19 de outubro, 2025

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Lúcia de Jesus: uma vida dedicada à Igreja e ao mundo

O XIII Congresso de Espiritualidade, organizado pelos Institutos de Inspiração Carmelita e Teresiana, contou com as intervenções do reitor do Santuário de Fátima e do diretor do Departamento de Estudos, entre outros investigadores e especialistas.

 

A vida e o itinerário espiritual da Irmã Lúcia, com destaque para a sua profunda consciência eclesial e para o seu papel dentro da Igreja, foi objeto da intervenção do reitor do santuário de Fátima, no XIII Congresso de Espiritualidade organizado pelos Institutos de Inspiração Carmelita e Teresiana, na Domus Carmeli, em Fátima, entre os dias 17 e 19 de outubro.

“A Irmã Lúcia, peregrina e testemunha da Luz, está no coração da Igreja do século XX e XXI e tem consciência do seu lugar e da sua missão no coração da Igreja”, começou por referir o padre Carlos Cabecinhas, no encontro que teve como tema “Lúcia de Jesus, peregrina e testemunha”.

Ao destacar as imagens de Igreja mais frequentes nos escritos da Irmã Lúcia ─ a Igreja “Corpo de Cristo” e a Igreja experimentada como Mãe ─ o reitor do Santuário sublinhou que, para a religiosa, a Igreja foi simultaneamente lar onde habitou e lugar da missão.

“Para Lúcia, a Igreja não é apenas a hierarquia ─ o Papa, os Bispos e os sacerdotes ─ mas, como Corpo de Cristo, é constituída por todos os batizados”, enfatizou.

Foi na segunda aparição, em junho de 1917, que Lúcia soube estar-lhe reservado algo de especial. “A missão foi-lhe confiada por Deus: ao contrário dos seus primos Francisco e Jacinta, Lúcia fica na terra ‘mais algum tempo’, porque Jesus quer servir-se dela para fazer conhecer e amar a Virgem Maria”, lembrou o padre Carlos Cabecinhas que pôs em evidência o incansável cumprimento, por parte de Lúcia, de procurar por todos os meios ao seu alcance divulgar os pedidos do Céu.

Mesmo consciente de que a interpretação da mensagem de Fátima não lhe competia, mas sim à Igreja, Lúcia nunca deixou de colaborar com humildade, obedecendo aos seus superiores e aos Papas. Assim escreveu no livro “Apelos da Mensagem de Fátima”, citado pelo reitor do Santuário de Fátima: “A interpretação do sentido da mensagem deixo-a inteiramente livre à Santa Igreja, porque é a ela que pertence e compete; por isso, humildemente e de boa vontade me submeto a tudo a tudo o que ela disser e quiser corrigir, emendar ou declarar”.

Ao longo da vida, a obediência foi uma marca indelével da espiritualidade da Irmã Lúcia. Nunca escreveu por iniciativa própria, mas por ordem das autoridades eclesiais. Foi por obediência que redigiu as suas Memórias, o livro “Apelos” e a terceira parte do Segredo de Fátima, não sem uma intensa luta interior.

Lúcia viveu períodos de silêncio imposto, restrições e incompreensões dentro da própria Igreja. Sofreu com as tensões internas do pós-Concílio Vaticano II e com a desunião entre irmãos na fé. Mas em tudo permaneceu fiel, orando incessantemente “pela paz da Igreja”, “pelo Papa”, “pelos sacerdotes” e “pela unidade dos cristãos”, lembrou o padre Carlos Cabecinhas.

Sem deixar de referir a profunda união de Lúcia aos Papas e a solicitude por toda a Igreja, o reitor do Santuário de Fátima concluiu frisando que “Lúcia assumiu como missão ser luz para a Igreja: oferecer-se a Deus para se entregar pela Igreja e pelo mundo”.

Ao sofrer pela Igreja, ao interceder e ao oferecer-se por ela, a religiosa não apenas difundiu a mensagem de Fátima, mas transformou-se ela própria numa luz para a Igreja, como referem os autores François-Marie Léthel e Ângela Coelho, citados pelo reitor do Santuário.

“Nas vicissitudes da sua longa vida, viveu no coração da Igreja e foi-se deixando trabalhar pela graça de Deus, a ponto de se ter tornado uma verdadeira apóstola para a Igreja da mensagem que o Céu lhe confiou; uma apóstola que soube encarnar essa mensagem de unidade”, concluiu o padre Carlos Cabecinhas.

Lúcia na mira dos media

Com o tema “Lúcia de Jesus, da aldeia ao claustro e do claustro ao mundo: leituras mediáticas sobre uma carmelita em tempo de globalização”, a intervenção do diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima incidiu sobre a representação mediática da vidente, durante a sua longa vida, mas também após a morte.

Marco Daniel Duarte salientou como Lúcia de Jesus, apesar da vida no convento, atraiu continuamente a atenção dos meios de comunicação social e daqueles que com ela queriam confirmar ou infirmar aspetos de Fátima.

A par desta análise, o diretor do Departamento de Estudos trouxe à colação as instrumentalizações que ao longo do tempo a figura de Lúcia sofreu, sobretudo as que fazem desta figura histórica uma bandeira para defesa de interpretações extravagantes da mensagem de Fátima e da prática da Igreja atual.

Passando pela documentação de 1917 até à que testemunha a ação de Lúcia ao longo da sua vida, Marco Daniel Duarte destacou a contínua relevância pública da vidente de Fátima.

Do programa deste XIII Congresso de Espiritualidade constaram ainda as intervenções “Interpelações de Lúcia de Jesus à família carmelita e teresiana”, pelo padre Miguel Marquez, superior geral da Ordem dos Carmelitas Descalços; “A novidade espiritual da Ir. Lúcia dentro da tradição carmelita”, pelos padres Joaquim Teixeira e Renato Pereira; “Lúcia escritora numa família carismática de escritores”, pelo investigador José Rui Teixeira, e “A força de um ‘sim’”, pela irmã Ângela Coelho, religiosa da Aliança de Santa Maria.

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