14 de junho, 2016

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Simpósio Teológico-Pastoral debate importância do dom da vida

Inscrições estão disponíveis aqui
 

O Santuário de Fátima promove entre os dias 24 e 26 de junho o Simpósio Teológico-Pastoral, integrado nas celebrações do Centenário das Aparições, no salão do Bom Pastor, no Centro Pastoral de Paulo VI.

O Simpósio, que dá sequência ao itinerário temático que visa preparar esta celebração centra-se, como tem sido habitual, no tema do Ano Pastoral em curso no Santuário de Fátima, explicitando-o deste modo: «Eu vim para que tenham vida». A vida que brota de Deus no acontecer da História.

Ao longo de dois dias e meio procura-se refletir sobre dimensões fundamentais da “vida em plenitude” que o acontecimento cristão possibilita como dom, experiência, promessa a realizar e esperança a cumprir.

Sob três perspetivas de orientação temática – a vida “recebida”, “celebrada” e “doada” –, o Simpósio vai refletir, antes de mais, sobre o dom da vida nova que o Evangelho de Jesus sinaliza e oferece e que a ação do seu Espírito (que é também o Espírito do Pai) atualiza em cada época e em cada lugar, ao mesmo tempo que se sublinha a tarefa de construção humana necessariamente envolvida no acolhimento desse dom.

O Simpósio é uma organização do Santuário de Fátima com o apoio da Rádio Renascença e contará na abertura e no encerramento com a presença do bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, do reitor do Santuário, Pe. Carlos Cabecinhas e do presidente do Simpósio, José Eduardo Borges de Pinho.

À Sala de Imprensa e ao jornal Voz da Fátima, o Professor José Eduardo Borges de Pinho, Presidente do Simpósio, explicita o sentido deste encontro.

Sala de Imprensa(SI) – Eu Vim Para que tenham Vida... é o ponto de partida para o simpósio teológico-pastoral. Os painéis estão organizados em três óticas: a vida recebida, a vida celebrada e a vida doada. Numa sociedade tão secularizada em que o homem todos os dias procura ser Deus, como podemos fazer vingar esta ideia?

Prof. Borges de Pinho- Num mundo em que o processo de secularização continua, não obstante os sinais de “retorno do religioso” (sob as mais diversas e, muitas vezes, ambíguas formas…) torna-se decisivo sinalizar e ajudar a entender que o Evangelho de Jesus tem a ver com a vida real, concreta, das pessoas, com as suas esperanças e as suas interrogações, com as interpelações do presente e os desafios do futuro. O possível acolhimento do Mistério de Deus e do que Deus significa para a existência pessoal e para a humanidade no seu conjunto tem de partir de experiências de vida, das questões reais da existência. A experiência cristã tematiza, aprofunda e ilumina o que basicamente se sente: a vida que de muitos modos nos é dada; a vida que somos convidados a celebrar; a vida que se realiza na medida em que nos abrimos aos outros e às suas necessidades.

Parece-me, pois, fundamental estar atento àquilo que as pessoas realmente vivem, às esperanças e aos projetos que têm, às pequenas coisas quotidianas que tecem e preocupam o viver humano. É aí e só desse modo que pode fazer sentido o que a visão cristã da vida e a prática cristã coerente mostram de valioso, de realizador da pessoa, de caminho com sentido, de esperança que vale a pena alimentar.

SI – Quais são os objetivos deste Simpósio?

Prof. Borges de Pinho- Seguindo o itinerário temático proposto pelo Santuário e, de modo particular, o próprio tema escolhido para o Ano Pastoral em curso (como ressonância da Aparição de setembro de 1917), trata-se de aprofundar o que a visão cristã da vida apresenta como contributo para o caminhar humano na História, com as suas esperanças e sucessos, mas também com os seus fracassos e misérias, tudo isso envolvido na certeza de um dom de “vida em abundância” que é possível. Naturalmente que o específico desta iniciativa, enquanto Simpósio Teológico-Pastoral, se situa ao nível da reflexão crente, procurando conduzir a um alargamento de horizontes a partir da fé e a uma maior capacidade de dar razões do que sustenta e movimenta a mesma fé.

É evidente que a palavra “vida” ou melhor, a realidade da vida tem muitas dimensões e ressonâncias. Daí surgiu a necessidade de algumas opções e delimitações, feitas naturalmente a partir daquilo que o Evangelho de Jesus nos sugere e propõe como verdadeiro sentido da vida (em termos pessoais e coletivos), como promessa e esperança de uma vida plenamente realizada (“vida em abundância”).

SI – Será isso assim tão óbvio para a maioria dos Cristãos...

Prof. Borges de Pinho- Desde logo, não é óbvio para muitos que temos de começar por reconhecer, agradecer e valorizar o dom que a vida representa: a nossa vida e a dos outros. Claro – todos nós temos alguma experiência disso – que há vidas falhadas, vidas perdidas, vidas sem grande esperança. Mas mesmo aí só é possível alguma mudança e alguma esperança se começamos ou recomeçamos a valorizar o dom que a vida representa. Esta perspetiva fundamental atravessa todo o Simpósio.

Na consciência cristã, é claro também que celebrar a vida é caminho indispensável de acolhimento desse dom, no reconhecimento do Mistério que suporta todo o nosso viver e na compreensão e valorização do que a vida comum, quotidiana, representa para o nosso crescimento e realização humanos. Daí a importância atribuída no Simpósio a reflexões relacionadas com a celebração da fé.

Nesta linha, um terceiro vetor de reflexão é não só indispensável como nuclear: celebra-se a vida, enfim, para melhor agradecermos este dom e assim sermos capazes de entender e realizar a nossa própria vida como serviço, doação, entrega. Ajudar os outros, de várias formas possíveis, a poderem viver melhor é o verdadeiro caminho de vida que o Evangelho de Jesus nos propõe.

SI – Eu vim para que tenham vida e que a tenham em abundância. O que é que Jesus e hoje nós cristãos queremos dizer exatamente com isto?

Prof. Borges de Pinho- Como é sabido, esta expressão colocada na boca de Jesus e na terminologia do Evangelho de João (Jo 10, 10) pode ser vista como uma síntese do acontecimento cristão. Em Jesus – “Caminho, Verdade e Vida” (cf. Jo 14, 6) – ressoa não só a palavra definitiva de Deus para os caminhos da humanidade, mas indica-se por onde passam elementos-chave desses caminhos (amor a Deus e ao próximo, misericórdia e perdão, bem-aventuranças, amor aos inimigos…) para que o viver humano, correspondendo ao plano criador e salvador de Deus, seja mais justo, pacífico, feliz. Na certeza de que – como nos lembrou o Concílio na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, n.º 22 – o mistério do homem só pode ser plenamente compreendido à luz do Mistério de Cristo.

SI – O que significa para o mundo ter vida em abundância?

Prof. Borges de Pinho- Num primeiro momento e para muitas pessoas, “vida em abundância” poderá significar, simplesmente, a satisfação de aspirações elementares e desejos básicos, a possibilidade de realizar sonhos e ambições em diversos domínios (desde o dinheiro às condições normais da vida, seus prazeres e seus sucessos), a possibilidade de fazer mais ou menos aquilo que se deseja e parece possível, etc. Mas, mais tarde ou mais cedo, muitas destas pessoas confrontam-se com os inevitáveis limites da própria finitude humana, com as circunstâncias inelutáveis do tempo que passa, com experiências menos realizadas, menos felizes ou até mesmo verdadeiramente infelizes… E experimentam ou percebem, certamente com maior ou menor consciência, que muita coisa que, afinal, parecia trazer sucesso, paz, alegria, felicidade, “vida em abundância” não é assim tão consistente e definitiva como se desejava ou imaginava à primeira vista.

Abrem-se assim “brechas” nas próprias razões de viver, na clarificação do que vale ou não vale a pena no quotidiano. É óbvio que isso não significa, nem imediatamente nem de forma visível, que as pessoas adiram à fé ou se perguntem pelo sentido e valor da mensagem cristã. Mas, certamente que, no coração de cada homem e de cada mulher emerge, de uma maneira ou de outra, a questão do sentido e do valor da vida, daquilo que a sustenta, da “vida em abundância” que tanto desejaríamos ter. É por aí que passa o encontro insondável de cada vida humana com o Mistério de Deus.

(A participação no Simpósio requer uma inscrição prévia que deve ser feita para SANTUÁRIO DE FÁTIMA
Secretariado do Centenário das Aparições de Fátima – Simpósio de 2016, Apartado 31 2496-908 Fátima ou através do formulário on-line).

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