12 de agosto, 2025
![]() “Acolher migrantes não é uma opção política, é uma exigência evangélica”Esta noite, em Fátima, arcebispo emérito de Urgell deixou um veemente apelo à fraternidade para com os migrantes.
Na homilia que proferiu esta noite em Fátima, na celebração da Palavra da Peregrinação de 12 e 13 de agosto, D. Joan-Enric Vives apelou ao acolhimento, à proteção e integração dos migrantes, exortando os peregrinos reunidos no Recinto de Oração a assumir uma atitude fraternidade para com aqueles que vivem esta realidade, tal como o Evangelho exige. “Acolher migrantes não é uma opção política; é uma exigência evangélica. Significa defender a dignidade sagrada de cada ser humano, criado à imagem de Deus. Devemos reconhecer o rosto de Cristo no migrante”, declarou o Arcebispo emérito de Urgell, que preside à Peregrinação de agosto. Ao apresentar Nossa Senhora como a “Mãe de todos os que caminham”, solidária com “os mais pequenos, os inocentes e os marginalizados”, o presidente da Peregrinação apontou o acolhimento como “sinal e revelação da verdadeira fé e amor”. “Todos os dias, homens, mulheres e crianças atravessam fronteiras em busca do mesmo que todos desejamos: paz, trabalho, segurança e um futuro melhor. E muitas vezes o que encontram é suspeita, rejeição ou indiferença”, lembrou D. Joan-Enric Vives, apresentando a Mãe de Deus como “modelo de discipulado” que ensina a escuta, a hospitalidade e a ternura. “Nossa Senhora de Fátima convida a empenharmo-nos ativamente na defesa dos direitos humanos dos migrantes: o direito de deixar o seu país por necessidade ou em busca de liberdade; o direito a ser tratado com dignidade em qualquer fronteira; o direito a fazer parte de uma sociedade que não exclui, mas acolhe e integra, e que promove a fraternidade”, disse o arcebispo emérito de Urgell, ao esclarecer o sentido deste acolhimento verdadeiramente evangélico. “A emigração e os migrantes não são um problema: são um sinal dos tempos, que exige uma leitura evangélica e uma resposta solidária. Não se trata apenas de caridade, mas também de justiça. A verdadeira fé leva-nos a construir pontes, e não muros. Faz-nos experimentar a fraternidade com cada ser humano, que é irmão e irmã”.
Uma oportunidade de crescer em humanidade Ao lembrar longa história de emigração portuguesa, D. Joan-Enric Vives apelou a uma “coerência histórica e evangélica” no acolhimento daqueles que agora chegam a Portugal com os mesmos sonhos. Por fim, o presidente da Peregrinação de agosto lembrou os quatro verbos com os quais o Papa Francisco sintetizou atitude cristã face à migração: acolher, proteger, promover e integrar, e apresentou-os como “um verdadeiro programa pastoral, social, político e religioso”. “Acolher implica abrir as portas da comunidade e do coração; proteger significa garantir os direitos humanos e impedir abusos e exploração; promover é ajudar cada pessoa a desenvolver os seus talentos; integrar é reconhecer que a diversidade enriquece o tecido social e eclesial”, explicou o arcebispo de Urgell, ao apresentar a migrações como uma “fonte de renovação comunitária e uma oportunidade de crescer em humanidade, como um caminho de fraternidade”. No final, D. Joan-Enric Vives pediu a Nossa Senhora de Fátima uma sociedade que seja instrumento de paz, defensora da dignidade humana e semeadora de esperança entre os migrantes do mundo. Participaram nas celebrações desta noite, em Fátima, cerca de 60 mil peregrinos. A concelebrar com o arcepispo de Urgell esteve D. José Traquina, bispo de Santarém e Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, e ainda 74 sacerdotes e 5 diáconos. A Peregrinação Internacional Aniversária de agosto faz memória da quarta aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, em 1917. Esta Peregrinação integra também a Peregrinação Nacional do Migrante e do Refugiado, organizada pela Obra Portuguesa Católica de Migrações, sendo, por isso, muito participada por migrantes.
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