13 de novembro, 2020

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COMO?

 

Eis uma grande questão que nos atravessa ao longo da vida: saber como fazer, como agir, como reagir, como ordenar prioridades, como gerir critérios, como educar, como ajudar a crescer, enfim como pôr os meios para alcançar os fins a que nos propomos.

Em Espanha foi criado um projeto que se chama mesmo “El Cómo” (https://www.elcomo.es/) e desde que conheci os seus fundadores fiquei ainda mais consciente da necessidade, diria mesmo da urgência individual de criarmos o nosso próprio ‘instituto como’. Ou seja, de nos colocarmos constantemente esta pergunta ou perante esta interrogação existencial.

Conto, primeiro, a história dos fundadores do “El Cómo”, mas faço-o de forma abreviada: os irmãos Antoñanzas tornaram-se conhecidos em Espanha por terem criado a agência de comunicação “Comunica + A”, onde trabalhavam todos até ao dia em que um deles, o Pablo, morreu. Pablo era vice-presidente e sócio fundador, mas era também um influenciador nato. Não um destes influencers da moda, que abundam na net, mas alguém que tinha visão, capacidade de mobilização e motivação de todos os que o rodeavam.

Pablo Antoñanzas, espírito pragmático, tinha um grande lema que orientava a sua ação: “todo depende del CÓMO”. Javier e Jaime, os dois irmãos que trabalhavam com ele na agência, decidiram prestar tributo a Pablo criando o “El Cómo” há cerca de 10 anos, pouco depois da morte de Pablo.

Conheci uma irmã Antoñanzas no Congresso “O Que de Verdade Importa”, em Madrid, por essa altura. Falámos longamente sobre este projeto, que estava a começar, porque me fascinou a ideia, mas também a história que lhe estava associada. Nunca mais me esqueci deste lema de Pablo. E acrescentei este ‘como?’ às minhas interrogações diárias.

Não se trata apenas do ‘para quê?’ que nós, cristãos, tanto gostamos de cultivar, numa tentativa diária de uma entrega cada vez maior a Deus, mas também do ‘como?’. Como pensar, como atuar, como resgatar, como perdoar, como ser mais compassivo, como ser mais confiante, como projetar a confiança nos outros, como encorajar os que andam desanimados, como reforçar a nossa própria motivação, como recuperar o entusiasmo, como aprofundar a fé, como ser mais amigo dos nossos amigos, como ser melhor filho (de Deus e dos nossos pais), como ser melhor irmão (dos nossos irmãos de sangue, mas também dos nossos irmãos em Cristo), como ser melhor pai, melhor mãe, melhor profissional e por aí adiante.

Confesso que esta pergunta, este modo de pensar nos meios para atingir os fins, passou a ser recorrente em mim. Nunca saberemos os porquês e talvez também não sejamos capazes de atingir sempre os ‘para quê?’, mas está ao nosso alcance definir os ‘como?’.

E é esta certeza, talvez uma das poucas certezas com que vivemos, para além da certeza do amor de Deus, da Sua misericórdia e compaixão, que nos ajuda a ser mais e melhores em cada dia. Podemos não saber ‘como?’, mas não podemos deixar nunca de nos interrogar como podemos pôr os meios para chegar aos fins. Sobretudo se o fim a que queremos chegar, seja o fim de cada dia ou o fim da nossa vida, é sermos verdadeiramente humanos.

 

Laurinda Alves, Jornalista, escritora, tradutora e professora universitária de Comunicação, Liderança, e Ética

(In Voz da Fátima, Ano 099, N.º 1178, 13 de novembro 2020) 

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