25 de junho, 2016

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Perdoar “não é esquecer” mas abrir caminho “para o acolhimento do outro”

Comunicação de Pedro Valinho Gomes  aborda a temática do perdão como o dom da vida regenerada
 

Perdoar não é desculpar nem esquecer mas “oferecer um outro olhar pela vida, capaz de superar a dor, fazer luto e vencer a cicatriz” disse esta tarde o teólogo Pedro Valinho Gomes, durante uma comunicação integrada no Simpósio Teológico-Pastoral 2016, promovido pelo Santuário de Fátima e que está a decorrer até amanhã, no Centro Pastoral de Paulo VI.

Partindo de uma “metáfora da (sua) vida familiar”, e socorrendo-se de vários exemplos da literatura- Os irmãos Zaramazov, de Fiódor Dostoiévsky, por exemplo- dissertou sobre essa interrogação evangélica sobre “se o perdão é possível”.

Pedro Valinho Gomes apresentou o tema “«Assim como nós perdoamos»: o (difícil) dom da vida regenerada” e observou que o perdão é um dom “incondicional”, que tem de passar “por um processo de luto” para acolher na história pessoal “o outro que é culpado”.

“Qualquer discurso sobre o perdão que se queira mais do que um paliativo deve enfrentar o absurdo com que o mal afeta a vida”, referiu lembrando que o coração humano “será capaz do perdão na medida em que for capaz de lidar com as feridas e com o luto”, fazendo do perdão “um lugar de reparação”. E, por isso, o perdão tem necessariamente “de ser criativo” mas “sem ilusões”.

“Se eu esquecesse, não precisaria de perdoar”, assinala .

Aliás, o teólogo que é assessor executivo do Santuário de Fátima e da Fundação Francisco e Jacinta Marto, destacou alguns episódios da história recente como os campos de concentração nazis ou os sucessivos ataques genocidas do Ruanda para exemplificar o desafio que constitui perdoar.

Para Pedro Valinho Gomes só existe possibilidade de perdão quando se consegue ver que “o culpado vale mais que os seus atos” procurando-se encontrar “a vida que está para além daquela situação de culpa”.

O perdão, enquanto dom, “ganha os tons de uma reconfiguração do sentido” e diante “do irreversível e do imperdoável, veste-se de desproporcionalidade, de excesso, de transcendência, para se revelar como renarração, luto, promessa, reconhecimento e hospitalidade”, fazendo-se “caminho de acolhimento do outro”, defendeu ainda o teólogo.

Ainda durante este painel, intitulado a “Misericórdia como fonte de vida”, Cettina Militello, professora da Faculdade Teológica da Sicília e no Pontifício Instituto Litúrgico de Roma, abordou o tema das “Obras de Misericórdia: ganhar a vida no dom de si”.

Começou por fazer um enquadramento do termo misericórdia no seu contexto bíblico-teológico; abordou a questão da misericórdia como uma das características centrais da vida cristã e de ser igreja e a necessidade da misericórdia no mundo atual.

O Simpósio Teológico-Pastoral 2016, que é o sexto no contexto de preparação do Centenário, termina este domingo e tem transmissão em direto na internet em www.fatima.pt

A iniciativa trouxe a Fátima oradores da Teologia e das Ciências Sociais e Humanas, entre eles o coordenador da Comissão para a Proteção dos Menores do Vaticano, o cardeal norte-americano Sean O’Malley, arcebispo de Boston, que fará a última conferência deste Simpósio “ << Eu vim para que tenham vida>> A vida que brota de Deus no acontecer da História”. Este Simpósio teve o apoio da Rádio Renascença.

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