08 de fevereiro, 2021

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“Somos acolhidos de uma forma terna, como que Deus a mostrar que nos perdoa sempre”

Capelas da Reconciliação adaptam-se para responder aos desafios da conjuntura de pandemia que o mundo enfrenta

 

Em 2020, as Capelas da Reconciliação acolheram 56 702 peregrinos, um número muito inferior ao registado em 2019 (139 489), consequência da pandemia por COVID-19, que impediu os peregrinos de se deslocarem até à Cova da Iria.

Apesar dos números menos expressivos, este é um dos serviços mais procurados no Santuário que assim vai cumprindo aquilo que o Papa Francisco aqui pediu aos sacerdotes: que fossem, sempre, ministros da misericórdia de Deus.

O Santuário de Fátima dispõe de confessores em língua alemã, croata, espanhola, francesa, holandesa, inglesa, italiana, polaca, portuguesa e ucraniana, mas quem mais procura este espaço são os peregrinos de língua portuguesa (51 648), logo seguidos dos de língua espanhola (2 279).

São sobretudo as mulheres (37 667) em idade adulta (44 536), as que maioritariamente se aproximam do espaço do sacramento da Reconciliação. O ano de 2020, devido às restrições e constrangimentos causados pela COVID-19, foi muito diferente no que toca ao fluxo de peregrinos, mas em agosto, os números voltaram a subir tendo-se registado 1 ­­­061 confissões, uma situação muito diferente da registada em abril, o mês com menos procura deste serviço no Santuário, apenas com 30 peregrinos.

Durante o confinamento, de março a maio de 2020, altura em que todas as celebrações decorreram sem a participação de fiéis, as Capelas da Reconciliação e a da Adoração foram os únicos espaços do Santuário a manter-se abertos à presença de peregrinos.

“Dadas as condições que temos nas respetivas capelas, acautelaram-se os procedimentos nos espaços, de modo a poderem observar-se as normas da Direção Geral de Saúde, tais como o distanciamento social, o uso de máscara, a higienização das mãos e dos espaços”, explica o padre Joaquim Ganhão, responsável pelo Departamento de Liturgia, em declarações à Voz da Fátima. Os confessionários foram adaptados para garantir a segurança dos penitentes e dos confessores, com a instalação de acrílicos e com a implementação de procedimentos para arejamento dos espaços.

“Na gestão dos recursos, os sacerdotes de mais idade foram dispensados deste serviço, para sua segurança e dos peregrinos, e foram dadas indicações para o uso de máscara por parte dos sacerdotes e penitentes também durante a celebração do sacramento”, assegura o responsável. Dada a menor afluência de peregrinos foi também reduzido o número de confessores. “Estas medidas foram revistas nos meses de verão e no período do Advento em que o número de penitentes aumentou significativamente”.

As confissões no Santuário de Fátima “estão ao serviço de todos os peregrinos, e chegam penitentes de todo o país e do estrangeiro, de todos os estratos sociais, idades e sensibilidades eclesiais”, esclarece o padre Joaquim Ganhão.

“Há muitas pessoas que se deslocam ao Santuário, propositadamente para a celebração deste Sacramento”, disse ainda. É o caso de Mariana Silva que, com alguma frequência, vem a Fátima para celebrar o sacramento da Reconciliação: “Faço isso desde adolescente, altura em que comecei por vir com a minha avó e com o grupo de jovens em que estava inserida, e mais tarde, já adulta, continuei a vir por uma questão de comodidade” explica esta peregrina oriunda de Leiria: “em primeiro, por uma questão prática, porque o horário é bastante alargado e é possível conciliar, e depois pelo silêncio e ambiente de oração vivido. É possível depois da confissão ir à Capela do Santíssimo Sacramento ou participar numa celebração ou mesmo caminhar um bocadinho pelo Recinto e ir saudar Nossa Senhora. É um caminhar na fé em vários degraus, e aqui é possível de uma forma prática percorrer todos”, afirma Mariana Silva que, há vários anos, faz serviço numa farmácia. “O que mais levamos daqui é a paz do perdão, porque em primeiro somos acolhidos de uma forma terna, como que Deus, a mostrar que nos perdoa sempre. Depois temos um sacerdote ali para nos ajudar, ouvir e, acima de tudo, mostrar que Deus nunca nos esquece, e no fim de tudo temos o colo da mãe”, conclui.

Segundo o padre Joaquim Ganhão, “este serviço é um dos rostos fundamentais do Santuário de Fátima, lugar de acolhimento, de conforto, de alívio e descanso”. “A celebração do Sacramento da Reconciliação é sempre um momento importante, muitas vezes determinante, onde os cristãos vivem este encontro vivo com a misericórdia libertadora de Deus, e as pessoas têm necessidade de se sentirem acolhidas e encontradas por esta misericórdia e pela ternura de Deus que neste sacramento tem um rosto, uma palavra, um gesto... um acontecer”, refere o responsável.

A irmã Laise de Sousa é religiosa da comunidade dos Servos de Maria e do Coração de Jesus e faz acolhimento nas Capelas da Reconciliação há 5 anos, tantos quantos os que vive em Fátima. Originária do Brasil, esta religiosa está ao serviço dos peregrinos diariamente, em “missão neste cantinho da misericórdia de Deus”. “As pessoas vêm ao encontro de Jesus Cristo e encontram-No no sacerdote, para colocar as suas faltas e depois saírem daqui com a graça de Deus, por meio deste sacramento”, explica a religiosa. O serviço passa pelo acolhimento aos peregrinos e posterior condução ao confessionário, conforme o idioma e a disponibilidade. “Há menos pessoas aqui, é tudo mais complicado, há muito mais restrições, porém continuamos a ver que vêm diariamente peregrinos a este lugar e nestes anos há muitas histórias que nos vão marcando, muitas amizades, muitas partilhas”, recorda a irmã Laise de Sousa. Por vezes há até algo curioso: “muitas pessoas que, por vezes, só vêm acompanhar, após uma conversa preliminar, acabam por se confessar e o sentimento acaba por ser de alívio e de paz, e criam-se laços, e há muitas pessoas que recomeçam a sua vida cristã aqui após um período de afastamento”, esclarece ainda esta religiosa brasileira. “Eu reconheço as minhas faltas e o Senhor que não desiste de nós está aqui e é um reencontro”, lembra a religiosa.

“Se todos os tempos são oportunos para a sua celebração, certamente que nestas horas de maior apreensão, perante uma pandemia difícil de gerir e de entender, onde o medo e a ansiedade tantas vezes habitam o coração, este encontro com Deus, torna-se um lugar de reconciliação e de paz, de desintoxicação da vida e de estímulo para retomar o caminho com confiança e maior serenidade”, diz o padre Joaquim Ganhão, que considera acontecer neste local “um dos apelos mais vivos da mensagem de Fátima: o convite à conversão”.

Deste modo, “este tempo de pandemia não deixa de trazer consigo esta tomada de consciência da nossa vulnerabilidade, da fragilidade humana em todas as suas dimensões, da urgência da cura interior para, na força do Espírito que dá vida, podermos enfrentar todas as dificuldades, fortalecidos pela graça de Cristo”, esclarece. “A palavra final da celebração do sacramento da reconciliação é extraordinariamente significativa: Deus Pai de misericórdia... te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. Neste perdão e nesta paz, encontrarão os cristãos a força e o alento para vencerem todas as dificuldades... também a da pandemia que nos atinge”, conclui o responsável pelo Departamento de Liturgia do Santuário de Fátima.

As Capelas de Reconciliação situam-se no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade e estão abertas, diariamente, das  9h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.

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