03 de novembro, 2025

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Seminaristas vivem experiência única no Santuário de Fátima

Na semana de oração pelos seminários diocesanos, que decorre de 2 a 9 de novembro, retomamos o testemunho dos seminaristas que, no verão passado, integraram o programa de inserção pastoral promovido pelo Santuário.

 

Nos meses de julho e agosto, é usual vê-los percorrerem os espaços do Santuário de Fátima oferecendo acolhimento. São seminaristas maiores a quem é proporcionado um programa de inserção pastoral que contempla, entre outras atividades, acolher peregrinos e visitantes. Esse verbo central da missão do Santuário cola-se-lhes à pele durante o período de permanência em Fátima e proporciona-lhes as experiências mais interessantes e enriquecedoras do programa.

O contacto com os peregrinos foi para muitos destes seminaristas uma razão maior para se inscreverem.

Joel Loureiro explica que tomar contacto com a realidade concreta de cada pessoa é muito importante na preparação para a vida sacerdotal: “É aquilo para onde caminhamos”, refere, com a consciência de que “saber escutar e saber acolher” é o que lhes vai ser pedido quando forem sacerdotes e párocos. O seminarista conta que é sobretudo na Capelinha das Aparições que estabelece mais diálogos. Através dessa interação com os peregrinos percebe o que os traz a Fátima e até a dificuldade com que muitos vêm.

Mariano Songomba corrobora o testemunho de Joel Loureiro: “Foi o contacto com a devoção popular que me motivou a fazer a inscrição”, diz. Há muito que ouvia falar de Fátima, mas “uma coisa é ouvir, outra é estar ali e sentir o cheiro das ovelhas, como dizia o Papa Francisco”.

Essa componente do programa tem sido “muito cativante e muito importante” para Mariano Songomba.

Outro aspeto que o tem surpreendido é a fé das gerações mais novas: “O modo como os jovens manifestam a sua fé aqui é diferente. Aqui veem-se muitos jovens que não têm medo de manifestar a sua fé e fazem as promessas de joelhos”.

Ao mesmo tempo, estes seminaristas reconhecem que o testemunho de fé dos peregrinos aumenta a sua própria devoção. Mariano destaca este ponto, assumindo que a devoção popular o ajuda a combater “a tibieza espiritual” e o faz pensar: “o peregrino reza o terço e eu, que sou seminarista, por vezes, sou preguiçoso para rezar”.

Para a inscrição no programa, Sebastião dos Anjos teve como primeira motivação o objetivo de servir. Outro aspeto que aponta é a oportunidade de ver na realidade o que aprende nas aulas, “conhecer o leigo a partir das suas limitações e, sobretudo, a partir da sua manifestação de fé”. “O Evangelho é também testemunho; aquilo que vemos aqui é prova concreta de um testemunho do Evangelho”.

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“O mundo reúne-se aqui”

Oriundos de seminários maiores em Portugal e no estrangeiro, os jovens trazem na bagagem vivências muito diferentes. Fátima não é um lugar desconhecido, mas alguns dizem-se impressionados pela multiculturalidade com que se deparam: “Este Santuário é o altar do mundo, o mundo reúne-se aqui, manifesta a sua fé aqui, independentemente da língua que fala”, comenta Sebastião dos Anjos.

A presença de peregrinos com proveniências tão diferentes acaba por lhes abrir novos horizontes. É isso que sente António Nunes, um dos seminaristas naturais de Timor-Leste: “Não conhecia pessoas da China, do Vietname, da Tailândia e até da América e agora conheço”, diz. Aponta a participação no programa como uma excelente oportunidade para aprofundar o inglês, o espanhol e até mesmo o português.

Afirmam que, mesmo quando os peregrinos se lhes dirigem numa língua que não conhecem, o incrível é que se entendem todos, conseguem perceber o que a pessoa quer transmitir e dar resposta.

Menos compreensível é a dificuldade de alguns peregrinos em acatarem as regras de circulação e permanência nos espaços do Santuário e a forma agressiva como reagem às chamadas de atenção. Os seminaristas encaram-no como um teste à paciência e defendem que o bom humor é o melhor aliado nessas circunstâncias.

Sobre o que designam de “grau zero do conhecimento” sobre a história e a mensagem de Fátima, observável em muitos visitantes, os seminaristas procuram colmatar como podem esse desconhecimento facultando a informação de que dispõem. Porém, casos há em que as explicações se revelam insuficientes e incapazes de evitar a desolação no rosto dos interlocutores. Os que vêm à procura do túmulo da Fátima ou da imagem de Nossa Senhora e dos Três Pastorinhos que viram num filme — dois exemplos apontados pelos seminaristas — sairão sempre frustrados.

“O Santuário merecia um óscar”

O apoio litúrgico-celebrativo, com acompanhamento por parte de capelães do Santuário de Fátima, é outra das áreas fulcrais deste programa de inserção pastoral. A par do acolhimento aos peregrinos, as funções de acolitar, de orientar a oração do terço e de distribuir a comunhão também os preenchem. Para Augusto Calei, o apoio à comunhão tem sido determinante. “Antes, não me achava digno ou preparado para levar Cristo aos outros; tem sido muito boa e significativa a experiência de distribuir a comunhão”, reconheceu.

Os seminaristas também descrevem como muito proveitosa a experiência de verem como se organiza e gere um santuário. Acreditam que, de Fátima, levam ideias que podem, mais tarde, vir a implementar nas suas paróquias: “O modo como o Santuário é gerido é muito estimulante para nós que seremos agentes pastorais”, comenta Sebastião dos Anjos. O jovem elogia o trabalho dos sacristães e destaca, em particular, as alfaias “sempre todas bem organizadas”. Menciona ainda a questão da limpeza, exemplar mesmo depois das celebrações.

“Para mim o Santuário merecia um óscar”, comenta Mariano Songomba e explica: “um óscar no sentido de ter tudo tão bem organizado, tanto na limpeza como na Liturgia”. O seminarista acrescenta que “o cuidado do espaço em si é todo muito harmonioso e os sacristães sabem bem o que estão a fazer”. Conta que nas paróquias nem sempre assim é; “o padre pede para trazer o missal e não se sabe onde está: ‘vê em cima’, não está, ‘vê em baixo’, também não”, conta Mariano em jeito de brincadeira.

São muitas as experiências e as memórias positivas que estes jovens levam de Fátima. Na partida, levam o desejo de voltar e alguns são já repetentes no programa. O acolhimento aos peregrinos e o apoio às celebrações foram determinantes para se inscreverem, mas ficou por referir um outro fator que mobiliza uma parte destes jovens e que os faz querer regressar: estar perto de Nossa Senhora.

Caliano Cesário assume que foi esse o motivo por que veio. Descreve como “uma experiência única” presenciar como as pessoas prestam culto a Nossa Senhora e como a veneram, o que o impele a fazer o mesmo.

Também António Nunes viu no contacto com Nossa Senhora a motivação para se inscrever no programa: “é mãe da nossa vocação, é mãe da nossa fé”.

“É uma oportunidade que não se podia perder”, admite Joel Loureiro, seminarista em Viseu a frequentar o programa pela terceira vez. “Considero-me muito querido por Nossa Senhora; só o estar aqui neste sítio traz-me felicidade”.

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