23 de março, 2023

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Santuário recorda extensa e indelével ligação de João de Sousa Araújo a Fátima

Pintor português, falecido hoje, aos 93 anos, é o autor da grande tela do retábulo-mor da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e de vitrais daquele espaço.

 

O Santuário de Fátima recorda, hoje, a extensa e indelével obra deixada na Cova da Iria pelo pintor português João de Sousa Araújo, falecido na madrugada desta quinta-feira, aos 93 anos. Em nota publicada ao final da manhã, o Museu do Santuário de Fátima percorre o legado artístico de João de Sousa Araújo em Fátima.

“É através de duas pinturas representativas das Aparições do Anjo e do Imaculado Coração de Maria (atualmente expostas na sala de visitas da Reitoria do Santuário de Fátima) que, em 1966, João de Sousa Araújo inicia a sua extensa colaboração com o santuário da Cova da Iria, ao qual ficará indelevelmente ligado sobretudo pelas pinturas e vitrais da Basílica de Nossa Senhora do Rosário”, lê-se na nota, onde é destacada a obra do “notável” pintor, ceramista e arquiteto.

“Assinalando o cinquentenário das Aparições, João de Sousa Araújo desenvolve, um ano depois, em 1967, essa prolífera campanha artística que transforma as grandes entradas de luz daquela basílica em painéis multicolores, aí representando, através do seu pincel plenamente poético, três ciclos iconográficos: na abóbada, o ciclo das aparições do Anjo e das aparições marianas; nas galerias, o ciclo da vida da Virgem (desde o Nascimento de Maria até à sua Assunção); nas capelas laterais, o ciclo formado por títulos da ladainha lauretana (Virgem Prudentíssima, Estrela da Manhã, Rainha da Paz...).”

O Museu do Santuário de Fátima destaca ainda a grande tela do retábulo-mor, assim como as telas das capelas do transepto da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, também da autoria de João de Sousa Araújo.

“Desta campanha sobressaem também as telas que pintou para as capelas do transepto da basílica, dedicadas a fazer memória de diferentes passos da vida dos Pastorinhos, e a grande tela que preside ao retábulo-mor da basílica, na qual representa a Glorificação de Nossa Senhora de Fátima num contexto formal e simbólico pleno de coerência histórica (pelo domínio da História de Fátima) e simbólica (pelo domínio dos conceitos estruturantes da Mensagem de Fátima).”

A nota faz também memória do projeto que o arquiteto desenhou, na década de 1960, para uma “grande abóbada exterior para albergar os peregrinos nas celebrações do Recinto de Oração”, obra que, apesar do “grande arrojo criativo”, não chegou a ser realizada.

“Sobretudo na sua pintura, Sousa Araújo faz uso de uma estética livremente poética, claramente eivada de lirismo, com pincel muito seguro na representação da figura humana que quase sempre desenhava através do cânone maneirista de agigantar a proporção, tornando as figuras muito elegantes e sempre rodeadas de uma ambiência verdadeiramente mistérica. A esta forma de representar soma-se o grande conhecimento dos temas, porquanto o autor dominava quer as fontes primárias literárias quer as fontes da tradição iconográfica cristã, o que o leva a querer comunicar o mistério de Deus de forma muito coerente, não raras vezes inscrevendo nas próprias obras, inclusive, as citações bíblicas referentes às cenas que representava. A João de Sousa Araújo se pode aplicar a expressão de pintor-catequeta ou mesmo de pintor-teólogo”, lê-se no documento redigido pelo Museu do Santuário de Fátima.

Depois de frequentar a Escola António Arroio, João de Sousa Araújo forma-se em Pintura, em Escultura e em Arquitetura na Escola de Belas-Artes, de Lisboa, desenvolvendo um percurso notável que deixará obra em diferentes lugares do País e noutros lugares da Europa (França, Itália), de África (Moçambique) e da América (Estados Unidos, Porto Rico). Em Portugal, João de Sousa Araújo marcou vários espaços: para além do Santuário de Fátima, a sua obra pode admirar-se, por exemplo, no Santuário Nacional de Cristo-Rei, em Almada, na Igreja da Encarnação, em Lisboa, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, no Entroncamento, na Igreja de São João e São Pedro, no Estoril.

João de Sousa Araújo nasceu a 13 de novembro de 1929 e faleceu hoje, aos 93 anos de idade.

 

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