03 de abril, 2018

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Assinala-se hoje a morte de S.Francisco Marto

Pastorinho foi canonizado a 13 de maio de 2017 pelo Papa Francisco em Fátima

 

 

Tinham tudo para uma vida simples, anónima, mas acabaram por entrar para a História, não só da Igreja Católica em Portugal e no mundo, mas também da humanidade, como testemunhas privilegiadas de Aparições num pequeno local chamado Cova da Iria, perto de Fátima, no centro do país.

Como pequenos pastores que eram, ficaram para sempre conhecidos como “os Três Pastorinhos” ou “os Videntes de Fátima” a quem Nossa Senhora do Rosário apareceu por seis vezes em 1917, faz agora 100 anos.

Lúcia, na altura com 10 anos, e os seus primos Francisco, com 9, e Jacinta, com 7, irmãos, foram os escolhidos para receberem a Mensagem em que a “Senhora mais brilhante que o Sol” pedia orações, sacrifícios e reparação das ofensas ao seu Imaculado Coração e a Deus.

A Lúcia foi dado ver, ouvir e falar durante as Aparições, enquanto Jacinta podia ver e ouvir. Francisco podia apenas ver, pelo que a prima e a irmã lhe relatavam depois tudo o que tinham ouvido.

Das curtas vidas de Francisco e de Jacinta Marto, «as duas candeias que Deus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas», como João Paulo II lhes chamou, há poucos registos biográficos. A mais importante fonte para o conhecimento sobre eles é constituída pelas Memórias de sua prima.

Francisco e Jacinta Marto, nascidos ambos em Aljustrel, com menos de dois anos de intervalo, morrem pouco tempo depois das Aparições, tal como Nossa Senhora lhes tinha anunciado: «a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu [Lúcia] ficas cá mais algum tempo» (13 de junho de 1917).

Vidas breves, mas suficientes para que a Igreja Católica reconhecesse, pela primeira vez na sua história de 2000 anos, a “heroicidade das virtudes e a maturidade de fé de crianças não-mártires”, por decreto de João Paulo II, de 13 de maio de 1989, que abriu o precedente para o reconhecimento da sua santidade.

Francisco Marto, cuja iconografia o apresenta de carapuço na cabeça e jaleca curta, com o cajado e o saco do farnel ao pescoço, nasceu em 11 de junho de 1908 e foi batizado em 20 de junho na Igreja Paroquial de Fátima.

Com apenas 8 anos de idade, começou, com a sua irmã Jacinta, a pastorear o rebanho dos seus pais pela zona da Cova da Iria, local onde, juntamente com a prima Lúcia, viriam a testemunhar as Aparições, durante as quais podia apenas ver, sem ouvir ou falar.

 

Levado pelo desejo íntimo de consolar o coração de Jesus, pois – dizia – queria dar alegria a um Deus que estava triste com os agravos ao Seu coração, Francisco viveu intensamente a oração contemplativa. Para isso, passava horas seguidas em oração em frente ao sacrário, na Igreja Paroquial de Fátima.

Essa vontade de desagravar o coração de Jesus e de se dedicar inteiramente à oração levou-o a desistir de ir à escola, apesar de, nas Aparições, Nossa Senhora de Fátima lhes ter pedido para que aprendessem a ler e a escrever.

A 18 de outubro de 1918, pouco mais de um ano depois da última Aparição, Francisco adoece, vítima da epidemia da gripe pneumónica que assolou o país. Também conhecida por gripe espanhola, a doença chegara a Portugal no meio desse ano e em pouco tempo causou a morte de dezenas de milhares de pessoas.

A 2 de abril do ano seguinte, confessa-se e recebe a comunhão pela última vez «com uma grande lucidez e piedade», como escreve o pároco de Fátima no Livro de Óbitos, ao registar a sua morte, em 4 de abril, acrescentando: «E confirmou que tinha visto uma Senhora na Cova da Iria e Valinho».

Foi sepultado no cemitério de Fátima, de onde os seus restos mortais foram exumados, em 17 de fevereiro de 1952, e trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em 13 de março de 1952, repousando no braço direito do transepto.

Precisamente a 30 de abril de 1952, o bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, abre os dois processos diocesanos sobre a fama de santidade e as virtudes dos dois irmãos.

Seguindo caminhos paralelos, a fase diocesana do processo de Jacinta é encerrada em 2 de julho de 1979, contendo 77 sessões e 27 testemunhos. O processo de Francisco é encerrado, um mês depois, a 1 de agosto, com 63 sessões e 25 testemunhos.

Dez anos depois, em 13 de maio de 1989, João Paulo II decreta a heroicidade das virtudes de Francisco e de Jacinta e os dois pastorinhos passam a ser considerados veneráveis, o que acontece pela primeira vez na História da Igreja Católica com crianças não-mártires.

A partir daqui os dois processos são unidos num só.

O passo seguinte no processo de beatificação de Francisco e de Jacinta ocorre dez anos depois, em 28 de junho de 1999, quando o Papa João Paulo II promulga o decreto sobre o milagre da cura de Emília Santos, obtido por intercessão dos dois pastorinhos, abrindo o caminho à beatificação, cuja celebração veio a acontecer, em Fátima, no ano seguinte, em 13 de maio.

A beatificação estava a ser preparada para ter lugar em Roma, mas por vontade do Papa polaco, a celebração foi transferida para Fátima, onde João Paulo II beatifica Francisco e Jacinta Marto, apresentando-os à Igreja e ao mundo como «duas candeias que Deus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas».

O decreto pontifício concede que os veneráveis Francisco e Jacinta sejam considerados beatos, com festa litúrgica a 20 de fevereiro.

A Irmã Lúcia esteve presente na celebração da beatificação dos primos e teve nessa altura o seu último encontro com João Paulo II.

Francisco e Jacinta Marto foram canonizados no Santuário de Fátima, a 13 de maio, durante a Missa da primeira Peregrinação Internacional Aniversária do Centenário das Aparições, presidida pelo Papa Francisco.

Tornaram-se assim nos mais jovens santos não-mártires da história da Igreja Católica.

A decisão sobre o local e data da canonização foi anunciada hoje pelo Papa Francisco na reunião pública do Consistório, de 20 de abril, realizada no Palácio Apostólico do Vaticano.

A canonização fora aprovada a 23 de março, quando o Vaticano anunciou que o Papa Francisco reconhecera o milagre atribuído a Francisco e Jacinta, última etapa do processo, iniciado há 65 anos.

O reconhecimento de um milagre realizado por sua intercessão depois da beatificação é um processo da competência da Congregação para a Causa dos Santos, regulado pela Constituição Apostólica Divinus Perfectionis Magister, promulgada por João Paulo II em 1983.

No processo de Francisco e Jacinta Marto, foi aceite como milagre a cura milagrosa de Lucas, uma criança brasileira de cinco anos, que tinha caído de uma janela, a uma altura de 6,5 metros no dia 3 de março de 2013, ficando em coma, com perda de tecido cerebral no lóbulo frontal direito.

A oração da família e das irmãs do Carmelo de Campo Mourão, no Brasil, pedindo a intercessão de Francisco e Jacinta, resultou na cura total de Lucas, facto que os médicos não conseguem explicar.

A decisão da comissão de peritos ou científica sobre a aceitação do milagre foi posteriormente analisada por uma comissão de teólogos, que recomendou a aceitação à Congregação para a Causa dos Santos.

O decreto saído da Congregação, declarando santos os dois beatos, foi então submetido à aprovação do Papa Francisco, o que aconteceu a 23 de março deste ano.

A canonização é a confirmação, por parte da Igreja Católica, de que alguém é digno de culto público universal, podendo ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

A festa litúrgica de Francisco e Jacinta ocorre a 20 de fevereiro.

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