21 de outubro, 2017

Santuário de Fátima acolhe hoje e amanhã relíquia de São João Paulo II 

Relíquia estará exposta à veneração dos fiéis na Capela da Ressurreição de Jesus

 

O Santuário de Fátima acolhe hoje e amanhã, dia 22 de outubro, uma relíquia de São João Paulo II, por ocasião da sua memória litúrgica que é assinalada este domingo com uma Missa votiva na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, às 18h30.

A relíquia é um pedaço de tecido da batina ensanguentada, usada no momento do atentado que o atingiu, quase mortalmente, a 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro e foi cedida ao Santuário pela Postulação da Causa de Canonização do Papa polaco.

“Esta relíquia simboliza a condição da igreja no mundo, sempre sujeita à provação e ao martírio” disse o Pe. José Nuno Silva, capelão do santuário de Fátima, que presidiu à celebração que acolheu a Relíquia na Capela da Ressurreição de Jesus, no piso inferior da Basílica da santíssima Trindade, onde ficará exposta para veneração dos peregrinos até à hora da Missa votiva de domingo (18h30).

“Venerar uma relíquia de um Santo não é adorar; é deixarmo-nos interpelar”, e olhando para esta em concreto, “sabemos o que narra aquele sangue e não é só o acontecimento da praça de São Pedro. Naquele sangue conta-se a história da Igreja no seculo XX, e aquele sangue derramado martirialmente projeta o nosso olhar para o sangue derramado por Nosso Senhor para salvação dos homens”, sublinhou o sacerdote.

A presença desta relíquia em Fátima deve-se essencialmente à ligação profunda existente entre São João Paulo II e Fátima, que o Santuário procura também sublinhar neste ano do Centenário.

João Paulo II foi o papa que mais vezes visitou Fátima, três vezes no total.

“A sua vida e o seu ministério não se podem entender sem olhar para Fátima” disse o Pe. José Nuno Silva destacando que no acontecimento providencial do atentado a 13 de maio de 1981, o Papa “foi capaz de interpretar um convite que lhe permitiu ler o sentido que tinha o seu ministério”. De resto, frisou, “a terceira parte do Segredo, que apresenta o bispo vestido de branco abatido, revelada em maio de 2000, quando foram beatificados os pastorinhos em Fátima, foi lida pelo Papa como uma legenda do atentado que tinha sofrido”.

Durante a celebração, na qual participaram vários peregrinos que encheram por completo a Capela da Ressurreição de Jesus, foi lida a terceira parte do segredo, a partir das memórias da Irmã Lúcia; refletiu-se sobre o significado de uma relíquia que é sangue e rezou-se a oração que o próprio Papa São João Paulo II rezou em Fátima, em maio de 1982, quando visitou pela primeira vez o Santuário e consagrou a humanidade ao Imaculado Coração de Maria.

“Ao venerarmos esta relíquia com sangue, deixemos que os nossos corações se abram para sermos capazes de corresponder à mesma narrativa de amor que este sangue simboliza e fazermos da nossa vida um dom a Deus realizado num dom de nós mesmos aos outros, no serviço aos outros, no compromisso pela salvação dos outros” concluiu o Pe. José Nuno Silva invocando o exemplo dos santos Francisco e Jacinta Marto, as duas candeias que São João Paulo II acendeu “para nos iluminar no caminho da Santidade a que todos e cada um de nós somos chamados”.

A relíquia ficará exposta à veneração dos fiéis, até ao final da tarde de domingo, na Capela da Ressurreição de Jesus, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade. Pelas 18h30 tem lugar o acolhimento da relíquia na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, para a celebração da Missa votiva de São João Paulo II. A Missa será presidida pelo diretor do Serviço de Liturgia, Pe. Sérgio Henriques, e contará com a especial participação dos acólitos presentes nas celebrações das três visitas que o Santo Padre realizou ao Santuário de Fátima em 1982, 1991 e 2000.

Desde tenra idade, Karol Wojtyla criou uma forte devoção a Nossa Senhora. Quando morreu a sua mãe, ainda criança, passou a visitar frequentemente a Igreja paroquial e habituou-se a confiar todas as suas preocupações e anseios à Virgem. Mais tarde, quando foi nomeado bispo, escolheu para as suas armas episcopais, a letra M junto à cruz e o lema Totus Tuus (Todo Teu), como sinal de total entrega a Maria. E com frequência o então bispo e cardeal de Cracóvia era visto no Santuário da Virgem Negra de Czestochowa, ajoelhado aos pés da Rainha da Polónia. A devoção de João Paulo II a Nossa Senhora sempre foi evidente.

Com efeito, todo o pontificado de João Paulo II está intimamente ligado à mensagem de Fátima. Os esforços do Papa em cumprir todas as indicações que a Virgem deixou aos pastorinhos tiveram o seu ponto alto no ato de consagração celebrado em Roma, a 25 de março de 1984, em união com todos os bispos do mundo.

Para presidir a esta celebração, o Santo Padre fez-se acompanhar da imagem original da Virgem de Fátima, que se venera na Capelinha das Aparições. No dia seguinte, João Paulo II entregou ao Bispo de Leiria, D. Alberto Cosme do Amaral, uma pequena caixa com “um presente para Nossa Senhora”. Comovido, o bispo abriu a caixa e constatou que se tratava da bala que tinha atravessado o corpo do Papa. Esta está encastoada no interior da coroa preciosa que se coloca na Imagem de Nossa Senhora nos dias 13, de maio a outubro, e noutras solenidades especiais, como a Imaculada Conceição e a Assunção de Nossa Senhora. Esta coroa de ouro tem 1,2 quilos, 313 pérolas e 2 679 pedras preciosas.

Dez anos após o atentado, João Paulo II voltou a Fátima. Desta vez, para além do aspeto pessoal, o Papa teve outros motivos para agradecer à Virgem. O muro de Berlim já não existia e os países de Leste abriam nessa época as portas à estabilização da democracia. Neste contexto, o Papa veio a Fátima “a fim de agradecer a Nossa Senhora a proteção dada à Igreja nestes anos, que registaram rápidas e profundas transformações sociais, permitindo abrirem-se novas esperanças para vários povos oprimidos por ideologias ateias que impediram a prática da sua fé”.

Mas a forte ligação deste Papa a Fátima é, sobretudo, pessoal e João Paulo II refere-se, por diversas vezes, ao “milagre de 13 de maio”.  Na audiência de 15 de maio de 1991, logo após a visita a Portugal afirmou: “Considero todo este decénio como dom gratuito que, de modo especial, devo à Providência Divina. Foi-me concedido particularmente como um dever, para que ainda pudesse servir a Igreja, exercendo o ministério de Pedro”. Mas ainda na mesma audiência geral, as palavras mais significativas são as que dirigiu aos polacos: “há dez anos fui introduzido na experiência de Fátima vivida pela Igreja. Isto aconteceu na tarde do dia 13 de maio: o atentado à vida do Papa. [...] Sei que a vida, a mim concedida de novo há dez anos, me foi dada pela misericordiosa Providência de Deus. Não esqueçamos as grandes obras de Deus”.

Em 13 de maio 2000, ano em que é revelada publicamente a terceira parte do segredo de Fátima, João Paulo II voltou ao santuário da Cova da Iria e beatificou os pastorinhos Francisco e Jacinta Marto.

 

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