06 de outubro, 2025

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Comunidade Surda viveu experiência singular no Santuário de Fátima

Peregrinação, que reuniu cerca de duas centenas de peregrinos surdos na Cova da Iria, teve momentos únicos de participação inclusiva.

 

Cerca de duas centenas de peregrinos participaram na Peregrinação da Comunidade Surda ao Santuário de Fátima, este domingo, 5 de outubro.

O programa da peregrinação incluiu a visita a diversos espaços exteriores do Santuário e uma visita guiada à exposição temporária "servir, a única pregação", com interpretação em Língua gestual portuguesa (LGP). Ainda de manhã, os peregrinos estiveram reunidos numa celebração penitencial.

Na missa da peregrinação, celebrada na Basílica da Santíssima Trindade, a segunda leitura foi proclamada exclusivamente em LGP. O coro "Mãos que Cantam", composto exclusivamente por pessoas surdas, animou dois momentos da celebração: a preparação do altar, interpretando o hino do Jubileu sem acompanhamento de solista nem organista, e o momento de pós-comunhão, com interpretação em LGP do cântico de forma síncrona com a solista e o organista.

Cláudia Dias, que integrou o coro, veio de Lisboa para participar pela primeira vez nesta peregrinação. Costuma vir à Cova da Iria com a família, mas esta participação adivinhava-se especial, sobretudo pelo contributo que vinha dar, antecipava, no arranque do dia.

“É importante podermos cantar na missa, para estarmos todos em comunhão. É essencial que as pessoas surdas também tenham direito de acessibilidade e estamos aqui também para cantar para eles, na nossa língua”, afirma, ao destacar o papel de “extrema importância” que o Santuário de Fátima tem assumido ao nível nacional na inclusão dos surdos nas celebrações católicas.

“Aqui, temos acessibilidade, temos intérpretes de Língua gestual portuguesa. Isso devia acontecer em Portugal inteiro. Todas as igrejas em Portugal deviam ver o exemplo de Fátima e segui-lo”, defende Cláudia, enquanto espera junto à Cruz Alta pela chegada de todos os peregrinos.

Ao lado está o grupo do “Projeto Diana”, de Santa Cruz da Lagoa, nos Açores, que já participa nesta peregrinação há seis edições. Este ano, vieram 21 pessoas, já a contar com a intérprete de língua gestual, Cátia Melo, que agiliza a interpretação da conversa com a Diana Freitas, que deu o impulso para a criação do grupo naquela paróquia.

“Criei este projeto porque precisava de interpretação na igreja da Lagoa. Lutei muito por isso e finalmente consegui. Criamos o “Projeto Diana” para termos interpretação nas missas e isso estimulou a restante comunidade a querer, depois, participar nesta peregrinação anual dos surdos a Fátima”, começa por contar. No início de mais uma participação, não hesita em apresentar as razões que a fazem regressar a Fátima.

“Sinto que todos os anos este encontro me dá algo novo e diferente. Toca-me a história de Fátima, das aparições e dos três Pastorinhos. Depois, o Santuário de Fátima acaba por ter aquilo pelo qual lutei na minha paróquia, para que a Igreja fosse mais inclusiva. Se não existirem estes lugares e momentos de encontro, a comunidade surda distancia-se”, alerta a jovem.

 

A crescer, de ano para ano

Com Diana veio Maria do Carmo Silva, que regressa a esta peregrinação pela quinta vez.

“Vim a primeira vez porque a Diana puxou por mim e lembro-me que foi muito emocionante. No ano passado, levei o andor da Nossa Senhora pela primeira vez e, no fim, eu senti uma emoção tão grande que não controlei sequer as lágrimas. Pareceu que consegui olhar para mim e que os meus sofrimentos ficaram leves, limpos”, partilha, ao mesmo tempo, que deixa o desejo de que esta peregrinação não acabe.

“Gostava que cada vez viessem mais surdos e que a comunidade ficasse cada vez maior de ano para ano. Esta é uma oportunidade privilegiada de encontro com outras pessoas da comunidade surda em Portugal”, acrescenta.

No final de mais uma Peregrinação da Comunidade Surda a Fátima, André Pereira, diretor do Departamento de Acolhimento e Pastoral, faz um balanço “inteiramente positivo” e perspetivas para o futuro que vão ao encontro do desejo de Maria do Carmo.

“Vemos crescer, de ano para ano, a participação de irmãos nossos surdos, que encontram em Fátima, neste dia, a possibilidade de fazerem experiência do Santuário de uma forma singular, com um programa específico e os meios necessários para que a inclusão aconteça de forma plena”, constata o responsável, destacando deste dia as “possibilidades de encontro interpessoal e com Deus e de aprofundamento da mensagem evangélica através da mediação da mensagem de Fátima e das vidas dos Pastorinhos”.

“O nosso desejo é, naturalmente, o de que a palavra passe e chegue cada vez mais longe, suscitando em cada vez mais peregrinos surdos o desejo de tomar parte neste dia. Da parte do Santuário de Fátima, o propósito é o de continuar a proporcionar à comunidade surda essa experiência singular de encontro nas suas múltiplas dimensões”, garante André Pereira.

A Peregrinação da Comunidade Surda a Fátima é organizada com a colaboração da equipa de intérpretes de LGP do Santuário de Fátima.



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