Senhora de Fátima no Mundo e as notícias relacionadas com a Igreja.

O estudo aprodundado será tornado público na publicação que assinalará o centenário da Voz da Fátima, em outubro deste ano.

O dia de trabalhos foi aberto pelo reitor do Santuário de Fátima, que apresentou a comunicação como parte da essência de Fátima, que desde os seus primórdios viu nascer os próprios meios para comunicar o acontecimento da Cova da Iria, nomeadamente o jornal Voz da Fátima, que celebra este ano o centenário da sua criação, “num século de existência que permite ler a vida da Igreja e dá-nos uma chave de leitura do mundo”.

A tarde prossegue com um programa que apresenta duas mesas de debate em volta do tema "A agonia dos média de inspiração cristã: a transição para o digital ou a morte anunciada". A primeira debruçar-se-à sobre "os custos da conversão digital" e a segunda apresentará a análise de cinco casos concretos. O dia termina com a antestreia do documentário "Páginas de Fátima"
da autoria do jornalista da TVI Joaquim Franco, sobre os cem anos do jornal Voz da Fátima.

Mais de uma centena de pessoas assistem presencialmente ou através da plataforma Zoom à Jornada de Comunicação, que oferece uma programa que, no âmbito do Centenário do Jornal Voz da Fátima, a mais antiga publicação regular da instituição, pretende aprentar uma reflexão sobre o futuro da imprensa cristã, os desafios da transição digital e a importância do jornalismo de proximidade, atento à escuta de pessoas e causas concretas.

 

 
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