14 de novembro, 2020

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“O sofrimento e a morte não podem ser confinados” afirma presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

Eucaristia pelas vítimas da pandemia reuniu 21 bispos e autoridades nacionais em Fátima, evocando profissionais de saúde, investigadores e cuidadores.

 

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje em Fátima que a atual pandemia veio reforçar o valor da vida e deve mobilizar a sua defesa de forma “incondicional, com responsabilidade, competência e generosidade”.

“A pandemia que está a condicionar todo o planeta coloca-nos diante da evidência do dom precioso que é a vida humana e de todas as capacidades de que somos capazes para a defender, mas igualmente da fragilidade do nosso ser individual”, disse D. José Ornelas na homilia da missa a que presidiu hoje em Fátima, em sufrágio pelas vítimas da pandemia.

A celebração contou com a presença de 21 bispos, entre eles o Núncio Apostólico em Portugal; do reitor do Santuário de Fátima e a participação  do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; do primeiro-ministro, António Costa  e  de várias entidades públicas que se quiseram associar a esta homenagem de oração pelas vítimas, diretas ou indiretas, da pandemia que não são “números de uma estatística”.

“Com aqueles e aquelas que nos deixaram, recordamos também quantos os que acompanharam de mais perto na derradeira etapa da vida, a maior parte deles nos hospitais e nos lares: os profissionais da saúde, os investigadores, os cuidadores e colaboradores de tantas profissões e os que assumem a responsabilidade de organizar todo este esforço” referiu o bispo de Setúbal.

“A sua dedicação, esforço, inteligência e abnegação são a expressão do apreço da nossa sociedade pela vida e de quanto está disposta a investir para defendê-la e apoiá-la, embora, tantas vezes, não seja coerente com esses objetivos” acrescentou.

“A crise tem-nos mostrado que o sofrimento e a morte não podem ser confinados e que só juntos podemos construir um mundo aceitável para todos, em que nos cuidemos mutuamente. Assim como a dimensão do sofrimento e da morte são universais, assim também deve ser a defesa e o cuidado dela”, disse ainda.

As palavras de D. José Ornelas ecoaram uma alusão indireta ao processo em curso de legalização da eutanásia. O prelado, que agora lidera a conferência dos bispos, encorajou os portugueses a levarem mais longe a defesa da vida e elogiou os gestos de “proximidade e misericórdia” que a sociedade tem conseguido realizar neste contexto de doença.

“Quem dera que sejamos capazes, como país e como humanidade, de manter esta hierarquia de valores, de proximidade e verdadeira misericórdia para com a fragilidade, tantas vezes dramática, da nossa condição humana e do planeta que habitamos. Se aprendermos desta epidemia a cuidar uns dos outros e juntos deste mundo, teremos feito justiça e boa memória dos que partiram e dos esforços de quantos os acompanharam na última etapa da vida nesta terra”, afirmou.

A homilia destacou, ainda,  a figura bíblica de Job, como exemplo de fé diante do sofrimento, alguém que “percebe que a vida é um dom absoluto e não apenas uma conquista”.

“Esse é o grito de toda a humanidade, que não se conforma nem resigna, mas que se esforça por cuidar e amparar a vida em todos os seus momentos, e por encontrar sentido na luta por superar todas as crises que vai experimentando” disse.

“Esta é a dupla mensagem que Job nos deixa: investigar, procurar, interrogar-se, cuidar; e, ao mesmo tempo, confiar e abrir-se a um mundo onde só pode ser conduzido pela mão poderosa e carinhosa de Deus”, indicou D. José Ornelas.

O bispo de Setúbal comentou também a passagem do Evangelho relativa à ressurreição de Lázaro, para deixar uma mensagem de esperança às famílias enlutadas, nestes meses de pandemia.

“Celebrando a memória daqueles que partiram, Jesus vem visitar as nossas famílias feridas pela saudade e, em muitos casos, pelo peso de não terem podido dar-lhes a presença e a assistência que desejavam; tolhidas pelo luto que não puderam fazer e que ainda dói” explicitou.

“Como em casa da família de Lázaro, Ele que passou pela morte e está vivo para sempre, vem trazer-nos o conforto da sua presença amiga e abrir os nossos olhos para a grandeza do poder e do amor do Senhor, Criador e Pai do céu”, concluiu.

Durante a celebração, os participantes rezaram para que os responsáveis políticos “promovam medidas justas, de caráter sanitário, social, económico, cultural e espiritual, que permitam levar esperança a toda a sociedade”.

No final da Missa, D. José Ornelas pediu que todos sejam “respeitadores e propagadores de vida”.

“Que possamos levar sempre o sinal da esperança, de que Deus é maior do que todas as nossas crises. Com Ele, nós venceremos também esta”, concluiu.

No final da celebração, em declarações aos jornalistas já fora da Basílica da Santissima Trindade, o Presidente da república elogiou o “comportamento exemplar” da Igreja Católica durante a atual pandemia.

“Eu queria assinalar, agradecer muito à Igreja Católica, que tem sabido interpretar os valores da vida e da saúde, que são valores essenciais para o Cristianismo. Nessa medida, tem sido exemplar, nas celebrações, todas elas, aqui em Fátima”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no final da celebração.

“O que tem feito a Igreja Católica é verdadeiramente exemplar, de serviço a valores fundamentais e de serviço à comunidade portuguesa”, finalizou.

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