09 de setembro, 2025

antonio-bagao-felix-encontros-na-basilica-iv-7-setembro-2025.jpg

Para uma procura do bem comum nas sociedades de hoje

Entre os Apóstolos e os dias de hoje, a procura do bem comum foi central na palestra proferida por António Bagão Félix, no dia 7 de setembro, em Encontros na Basílica IV.


A partir de um título inspirado nos Apóstolos, “‘Entre eles tudo era comum’: bem comum, justiça social e opção pelos pobres”, António Bagão Félix, economista, partilhou linhas de pensamento para encontrar o bem comum e a esperança nas sociedades atuais. Na palestra, proferida neste último domingo na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, apontou realidades desafiantes e desagregadoras, e desafiou as consciências a pensar sobre o bem comum.

Com um olhar estruturado pela experiência de professor universitário, ministro e secretário de Estado de vários governos, nas áreas das Finanças, Segurança Social e Trabalho, António Bagão Félix afirmou que há bem comum na mesma medida em que, em tese, todos possam participar e usufruir desse bem.

“O conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição”, da Constituição Pastoral Gaudium et Spes, Alegria e Esperança, do Concílio Vaticano II (Cap. III, 26), foi a citação que António Bagão Félix descreveu como a melhor definição de bem comum que conhece, e sobre a qual escolheu alicerçar a sua intervenção.

A partir dessa definição, sublinhou que interpreta a palavra perfeição como tendo as dimensões material, cultural, moral e espiritual. Nessa base de procura do bem comum, António Bagão Félix destacou  valores que considera centrais e inquestionáveis, como a defesa da vida humana e a defesa da paz.

A par do direito positivo, jurídico e normativo de direitos e deveres, é a medida da dimensão espiritual de cada pessoa que define, antes de tudo o mais, o que é a procura do bem comum, clarificou.

A partir da Doutrina Social da Igreja e de um olhar atento sobre a sociedade, perspetivou, nos dias de hoje, antinomias como economia versus solidariedade, produção versus distribuição, crescimento versus desenvolvimento, só aparentemente não conciliáveis. Constatou “dualismo e maniqueísmo acentuados”, “sociedade bipolarizada”, dividida “entre vencedores e perdedores”, “pobres e ricos”, “novos e velhos”, “litoral e interior”, “cidades e aldeias”, realidades e contextos “que fazem parecer impossíveis os equilíbrios e os entendimentos”. Denunciou “o utilitarismo como a ética da conveniência e o egoísmo como ética entre gerações”, esta última com grandes reflexos na solidão, em Portugal com particular gravidade para um progressivo isolamento dos mais velhos. Para demonstrar a realidade social assinalou que “entre os Censos 2001 e os Censos 2021, os indivíduos que vivem sós, em Portugal, passaram de 253 mil para 1 milhão e 27 mil”. Um tecido social em que, além da escassez de bens materiais, há escassez de bens relacionais, no sentido de uma erosão muito acentuada da solidariedade familiar e entre gerações, notou.

Como resposta e contraponto a estas paisagens de desagregação social, António Bagão Félix considera essencial a defesa da família enquanto expressão base da organização social, o desenvolvimento de instituições de proximidade que possam garantir, apoiar, facilitar e fomentar a solidariedade, a entreajuda, e a reaproximação, para um verdadeiro combate ao isolamento social e à solidão. Além da família, no tecido social, defendeu uma simples “ética da reciprocidade”, em que “cada um trate os outros como gostaria de ser tratado”.

Lembrou São João Paulo II, que “falava em construir uma solidariedade de mentes, de mãos, e de corações, assim capacitada para vencer as diferenças e as divisões” e Santa Teresa d'Ávila, que dizia “procura-me em ti e procura-te em mim”, num mundo em que “como dizia o Papa Bento XVI, a globalização tornou-nos mais próximos, mas não nos fez mais irmãos”.

A música, expressão artística que não vive sem colaboração e que alimenta a vida cultural e espiritual, e que consistiu na interpretação de obras dos compositores Carl Philipp Emanuel Bach e Diamantino Faustino, pela Camerata Oureana, sob a direção do maestro Alberto Roque, proporcionou ao público reunido na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima a partilha de uma experiência musical e espiritual comum, na segunda parte de Encontros na Basílica IV.

camerata-oureana-encontros-na-basilica-iv.jpg

PDF

HORÁRIOS

10 set 2025

Missa, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

  • 07h30
Missa

Rosário, na Capelinha das Aparições

  • 12h00
Terço
Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização. O seu navegador de Internet está desatualizado. Para otimizar a sua experiência, por favor, atualize o navegador.